Helena.Merces 19/06/2022
"Você se senta para jantar, e a vida que conhecia termina."
Bem, esse livros foi uma grata surpresa, recebi a indicação, comecei a ler mas não esperava gostar tanto! Aqui Joan Didion escreve sobre a dor de perder o marido e sobre como é lidar com isso.
O livro é muito triste, mostra claramente como é a morte pra quem fica do lado de cá, de quem tá vivo e perde alguém que ama e quão doloroso é.
É como ela diz várias vezes: um dia estava tava tudo bem e a morte aconteceu sem esperar, e agora é preciso aprender a viver sem aquela pessoa.
Ela fala como é viver o luto: é se sentir invisível, vivendo de lembranças, aprender a viver outra vida, louca, culpada, como se pudesse mudar alguma coisa, culpada por seguir em frente, não conseguir seguir em frente....
É notório o jeito que ela mostra como a morte do marido foi algo totalmente inesperado e que mudou a visão que ela tinha de luto, ela só conheceu o luto quando realmente viveu isso.
Além de passar pela dor do luto, ela ainda precisou lidar com a filha muito doente e passando por meses de internação e quão doloroso/difícil foi passar por isso sem o marido pra ser o seu alicerce.
E ver como com o tempo a dor não muda e a saudade continua, no finzinho do livro é interessante ela dizendo que tinha medo do tempo passar por ter medo de esquecer lembranças com ele e acontecimentos dos últimos dias antes dele morrer, como se quisesse guardar os últimos e mínimos detalhes.
Enfim, é muito doloroso mas também é muito bonito, embora narre momentos tristes e dolorosos de sua vida ela consegue fazer com que a dor dela se torne poética.
"Somos seres mortais imperfeitos, conscientes dessa mortalidade mesmo quando a negamos, traídos por nossa própria complexidade, tão incorporada que quando choramos a perda de seres amados também estamos chorando, para o bem ou para o mal, por nós mesmos. Pela perda daquilo que éramos. Do que não somos mais. Do que um dia não seremos de todo."
"Uma única pessoa está ausente, mas o mundo inteiro parece vazio?