Lethycia Dias 16/03/2019AngustianteSéculos atrás, padres jesuítas partiram em missão para catequizar o Japão. Foram bem recebidos, e por algum tempo, tiveram lá suas igrejas e seminários, chegando a converter uma população de 300 mil pessoas. Mas isso começou a desagradar autoridades e líderes feudais japoneses. O cristianismo foi então proibido, e os cristãos japoneses e estrangeiros passaram a ser caçados, torturados e mortos, e o Japão fechou seus portos para navios portugueses.
"Silêncio" nos leva ao Japão do século XVII, quando o cristianismo está proibido, mas ainda é praticado às escondidas por japoneses cristãos que esperam pela volta dos padres. O padre Rodrigues, que é o protagonista, e o padre Garpe partem em missão, entrando clandestinamente no Japão para tentar restaurar a igreja católica no país. Ali, se deparam com uma enorme miséria e com a violência e crueldade dos poderosos.
As autoridades japonesas não querem torturar padres, pois isso os tornaria mártires. Eles então torturam os fiéis, para obrigar os padres a apostatarem, isto é, renunciar à sua fé. Sebastião Rodrigues é submetido a isso, e colocado num confronto direto com sua fé. Como ele poderia negar o seu amor por Cristo? Mas também como poderia deixar que pessoas inocentes sofressem em seu lugar?
O título "Silêncio" traduz o aspecto mais dramático dessa história sem esperança, pois enquanto pessoas sofrem por sua fé, Deus não se manifesta. Deus guarda silêncio. Não parece fazer nada por seus filhos.
Outros aspectos importantes aqui são os paralelos estabelecidos entre o padre Rodrigues e Jesus, e entre o personagem Kichijiro e Judas. Exposto ao sofrimento, Rodrigues não sabe ser forte como Jesus. E, tendo sido denunciado por Kichijiro, não consegue compreender como Cristo pôde manter Judas por perto na noite da última ceia, sabendo que seria traído.
"Silêncio" é uma história sem esperança. Uma história de miséria e crueldade. E é emocionalmente destruidor.
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