Camila1856 19/09/2023
Uma casa inspída, habitada por mentes inóspitas.
Para o arquiteto desse projeto, era o ambiente perfeito. Absolutamente calculado, em cada m2. Fruto de uma mente obsecada por perfeição, simetria, CONTROLE, vazios. O reflexo perfeito do seu idealizador. Mas...
"Você pode tornar o ambiente em que vive tão refinado e vazio quanto quiser. Mas isso não importa se você ainda estiver bagunçado por dentro. E, na verdade, todos nós estamos procurando isso, não é mesmo? Alguém que cuide da bagunça que há dentro da nossa cabeça.
Elizabeth, Emma e Jane tem algo em comum. As três habitaram o mesmo espaço em tempos diferentes. Emma e Jane intercalam a narrativa em tempos distintos habitando a casa mal vista do final da rua e que, para abrigar moradores, exigia um contrato cheio de requisitos a serem cumpridos e pense numa lista extensa e irreverente. Pois é! É daí pra pior.
Acho que o livro tem um ritmo bacana até uns 30%, daí até cerca de 60% ele perde o ritmo e mais adianta consegue recuperar. O que mais curti aqui é como o desfecho não é estanque, ele vai acontecendo aos poucos, não entrega tudo em 2 páginas e adeus. Aprecio muito, já que finais estanques me incomodam demais. Prefiro que um livro mantenha um ritmo de sobe e desce, a ser um livro de constantes reviravoltas jogadas ao mesmo tempo.
Não vou dizer que o final seja inovador, porque não é! A gente tem ideia sim de quem é o "vilão", e estou usando vilão aqui por uma mera falta de outra nomenclatura. Outro ponto desse livro que me agrada é que aqui, todos os personagens tem vida. O que quero dizer é que há bastante imperfeição, muitas fachadas, sombras e medos. Medo existencial, não espere medo do terror.
Temos um enredo de thriller psicológico que entrega umas quantas mentes perturbadas pra você conhecer. PS: a personagem da psicoterapeuta comete algumas gafes, mas tá ok, vou deixar a psicóloga que habita em mim apenas assinalar, não vou discorrer sobre.
O livro traz um interessante aspecto envolvendo perdas e suas repercussões. E com isso, traz também como as personagens irão lidar com seus lutos, seja elaborando, seja com dificuldade em elaborar até que... viram aquela chavinha que a gente nem sabe que tem, até que ela vire.
Quando penso em um personagem especifico penso naquelas pessoas que são serenas, amigáveis, que engolem mil sapos, fáceis de conviver, que não gritam, não complicam, o famoso "tudo bem pra mim", até que alguém resolve testar os limites e eu tenho um lema pra mim: nunca teste os limites de uma pessoa, pensando que ela tudo suportará. Não subestime a capacidade do que quer que seja em um ser humano. A surpresa pode ser tanto agradável quanto extremamente desagradável e ameaçadora.
Eu indico a leitura! Que sua experiência possa ser bacana como foi a minha ?