Biia Rozante | @atitudeliteraria 16/05/2017Fofinho, levinho, maluquinho... Entretanto, esperava mais.É no mínimo surpreendente pegar uma obra escrita por um HOMEM, tendo como protagonista uma mulher. E não apenas uma mulher comum, e sim uma completamente variada, impulsiva e maluca. São devaneios, pensamentos aleatórios, planos mirabolantes, situações as quais você pensa: É SÉRIO ISSO? Porque chega a ser surreal.
Julie é um desastre ambulante, estabanada, eufórica, impulsiva, vive se metendo nas maiores idiotices e quando esta apaixonada essas características tendem a ganhar impulso e se tornam ainda mais insanas, ou seja, maluca, inconsequente, variada e ouso dizer obcecada. Aos vinte e oito anos, é independente, mora sozinha em seu apartamento, em uma cidade pequena onde todos se conhecem desde sempre, e que se encontra infeliz em seu trabalho, por não conseguir se adaptar as exigências que sua função necessita. Dona de um coração gigante é do tipo que faz de tudo pelos outros e foi justamente por sua ingenuidade e bondade que acabou se envolvendo com um traste que só a decepcionou.
“Talvez fosse melhor comemorar nosso fracassos... Nada de pódio, nada de falsa glória, apenas a felicidade de estarmos vivos, lado a lado. Com certeza temos mais arrependimentos a compartilhar do que motivos de orgulho.”
Tudo segue na mesma, uma rotina sem grandes acontecimentos, uma vida tipicamente normal, até que um nome próximo ao seu na caixinha do correio atrai sua atenção, ao que tudo indica tem um novo morador no prédio. Sua curiosidade vai se tornando cada vez maior à medida que todos parecem saber de quem se trata, menos ela e é movida por tal sentimento que acaba por fazer algo tolo, impossível de passar despercebido e é ai que se depara com o desconhecido, ou melhor dizendo, Ric.
“(...) É preciso torcer por tudo, mesmo correndo o risco de se desiludir. É preciso experimentar tudo, mesmo correndo o risco de se ferir, entregar tudo, mesmo correndo o risco de ser roubado. Aquilo que vale a pena ser vivido obrigatoriamente nos põe em perigo.”
Ric é misterioso, cheio de segredos e vive dando sinais mistos, o que confunde Julie. Um homem aparentemente inteligente, com uma vida simples e tranquila, mas que pouco fala sobre si mesmo ou sua família. Com um sorriso encantador e uma simpatia única não demora a conquistar o coração de nossa protagonista e é ai que tudo vira de cabeça para baixo.
“Umas coisas. Ele tem sempre coisas a fazer, coisas para ver, coisas para preparar. Melhor seria ter coisas para beijar, para acariciar, para amar. Eu sou uma coisa de verdade, sabia?
AMANHÃ EU PARO! Com certeza foi uma das leituras mais confusas que já fiz. Logo de inicio não conseguia me localizar dentro da leitura, ficava esperando que algo revelador chegasse e por fim desse uma explicação para o que estava sendo apresentando e então... ok. Julie é divertida, sonhadora, uma mulher que está em busca de si mesma, tentando se desvendar e em meio a tudo isso tentando lidar com seus sentimentos abruptos por Ric. Ousaria dizer que ela se torna obcecada por ele, passa a depositar toda sua energia em tentar desvendar seus segredos, se aproximar, atrair sua atenção e conquistá-lo. Ela passa a viver em função deste homem que ama. E foi exatamente isso que me incomodou na história, sua perseguição, imaturidade e atitudes insanas a ponto de mudar toda sua rotina, trabalho e lazer para que pudesse estar mais próxima dele. Mas ainda assim, Julie é um ser único, que mesmo em meio a tanta maluquice consegue conquistar nosso coração e até emocionar. Outro ponto que me incomodou foi à tentativa constante do autor de tornar o enredo engraçado quase que o tempo todo. Preciso ser honesta e dizer que para mim não funcionou. Alguns momentos realmente são divertidos, mas outros são apenas tentativas falhas e repetitivas.
“(...) A morte esta bem pertinho de nós e nunca deixa de capturar aqueles que passam ao alcance de sua mão...”
Apesar dos apontamentos que fiz o livro tem uma pegada interessante, frases de efeitos, momentos de reflexão e trata de assuntos cotidianos como o valor da amizade verdadeira, o se descobrir e não ter medo de arriscar. Quanto ao romance, não consegui me conectar com o casal, fiquei procurando as razões que os fizeram se apaixonar, mas julguei tudo muito raso.
Como mencionei no início da resenha temos aqui um autor, um homem que criou uma protagonista feminina, a maneira como ele construiu a personagem principal, assim como suas amigas e os diálogos entre elas, foi realmente surpreendente e neste quesito ganhou pontos comigo.
De modo geral é uma leitura feita para entreter e distrair. Com um enredo leve, despretensioso e divertido. Com uma narrativa fluida que proporciona uma leitura rápida. Como sempre falo: A única maneira de saber se você gosta ou não de um livro é lendo-o. Então, fica a dica.
Quanto à capa, diagramação e trabalho dedicado ao livro, como sempre impecável. Editora Arqueiro sempre arrasa.
Até a próxima! Bye.
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