Do lado de cá do Atlântico

Do lado de cá do Atlântico Franck Santos




Resenhas - Do lado de cá do Atlântico


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Penalux 06/11/2017

O não nomeado
O amor normalmente é nomeado, o ser humano o elege pelo nome de alguém, culpabiliza os fracassos amorosos pela figura bem definida do outro, diferente do que ocorre em “Do lado de cá do Atlântico”.
O tema do amor evolui conforme a narrativa se faz, na direção de figuras sempre disformes, nebulosas, identificadas por simples pronomes, o que contrasta brilhantemente com a nomeação natural de lugares, de objetos. Este artifício modela o formato deste romance, como um livro de cuja moral o amor é tido como essência inominável, apenas pode ser sentido. E isto ele o é.
Nas páginas das obras, cada narrativa divide-se em micro capítulos nomeados. As descrições do clima, do exterior são feitas impecavelmente, e os sentimentos de solidão, de dor, vão sendo naturalmente apresentados, sempre pela focalização indefinível de amigos, parentes, que aparecem na narrativa muito distorcidamente, sobre as máscaras de memória da personagem principal, que utiliza suas lembranças cândidas para reconstruir a cadencia dos acontecimentos passados que deságuam no presente.
Um livro sutil, com a graça dos contos, os quais quase aparecem achados nos singelos recortes da prosa de Franck Santos. Se a memória é este vasto saco mantenedor dos acontecimentos passados, retêm também em sua manifestação quase inconsciente, a graça dos sentimentos, os quais reforçam no homem a vontade de guardar o passado, ainda que os fatos a serem lembrados tragam com sigo a turbulência da solidão e da tristeza.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR