Lina DC 10/05/2017A história é narrada em terceira pessoa e se passa em menos de uma semana. Lumikki está hospedada em um albergue em Praga, três meses depois dos acontecimentos do primeiro livro. Para Lumikki, estar longe de tudo é ótimo, pois ela está acostumada com a solidão. Durante uma de suas saídas pela cidade, uma jovem de 25 anos chamada Zelenka a aborda dizendo que é sua meia-irmã.
Inicialmente, Lumikki se mostra incrédula sobre essa afirmação. Afinal, seus pais nunca comentaram nada sobre o assunto. Mas alguns detalhes vão se assemelhando a algumas lembranças distantes da protagonistas: como um sonho onde ela estava com uma garotinha mais velha, ou a viagem do pai à Praga alguns anos antes.
Quem leu o primeiro livro, sabe que a protagonista tem um comportamento peculiar. Ela gosta de se manter distante e não gosta que estranhos a toquem. Parte desse comportamento se deve ao bullying que sofreu e a deixou marcada emocionalmente. Mas junto com isso veio também o ceticismo e a dificuldade de confiar nas pessoas. Mas a oportunidade de ter uma irmã é algo valioso para Lumikki, então ela concorda se encontrar com Zelenka em lugares públicos para conversarem sobre suas vidas.
"Além disso, em sua vida, Lumikki ouvira tantas mentiras que pareciam ser verdades que ela se tornara naturalmente cética. Ela aprendera que todo mundo podia uma vez dar um belo sorriso e jurar amizade, mas, a qualquer momento, cuspir em sua cara." (p.51)
Em paralelo temos a história de Jiri Hasek, um jornalista investigativo de televisão de 25 anos de idade. Jiri é ambicioso e determinado a fazer seu nome e carreira. No momento, ele está atrás de uma matéria que poderá dar a ele esse destaque. Ele está correndo atrás de testemunhas de um culto, chamado Família Branca. Culto que Jiri acredita estar planejando algo grandioso.
Temos uma terceira visão nessa obra, que é de um narrador misterioso. É um personagem que vai puxando as cordas pelos bastidores e movendo as pessoas como se fossem peças de xadrez, onde o risco é mortal.
"Era uma vez uma menina com um segredo. Era uma vez duas meninas que tinham segredos, que elas não contavam uma a outra. Eles eram da mesma família de segredos." (p.127)
O enredo tem uma pegada de suspense/ mistério bem interessante, mas senti que faltou um pouco de desenvolvimento nesse quesito. Lumikki mais parece um agente de uma agência governamental do que uma adolescente, pois consegue observar detalhes e escapar da morte inúmeras vezes sozinha. A forma como ela acaba se tornando foco dos vilões (pela segunda vez) é um pouco inacreditável.
Nesse segundo livro foi abordado o lado emocional de Lumikki e o leitor fica sabendo de um relacionamento do passado que é inesquecível para ela. Apesar de ficar feliz em observar um lado mais humano da protagonista, acredito que foi dado um foco maior nisso do que no próprio suspense da trama.
"Saudade era um sentimento com o qual era difícil viver em paz. Ela não pedia permissão. Não se importava com a hora nem com o lugar. Era desmedida e exigente, gananciosa e egoísta." (p. 59)
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho. Encontrei apenas um errinho de digitação na página 59, mas nada que interferisse na compreensão do texto.
"Ela hesitou a cada palavra. Como se pronunciá-las lhe fosse repugnante ou lhe causasse dor. Brasas quentes em sua boca." (p. 45)
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