spoiler visualizarteentitans 18/01/2021
tem tanta reviravolta quanto ponta solta
@outraleitura
'A Rosa e a Adaga' é muito superior a 'A Fúria e a Aurora', principalmente por sair do ambiente restrito do palácio e se aventurar pelo deserto aberto e outros lugares. A apresentação de novos - e poderosos - personagens também deixa a leitura mais interessante e dinâmica, só que com esses personagens vêm explicações não muito satisfatórias sobre o desenrolar das coisas. Pelo menos no meu ponto de vista.
A maldição que Khalid enfrenta, por exemplo, é o grande segredo do primeiro livro e, por não saber como se livrar dela, o menino-rei até aceita ficar longe de Sherazade pra que ela fique em segurança. Em 'A Rosa e a Adaga' a maldição é destruída através do livro mágico de Jahandar, que pertenceu à uma família poderosíssima de feiticeiros. Ok, é legal, mas e daí? Essas informações são jogadas tão de qualquer jeito que não têm propósito nenhum. A feiticeira que ajuda a Sherazade e o Khalid nunca mais nem aparece e a quebra da maldição fica por isso mesmo.
Em uma página ele tá amaldiçoado, na outra, não. E nunca mais se fala disso no livro.
Além disso, mais uma vez a autora escolhe trabalhar com personagens novos demais, como a Irsa, irmã mais nova de Sherazade. Ela só tem 14 anos e vive uma paixão avassaladora com o Rahim, que deve estar com seus 18/19 anos. Não tem nada explícito entre eles, mas ainda é estranho demais.
No fim, as reviravoltas fazem o livro valer a pena, assim como os cenários, mas é tudo explorado muito por cima, sem aprofundamento (tipo no primeiro livro). A Sherazade tem mágica, treina um pouquinho, depois descobre que absorve a mágica dos outros. Mais uma informação jogada de qualquer jeito.
É um livro bom pra passar o tempo, mas se for olhar com cuidado, é bem água com açúcar. Pra mim, valeu a pena por fugir dos universos clichês das fantasias americanas e inglesas. Agora eu quero ler 'As Mil e uma Noites', e acho que vou preferir a Sherazade original.
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