Fernanda309 20/05/2020
O que achei de... O mundo depois
EDIÇÃO: Esta edição é tão confortável quanto a do livro anterior, mas agora com claras diferenças de design em relação à capa original, mas sem deixar de lado o mesmo tipo de informação. Eu adoro as capas brasileiras, gosto que essa se destaca pelos tons vívidos. Novamente elogio a tradução de Monique D'Orazio, que não errou a mão em deixar a linguagem bem adequada a todos os fatores do enredo.
ESCRITA: Palmas para Susan Ee. Além dos elementos originais de enredo que citei na resenha do primeiro, aqui a autora aprofunda alguns mistérios levantados pelo anterior, além de responder a outras perguntas e nos deixar ainda mais curiosos em relação a outros aspectos - tudo costurado em diálogos inteligentes, cenas de ação maravilhosas e observações sobre a condição humana que são muito pertinentes. Eu adoro quando os autores sutilmente expõem seu ponto de vista através de seus livros, sem deixá-lo parcial demais, mas também sem perder a oportunidade de deixar sua marca no mundo. Susan Ee consegue fazer isso, principalmente através da protagonista.
ENREDO: Mais palmas para Susan Ee. Achei interessante que os elementos de ambientação e personagens são basicamente os mesmos do volume anterior, o que é totalmente compreensível, dado o enredo em si estar confinado em São Francisco e nos arredores. Ainda assim, a autora consegue inovar no desenrolar dos fatos e escreve o enredo para servir aos propósitos do encadeamento de fatos. Além disso, e enredo é muito bem equilibrado entre reflexões, observações e diálogos. Poderia ser monótono por termos apenas o ponto de vista em primeira pessoa da Perryn, mas se tem algo que essa série NÃO é, é monótona. E falando em Perryn...
PERSONAGENS: Palmas de pé para Susan Ee. Vamos, levantem. Isso. Palmas é o que a autora merece por criar uma protagonista única, com um nome ainda mais inédito (só conheço essa Perryn). Me acostumei a ver YA cujas protagonistas sempre tem algo especial, uma herança que logo será descoberta. Perryn não. Perryn é uma garota comum de 17 anos, sensata, inteligente, sarcástica, e embora não aceite, uma heroína. Ela tem lá seu quinhão de esquisitice do lado da família como bem vemos desde o início, mas isso não a torna menos humana. Eu simplesmente não vi nenhum defeito sequer em qualquer decisão que tomou. Eu a adoro de verdade. Ela sozinha é fantástica, mas ela com o Raffe atinge níveis estratosféricos. A autora criou uma química inigualável entre eles, e não estou falando somente no sentido amoroso, mas de parceria e amizade. Os diálogos são a perfeição. Sou. Completamente. Apaixonada. Por. Eles. Outro destaque vai para um certo personagem de Alcatraz que suspeito que vai ter um papel bem relevante no próximo. A autora o escolheu bem para incorporar vários dilemas humanos dentro do enredo.
+: É somente a segunda vez que leio esse livro, e foi uma experiência ainda melhor que da primeira vez. Li em 2017, logo após ter terminado Corte de Névoa e Fúria, que é um livro intenso, uma alta fantasia mais adulta que acabou obliterando minha primeira experiência com Um mundo depois. Até vi no histórico do Skoob sobre o que reclamei, mas que desta vez não me incomodou, na verdade, fez até mais sentido e aprovei. Eu estou ansiosíssima para o último volume da série, com altíssimas expectativas. Fim dos dias, aí vou eu.