OceaneMontanea 19/11/2015Esta (como quase todas do Skoob) não é uma resenhaOs contos desse livro são do fantástico terror humano, do medo, do inexplicável. Maupassant viveu num tempo onde as questões a respeito de espiritualidade, vida em outros planos e etc, estavam fervilhando e isso se reflete nesses textos. As reflexões feitas por ele são extremamente interessantes. Contos curtos, o que é bom. Maupassant discorre sobre conflito entre ciência e fé, sobre a incapacidade do ser humano de conhecer tudo o que há, aquilo que vemos é somente o que é possível ver com nossos olhos humanos limitados. O meu conto preferido trata justamente de algo que sempre me intriga, essa nossa limitação por nossos 5 sentidos imperfeitos, de sermos incapazes de pensar tudo o que existe, de ouvir, enxergar ou alcançar todas as coisas de maneira total, mesmo que da nossa altiva ignorância nos julguemos muito especiais, perfeitos, entendedores de todas as coisas.
Maupassant nos leva na onda do seu pensamento, como se fosse numa conversa. Ele me prendeu. Também vi uma qualidade muito boa em contista que é escrever pouco e aproveitar o espaço do conto com informações realmente necessárias. Aquilo que se deixa escondido é justamente o que dá ao conto o tempero de mistério. Ele sabe o que contar e o sugerir, o que dizer e o que não dizer. Destaque para os contos "A aparição", que me deixou mesmo com medo, "O medo" que discute o que é essa sensação no homem, dá ao medo uma definição muito particular com um exemplo vívido, que faz com que você entenda perfeitamente o que o autor quis dizer quando diz que o que conhecemos como medo não o é verdadeiramente. "Carta de um louco", que discute a questão da loucura e normalidade e o quanto esses parâmetros são instáveis e não claros, a partir de que momento podemos considerar algo louco e o quanto a loucura é real para quem a vive. E o conto "O Horla", o mais longo, que dá título ao livro merecidamente.