Acervo do Leitor 31/01/2018
O Lamento de Dançarino – Ian C. Esslemont | Resenha | Acervo do Leitor
Este livro nos remete quando Malaz era apenas uma pequena ilha e ainda não havia nenhum império, somente algumas dezenas de pequenos reinos espalhados pelo continente de Quon Tali. Um deles é a cidade Li Heng, por onde a narrativa perscruta. Li Heng é cercada por muros e círculos (Externos e Internos) que garantem a intransponibilidade de atacantes e conquistadores. Governada pela figura mítica de Shalmanat, tida por muitos como uma divindade e conhecida popularmente como a “Protetora”, e pelos seus asseclas poderosos, conhecidos como Magos Urbanos sendo eles: o extravagante e vaidoso Silk, a ranzinza temperamental Mara, o poderoso e misterioso Hothalar, o gigante Koroll e o incendiário Smokey.
“Porque me oferecer aa costas tão bravamente, ou tolamente agora? Porque ele ele sabe sabe que eu não vou agir na frente do jag. Coragem barata, isso sim.”
Aqui seguimos três pontos de vista principais: um jovem e excepcionalmente habilidoso assassino chamado Dorin, um dos magos urbanos de Li Heng e por fim uma das dançarinas da espada do rei Chulahorn, de Itko Kan chamada Iko. Em cada núcleo existem diversos personagens relevantes à história, dentre eles sem dúvidas destaca-se um jovem e misterioso mago Dal Honese conhecido como Wu, que está atrelado dentro de estudos e descobertas surpreendentes sobre uma magia que foi selada há muito tempo atrás.
A iminência de uma guerra se aproxima, visto que o rei Chulahorn de Itko Kan procura estabelecer um cerco sobre a cidade de Li Heng e assumir controle total sobre uma das maiores e importantes cidades do continente. Batalhas são travadas, sangue e vísceras mancham as páginas do livro e as consequências de tudo isso será exposto aos deuses. Dentro deste turbilhão, Dorin procura se estabelecer como uma referência do seu “trabalho” (assassínio), vertendo para o lado mais pútrido da cidade e tendo ao seu lado improváveis companhias.
“Era seu homem, o jovem escorregadio. O escroto maldito poderia se disfarçar de velhote, mas Dorin sabia muito bem: era ele. Aquele que rira dele; que o enganara e o roubara.”
O cenário da obra é riquíssimo, a diversidade de culturas, ideologias, criaturas, divindades, personalidades, é de satisfazer todo e qualquer leitor de Fantasia, que fique claro que Malazan é um dos universos mais complexos já criados na literatura, são dezenas de livros percorrendo ao longo de milhares de anos. E por tudo isso, O Lamento de Dançarino é uma excelente porta de entrada, talvez a mais viável, visto que o livro se fecha muito bem dentro do seu núcleo e sua história remete à criação de um grande Império.
“Fúria e medo combinados mantinham-no em pé. Mas havia algo mais também. Era aquilo o que durante tantos anos ansiara viver. Para isso treinara por toda a vida. Aqueles sujeitos eram seus pares. Agora era sua vez de por fim mostrar seu valor.”
SENTENÇA
A escrita de ICE (Ian Cameron Esslemont) é bastante ágil e objetiva. Em nenhum momento nos sentimos cansados por longas e intermináveis descrições (até mesmo porque gosto bastante dos detalhes bem esmiuçados), a todo momento algo está ocorrendo, dando a cada capitulo a sua determinante relevância para a estória. O grande destaque do livro é a apresentação e a metamorfose de certos personagens ao longo do enredo, não vou entrar em detalhes obviamente, mas ao final do livro, fica nítido a diferença na personalidade e nas ações imputadas lá no início da obra. Uma verdadeira obra-prima da Literatura Fantástica, um livro para você carregar em seus pensamentos por um bom tempo. Te desafio a ler estas páginas e não se encantar.
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