Diane Ramos 05/06/2020
ATÉ QUE A CULPA NOS SEPARE
Desde que li Pequenas Grandes Mentiras (leia a resenha clicando aqui) senti uma necessidade enorme de ler outros livros da autora Liane Moriarty, já que tive uma experiência excelente no primeiro contato, onde achei sua narrativa extremamente instigante e surpreendente. Sendo assim, comecei a leitura de Até Que a Culpa Nos Separe com as expectativas altíssimas e, como já era de se esperar, Liane Moriarty supriu todas elas e ainda me deixou com aquele gostinho de quero mais!
O livro traz a história de duas amigas de infância, Erika e Clementine, duas mulheres que são completamente diferentes uma da outra. Erika é obsessivo-compulsiva. Ela e o marido são contadores e não têm filhos. Já a completamente desorganizada Clementine é violoncelista, casada e mãe de duas adoráveis meninas. Certo dia, as duas famílias são inesperadamente convidadas para um churrasco de domingo na casa dos vizinhos de Erika, que são ricos e extravagantes.
Durante o que deveria ser uma tarde comum, com bebidas, comidas e uma animada conversa, um acontecimento assustador vai afetar profundamente a vida de todos, forçando-os a examinar de perto suas escolhas - não daquele dia, mas da vida inteira.
Em Até Que a Culpa Nos Separe, Liane Moriarty mostra como a culpa é capaz de expor as fragilidades que existem mesmo nos relacionamentos estáveis, como as palavras podem ser mais poderosas que as ações e como dificilmente percebemos, antes que seja tarde demais, que nossa vida comum era, na realidade, extraordinária.
Até Que a Culpa Nos Separe é narrado em terceira pessoa e intercala os pontos de vista entre vários personagens, o que nos possibilita ter uma maior dimensão da história. Os capítulos se alternam entre presente e passado (mais especificamente no dia fatídico do churrasco onde um acontecimento assustador aconteceu), e os desdobramentos vão acontecendo aos poucos, de um jeito que aguça nossa curiosidade, e as páginas vão passando sem sentir. Com uma narrativa intrigante e fluída, Liane Moriarty mantém um suspense na medida certa, aquele tipo de suspense que nunca entrega muito sobre os personagens, apesar das descrições. É como se a autora jogasse com as possibilidades, deixando o leitor com a pulga atrás da orelha o tempo todo, só esperando a próxima dica, a próxima revelação e com isso, ficamos presos facilmente e cada vez mais interessados na trama.
Os personagens foram construídos de forma magistral e ainda arrisco dizer que eles são a verdadeira alma do livro! Tanto os personagens principais quanto os secundários são puramente humanos, repletos de vícios e virtudes e que se transformam ao longo dos capítulos. É incrível a habilidade que a autora tem em tecer personalidades tão distintas e que se encaixam tão bem na narrativa. Não vou descrevê-los individualmente por aqui, pois, acho mais interessante que o leitor descubra suas próprias peculiaridades durante a leitura, mas, ainda ressalto que me apeguei muito a Erika e Oliver, sofri junto com eles todas as suas dores, todas as suas aflições e torci muito por eles.
Mencionar fatos corriqueiros e cenas comuns do cotidiano de forma natural e não forçada é uma marca registrada dessa autora, e em Até Que a Culpa Nos Separe não foi diferente, Liane Moriarty traz as mais variadas temáticas: dramas familiares, transtornos de personalidade, perdas, superação de obstáculos, escolhas, crises, importância da amizade, entres outros. Porém, o assunto central é o sentimento de culpa e como ele pode afetar drasticamente a vida de uma pessoa. Ninguém está imune à culpa, assim como ninguém também está isento dela. Precisamos assumir os nossos atos, mas sem somatizar com as atitudes e escolhas alheias. E, acima de tudo, é necessário seguir em frente.
Enfim, Até Que a Culpa Nos Separe é um livro muito instigante, complexo e que traz grandes reflexões. Liane Moriarty, mais uma vez, me surpreendeu e recomendo essa obra de olhos fechados pra todos vocês!!!
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