O Complexo De Portnoy

O Complexo De Portnoy Philip Roth




Resenhas - O Complexo de Portnoy


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danield_moura 14/10/2013

Nunca rí tanto na minha vida lendo um livro. Recomendadíssimo!!
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Tizo 22/09/2013

Complexos atemporais
O livro tem como tema a relação conflituosa de Alex Portnoy para com à família e meio social em que vivia. Trata-se de um longo relato do personagem central ao seu psicólogo durante uma consulta, onde descobrimos os pormenores de sua existência até então. Apesar de ser uma obra escrita por Philip Roth em 1969, permanece atual e eu diria mais, atemporal, uma vez que reflete o sentimento de inconformidade do indivíduo para com o meio que o cerca.

Apesar do estereótipo da "mãe judia", aqui em tom caricatural, percebemos que Alex tem para com essa mãe ao mesmo tempo uma relação de amor e ódio e mesmo condenando os costumes judaicos, percebe que eles estão arraigados a sua alma de forma indissociável. De certa forma ele usa o sexo como uma forma de fugir desse conflito, inicialmente através da masturbação e depois por intermédio de casos sexuais com as "shikses", uma forma também de desvirtuar a "américa"opressora e preconceituosa.

Impossível não deixar de comentar a semelhança do texto com os filmes do consagrado ator e diretor Wood Alle, principalmente no que se refere a erotização e neurose dos personagens centrais.
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Ju Ribeiro 11/09/2013

As desventuras sexuais e amorosas de um homem neurótico
contém spoiler
No geral, posso dizer que esperava mais do livro por ser de autoria de Philip Roth.
No livro, o personagem principal, um americano com descendência judaica de 33 anos, conta a um psicanalista, o doutor Spielvogel, suas aventuras amorosas frustadas, obsessões e perversões sexuais, além de seus terríveis "traumas de infância", gerados por uma mãe controladora, superprotetora e adepta às famosas chantagens emocionais. A isso, soma-se um pai sem autoridade e nem maiores expectativas quanto a vida profissional, que é constantemente explorado por seu empregador e vítima passiva do sistema aos olhos de Portnoy.
Tudo isso, aliado à moral judaica imposta pela família, leva Portnoy a grandiosos e terríveis conflitos internos; um homem bem sucedido profissionalmente que vive um dilema por não conseguir seguir os preceitos de sua religião, nem se envolver de forma madura com uma mulher a ponto de estabelecer laço.
A mulher aparace sempre, na vida de Portnoy, como aquela que para ser desejada deve ser também "suja", indigna de amor e inferior. Uma perfeita 'shikse', objeto de toda repulsa por parte de sua manipuladora mãe.
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Raquel 07/08/2013

No livro Alexander Portnoy filho de judeus narra sua história à um psicanalista. Expõe toda sua problemática em lidar com o fascínio de uma mãe sedutora e castradora e um pai sentido por ele como um fracassado.
Alex encontra na sexualidade uma maneira de expressar seus instintos primitivos e agressivos. Desde cedo ele quis fugir aos padrões de sua família não acreditando em nada do que lhe era passado como importante.
Pode-se dizer que sua vida foi a certo ponto depravada. Um menino muito inteligente, 158 de QI e totalmente desajustado em questões amorosas.
Uma das características do personagem são seus impulsos sexuais excessivos. Aos chegar aos trinte e pouco anos começa a se questionar qual o motivo de não ter se casado, ter tido filhos etc, o que o faz procurar ajuda.
Olha, tem uma hora que não tem como não rir. As passagens cheias de sexo explícito tomam o livro até o final. Realmente um caso de complicado. Mas valeu a pena ler.
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andré 18/07/2013

Sexo, amor e outras drogas em O complexo de Portnoy
Divertido, original, pervertido, e atual! Esses são os adjetivos que melhor descrevem a obra-prima de Philip Roth, escrita cinco décadas atrás. Com uma combinação de humor negro e erotismo, Roth cria a textura complexa da vida de um judeu de meia idade em crise existencial. É impossível não rir e se chocar, e, por mais assustador que seja, se identificar com algumas situações que apresenta ao leitor.
Considerado o maior escritor americano vivo, Philip Roth (que já se aposentou como escritor, WTF?!) trabalha com a fragmentação do conceito de ser judeu. Seus personagens enfrentam uma série de conflitos entre a ortodoxia clássica do judaísmo e o mundo em que estão inseridos. (É importante dizer que mesmo não sendo judeu, esse conflito acaba falando a quase todas as pessoas do mundo de alguma forma. E, isso é fundamental!, são escritores americanos como o próprio Roth que mais influenciaram nossos autores contemporâneos, aqui no Brasil). E é justamente por esse caminho que O complexo de Portnoy (Cia das Letras, 2012) leva o leitor.
Quase que um romance de formação, a trama narra as desventuras do pequeno Alexander Portnoy, desde sua infância, até muito próximo do tempo presente, onde ele está narrando (isso mesmo, o próprio Alex é o narrador) para seu terapeuta esses fatos. (Esse é o diferencial da trama, ela é contada como se fosse o personagem se dirigindo em uma conversa diretamente à alguém, que, uma vez que o terapeuta só manifesta sua voz na última frase do livro, é diretamente ao leitor que ele fala).

Philip Roth
Tendo crescido entre o peso da marcação de uma mãe controladora e dramática, em oposição ao vazio de um pai sem atitude e não raramente omisso, Portnoy cresceu como que em um conflito existencial, onde os papeis de formação de sua personalidade estiveram trocados entre os pais: o pai era a mãe e a mãe o pai, como ele mesmo lamenta ao seu psicanalista. Sua mãe (Sophie Portnoy) por vezes, aos olhos do narrador, é uma psicopata crônica, capaz de ameaçar o filho de cinco anos durante o jantar com uma faca, pelo simples fato dele se recusar a comer. Enquanto o pai, um homenzarrão que jamais terá uma vitória pessoal na vida, chora como uma mocinha virgem ao som da voz irritada do filho. E entre o sentimento de estar sendo sufocado pela mãe e de frustração pela impotência do pai, Portnoy encontra desde cedo no sexo (ou na masturbação) a fuga, o escape, “o meio de manter sua sanidade”.
E deste ponto começam as perversões do narrador-anti-herói-protagonista. Que nos conta desde suas experiências bizarras com masturbação (que envolve fígados crus e maçãs violentadas), até suas extravagâncias com suas namoradas (a que mais aparece no romance atende pelo apelido carinhoso de Macaca).

Entretanto, mais que um romance sobre as agruras de um judeu em crise, o romance é uma leitura (da perspectiva judia, é claro) dos traumas e anseios do homem no Século XX (e do Século XXI também!). À luz de uma paródia sarcástica e bastante ácida da psicanálise, Roth refaz o Mal-estar na civilização num tom divertido e contundente, que vai arrebatar o leitor. Escrito em plena era da liberação sexual, a atemporalidade do livro é assustadora, provando que cinco décadas depois, muitos dos “tabus” sociais continuam em pleno vigor. E é uma obra que, antes de tudo, trata da fragilidade dos laços humanos, na busca entre realização e plenitude existencial.

site: Mais: http://ocorreiodasletras.blogspot.com.br/2013/07/sexo-amor-e-outras-drogas-em-o-complexo.html?spref=fb
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gdarosl 14/02/2013

As Reclamações de Portnoy
Ao abrir esse livro, sua personalidade fica presa no lado de fora das páginas, e você assume o papel do ouvinte e psicanalista O. Spielvogel, passivo em seu consultório, realizando uma consulta atemporal com o bem-sucedido, porém frustrado, advogado Alexander Portnoy. E assim tem início uma teia de relatos sobre um passado de mães rudes, pais dedicados e impotentes, famílias frustrantes e outros tantos motivos que costuram o véu de reclamações entaladas que cobre a vida protagonista.

O livro começa com um tiro no próprio pé – de espingarda de chumbo – por fatores idiomáticos: o nome original, Portnoy’s Complaint, usa o trocadilho inteligente da palavra Complaint, que é comumente associada ao termo “reclamação”, porém, também é utilizada para conotar enfermidades. Barreiras do idioma deixam essa brincadeira avulsa do título da obra, substituindo-o por “Complexo”, onde a dualidade da expressão não é tão explícita.

O resumo da trama cabe, de fato, em um único parágrafo. Mas tratando-se de Philip Roth, isso não é problema: a beleza desse livro está na minúcia dos detalhes. A voz de Portnoy – ora engraçada, ora hiperbólica – pinta um passado de preconceitos impostos pela família entre Judeus e “Góis” (não-judeus), traumas infantis por exposição à violência exagerada (porém teatral) dos pais, o erotismo descuidado, adolescência de revoltas, descobertas sexuais (vide masturbação e relações casuais) e o pavor do amor-compromisso. Quadros que, em sua raiz, levam o leitor a rir, imaginar, constranger-se e, por vezes, identificar-se.

Embora a narrativa, ou melhor, diálogo de 259 páginas, contenha torrentes violentas de emoções, há uma intriga que paira sobre O Complexo de Portnoy: deve o livro ser classificado como literatura de consumo, ou retrato da época? De modo desbocado, Philip Roth fala de questões sociais à flor da pele nos anos 60, como a liberdade sexual, questionamentos religiosos (por ira, reflexão ou revolta) e a quebra da ideia tradicional da vida monogâmica. Junto a fatores do século XX, há a presença bem elaborada de elementos clássicos, como os conflitos familiares, dilemas existenciais e a dúvida entre o desejo carnal e o romântico.

Tratando-se de desejo, um dos traços mais marcantes do autor, presente não apenas nessa obra, mas em boa parte de seu trabalho, é a abordagem icônica do Desejo. Roth tem a visão ciente e amadurecida para retratar o paradoxo da satisfação visceral, que sempre é engolida pela onda de vazio e descontentamento. O resultado dessa visão é uma esquematização realista (ou pelo menos, plausível) do ciclo entre frustração e sublimação da existência humana.

Nota-se, de modo especial, a forma que Portnoy se expressa. Repleto de jargões, referenciações da época (que exigem um glossário breve, porém imprescindível para a apreciação do livro), as lamentações do protagonista tem plausibilidade devido ao estilo desbocado e informal de expressar agonias, até então presas no fundo da alma de um personagem fictício, porém não menos real.

O Complexo de Portnoy, uma leitura simples, e que consagrou Philip Roth como um dos maiores romancistas do Século XX, é recomendado a todos que buscam um livro onde o vulgar e o culto misturam-se de forma cômica, dramática, e acima de tudo, humana.

- G.
Guilherme 22/08/2017minha estante
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Dario Nero 06/12/2012

Verborragia enfadonha.
Para aqueles que amam Philip Roth, parem por aqui. A narrativa é chata, enfadonha, uma verborragia desnecessária de um personagem irritante. Talvez, o defeito não seja do livro. É bem possível que não o seja... porém o personagem principal, que narra em primeira pessoa, é chato demaaaais. Dom Casmurro e Brás Cubas são exemplos de personagens anti-heroicos, contudo nunca se tornam tão aborrecidos quanto Portnoy. Mais ainda; o personagem-título é uma pessoa patética, digna de pena, típica figura freudiana: narcísica e infantil. Foi mal, Roth... ninguém faz um personagem-mala tão legal quanto Machado de Assis.
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DIRCE 11/11/2012

Bem está o que bem termina
Positivamente o vírus da curiosidade faz morada nesta pobre mortal. Bastou minha miga tecer um comentário sobre o livro Complexo de Portnoy e eu “corri” para um sebo para adquirir o livro.
No início da leitura, achei hilário e me questionei o porquê que produtores de teatro não tiveram a ideia ( se é que não tiveram ) de encenar o monólogo de Alex – cheguei a considerar que seria um sucesso de bilheteria.
Apesar de Alex despejar todo seu sarcasmo sobre a Sophie Portnoy ( sua mãe) , sobre seu pai ( não me me lembro mais o nome dele) e sobre a tradição judaica, não pude deixar de, em algumas narrativas, pensar rindo: olha eu aí. Olha aí a Sophie ( variante de Sofia, não é? Que significa sabedoria...Não deve ter sido por acaso a escolha desse nome) da Rua X nº y. Olha aí a Sophie da Rua B nº c. Olha aí as Sophie que fazem jus a máxima: mães são todas iguais só mudam de endereço.
Mas, quando chego por volta da página 100, não pude deixar de notar que tudo se resumia em relatos da obsessão sexual, em relatos carregados de ódio contra tudo o que é inerente ao povo judeu, a família e a religião, não consegui ver mais graça em nada. Prossegui a leitura entediada e ansiando pelo final do livro. Porém, no finalzinho, bem no finalzinho do livro, me reconciliei com Alex Portnoy, pois ele fala sobre a impunidade, e terminou seu monólogo como começou : arrancando risos.
E falando em teatro...Bem está o que bem termina : 3 estrelas – apesar dos pesares, não deixa de ser um bom livro.
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Peterson Boll 04/10/2012

Portnoy é um dos personagens mais neuróticos que já li. Ele é praticamente contra tudo e contra todos, oprimido pelo alto conceito da 'família judaica' e o milenar peso da tradição. Portnoy busca no sexo o alívio para o seu niilismo, mas o que consegue afinal e um ainda maior desapego ao mundo, A sequencia que se passa em Israel é memorável.
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Mel 17/03/2012

Complexo de Portnoy é um livro que traça o perfil psicológico de um judeu de 33 anos, sendo ele próprio a contar sua história em todos os pormenores, desde que era criança.
Sendo reprimido por sua religião e seus pais, Alexander Portnoy cresce com uma verdadeira obsessão pelas garotas shikses (que não são judias), desenvolvendo comportamentos patológicos acerca delas e de sua sexualidade.
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Seane Melo 25/01/2012

Tal qual Portnoy
“Pega. Não sei se é o que tu espera, mas taí...”. Foram com essas palavras que meu amigo Arthur Santos me emprestou Complexo de Portnoy, o quarto livro de Philip Roth. O mesmo amigo me alertou sobre a data do livro, para que eu não esperasse encontrar em 1969, a Pornopopeia americana.

Na verdade, apesar de ser citado pelo próprio Reinaldo Moraes, Alexander Portnoy não tem muito do Zeca brasileiro. Pelo contrário, enquanto um se entrega sem avaliações morais ao hedonismo, Alex é tão atormentado pelos valores defendidos por sua peculiar família judaica, que parece exagerar na sua auto recriminação.

Alex me cativou, apesar da sua incessante reclamação e dos infindáveis anseios sexuais, por representar um pouco de todos os criados em famílias conservadoras e superprotetoras que, por vezes, apelavam para conseguir o que acreditavam ser o melhor para os filhos (até mesmo com uma faca!).

Sophie, mãe de Alex não me pareceu uma completa louca, na verdade, em suas atitudes lia um pouco das várias mães que conheço. O caminho do pequeno Alex para fugir às imposições familiares e não se tornar o bom menino judeu que tanto aspiravam, era se tornar, possivelmente, o maior punheteiro da literatura. Logo depois, já crescido, sua forma de descontar suas frustrações infantis era se refugiar nos braços e pernas de shikses, garotas não judias, para desafiar a família e desbravar a América dos góis.

Acho complicado e problemático determinar Complexo de Portnoy como um tratado sobre hipocrisia ou sobre qualquer outra coisa. Na verdade, você deveria conhecer esse judeu americano e se deixar mergulhar nas tantas questões que ele deixa para você. Seria ele um pervertido frio ou um homem atormentado pelos conflitos entre seus desejos e o que cresceu acreditando ser o certo? De 69 até hoje, o livro não desbotou em nada.
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Leonardo 24/12/2011

Divertidamente genial
Disponível em
http://catalisecritica.wordpress.com/


Meu primeiro contato com o cultuado autor de Pastoral Americana, único escritor americano vivo a ter a sua obra definitiva publicada pela Library of America. Perguntava-me eu: seria Philip Roth isso tudo?

É estranho, difícil mesmo, pensar que esse livro foi escrito em 1969. Quarenta e dois anos e o livro ainda parece bastante ousado. E a história de Alexander Portnoy, judeu bem sucedido profissionalmente que não consegue escapar da sua família, do ser judeu e que se ressente, principalmente, da educação repressora que recebeu. O reflexo disso? O onanismo, uma vida sexual totalmente desequilibrada, assim como são desequilibrados os seus relacionamentos afetivos.

Alexander Portnoy conversa com seu psicólogo. Todo o livro é uma longa conversa em primeira pessoa. E fica evidente que o objetivo do autor é que o livro seja todo devorado de uma só vez, em um só fôlego. O ritmo da história é perfeito, e a habilidade de Roth para contá-la como se realmente existisse um Alex Portnoy e ele estivesse abrindo seu coração é desconcertante de tão boa. Duas características são marcantes no texto: o linguajar pesado, de quem está mesmo diante de um psicólogo e não liga nem um pouco para o fato de haver ou não crianças na sala e o humor, o mais refinado senso de humor. Há bastante tempo não lia algo tão intrinsecamente divertido (no sentido de ser realmente engraçado) e bom ao mesmo tempo.

Enquanto se lamenta por não conseguir se desgarrar dos pais, mesmo já morando longe deles, e enquanto se odeia por se sentir culpado pelas atitudes que toma e que, via de regra, desagradam seus pais, como não casar, viajar sem avisá-los, não ligar com freqüência para eles etc., Alex Portnoy refaz o itinerário da sua vida tentando compreender onde reside a cura para seus problemas. Menino inteligentíssimo, um novo Einstein, como diziam dele seus familiares, sempre foi obcecado pela masturbação e quanto mais se martirizava pela culpa, mais se masturbava. Enquanto isso, a mãe e o pai, caricaturas judias, infernizavam sua vida, sempre podando, delimitando, freando, impedindo, fechando.

Há inúmeras passagens memoráveis, mas aponto abaixo apenas uma. Quem quiser mais, vá ao livro!

Eis que chega meu pai, após um dia agradável tentando vender apólices de seguro de vida a negros que nem têm certeza se estão mesmo vivos, eis que ele chega em casa e encontra uma mulher histérica e um filho metamorfoseado – porque o que foi que eu fiz, eu, a bondade em pessoa? Incrível, inacreditável, mas o fato é que dei um chute na canela de minha mãe, ou então a mordi. Não quero parecer que estou contando vantagem, mas realmente tenho a impressão de que fiz as duas coisas.



Ah! E Philip Roth subiu diversos degraus na minha lista de autores por conhecer. O próximo livro já está até comprado: Homem comum.
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Rick-a-book 14/08/2011

O melhor caso que nem Freud resolveria

1969. Quem diria que esta bíblia da mentalidade judaica, acrescida de uma potente dose de sexualidade, beirando a pornografia, poderia ter sido composta em fins dos anos 60. A verdade é que, o livro é tão atual e trata de temas tão cotidianos de uma forma tão vívida que passa a impressão de que foi escrito na noite de ontem.

Alexander Portnoy, o herói retratado, é um bem-sucedido advogado da cidade de Nova Yorque sentado o divã de seu analista, contando sua história. Todos seus temores, experiências dignas de serem relatadas e problemas ditos sem solução nos são expostos em duzentas e cinqüentas páginas do melhor e mais efetivo bom humor.

Portnoy vive numa eterna contradição consigo mesmo. Possui fortes impulsos étnicos – amor e orgulho judeu –, desejos sexuais extremos que surgem de maneira pervertida, mas que fazem com que ele desenvolva um forte sentimento de culpa. Seu caráter devasso faz dele uma peça sem utilidade num ambiente de repressão em alta escala – os estados unidos do auge da revolução social e sexual – um inválido numa terra de gente que precisa parecer sadia de corpo e alma.

A narração superfluida de Roth nos embala, nos comove e, principalmente, nos faz rir com o monólogo lamentoso e hilário do personagem principal, com suas desventuras em sua vida cheia de acontecimentos, encontros e experiências que ele mesmo falha em perceber que teve.

A obra fala de um advogado judeu americano dos anos 60. Muito bem. Porém, após a leitura desta obra olhe-se no espelho e veja em si mesmo, cobrindo seu rosto como uma máscara, a face de Portnoy. Afinal de contas, não somos assim tão diferentes.

Altamente recomendado.
Filipe 14/08/2011minha estante
Portnoy rules. Bela resenha!




Gustota 11/08/2011

Existe um pouco de Portnoy em cada um de nós.
Ahhh Portney... Passam anos e anos e sua narrativa ao divã continua extremamente atual. O complexo de Portney pode ser classificado como aqueles dramas "reclamando de barriga cheia" no maior estilo Apanhador no campo de centeio.
Contudo, a raiva de Portney está direcionada para os rígidos padrões familiares judaicos. A mãe que pergunta a consistência do cocô à porta do banheiro, o pai que vai ao restaurante chinês para ser tratado como branco, a irmã balofa e cabeça de vento com sutiãs enormes. E claro todas as punhetas cheias de culpa do Portney, todas as namoradas "shikses", todas as fantasias proibidas e todas as limitações de segurança que sua família lhe impõe. Como define Portney, o alter-ego de Philip Roth "Para os pais judeus, o filho sempre terá quinze anos".
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Tórtoro 07/07/2011

UMA EPOPEIA DA MASTURBAÇÃO

“A primeira coisa que vejo numa paisagem não é a flora — é a fauna, a oposição humana, quem está comendo quem”.

Alex Portnoy


Sobre O complexo de Portnoy, de Philip Roth, da Companhia das Letras — lançado em 1969 e reeditado no Brasil em comemoração aos 35 anos de seu lançamento — posso dizer que :
Para alguns será uma leitura que levará a um desconforto causado pela centralidade do autoerotismo no enredo: masturbação, definitivamente, não seria matéria apropriada para um romance com pretensões artísticas.
Para outros, é uma grande diversão: “Deliciosamente engraçado. Absurdo e exuberante, desatinado e impagável. Uma experiência de leitura extraordinariamente viva” , segundo o New York Times Book Review
Mas, para o leitor que desejar conhecer uma ponte entre duas épocas, é uma verdadeira joia.
No divã do psicanalista, Alexander Portnoy — um jovem e bem-sucedido advogado nova-iorquino — tenta resolver os problemas sexuais que o atormentam, passando em revista toda sua existência — masturbações na cama, no banheiro, no cinema, simulação de sexo com maçãs furadas, garrafas de leite e fígado cru . Sua narrativa, dominada pela figura da mais terrível “mãe judaica” que se pode imaginar — Sophie, superprotetora, histérica, exagerada e hipocondríaca , cabeça e chefe da casa, controlando cada aspecto da vida de todos na família — é uma sucessão de peripécias de comicidade irresistível — quando arruma uma namorada linda, ela é ignorante e analfabeta; quando conhece uma moça inteligente, ela é ruim de cama ou cristã demais. Três décadas depois, essa verdadeira “epopeia da masturbação” ( nas palavras de Erica Jong), que chocou e deliciou o público norte-americano no final dos anos 60 — ano de 69, com os EUA vivendo a efervescência da disputa entre emergentes hippies e os defensores da moral e dos bons costumes — revela-se muito mais do que o documento de uma época em que todos os tabus morais pareciam cair por terra.
Segundo a epígrafe, Complexo de Portnoy é um quadro mórbido caracterizado por fortes impulsos éticos e altruísticos em constante conflito com anseios sexuais extremos, muitas vezes de natureza pervertida: uma forma de retribuir a opressão sofrida. Segundo Spielvogel ( psicanalista de Portnoy) , “atos de exibicionismo, voyeurismo, fetichismo, autoerotismo e coito oral são abundantes; em consequência da ‘moralidade’ do paciente, porém nem as fantasias nem o ato geram gratificação sexual genuína, mas sim sentimentos avassaladores de vergonha e temor de punição, em particular sob a forma de castração “. Alex desabafa : “a chave do que determinou minha personalidade, é o que me faz viver neste estado, torturado por desejos que repugnam minha consciência, e uma consciência que repugna meus desejos”. Spielvogel propõe que muitos dos sintomas remontam aos vínculos que se formam no relacionamento entre mãe e filho.
Jonas Lopes faz o seguinte comentário sobre o autor : Roth usa o humor da melhor forma que se pode fazer, usando a ironia de forma cruel, com sarcasmo picante, como convém a um judeu. Mal comparando, Philip Roth é uma espécie de Wood Allen da literatura , igualmente hilário e profundo.
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