Vallecyane 29/04/2024
"Ela refulge. Essa ela sem igual. Ela é sempre única."
Reflexões sobre liberdade, loucura, vida, morte, Deus... É uma leitura repleta de frases marcantes e intensas. Ângela é uma personagem simples e complexa, que ver detalhes em coisas que para nós passam batidas, como a lata de lixo que ela cita, é dona de uma linguagem poética, que me fez pensar em quantas coisas do nosso dia a dia, nós não prestamos atenção. Ângela é uma parte de Clarice, que a autora gostaria que tivesse mais aparições em seus dias e na sua maneira de se relacionar e ver as coisas ao seu redor. A dualidade apresentada é bem perspicaz, muitas vezes somos mais de um e temos algumas partes que gostaríamos que prevalecesse mais do que outras. Tive alguns incômodos ao longo da leitura, senti uma aleatoriedade e uma falta de conexão entre o autor e a personagem, mas no livro é citado isso e reforça a ideia de dualidade.. mas isso me fez perder um pouco do foco e da vontade de ler. Também fiquei com um sentimento de tristeza e leveza durante as partes que ela fala sobre a morte e do que acreditamos que seria a morte. Mas ainda sim, gostaria de ressaltar que é o primeiro livro que leio de Clarice e acho que ela faz jus a fama que tem. Consegui criar uma simpatia por Ângela, ela conseguiu traduzir algumas coisas que já senti e que não sabia expressar... Por fim, acredito que a escrita de Clarice é mais algo para sentir do que se entender.