Anna Julia 26/08/2010
"Você já tentou esconder uma árvore? É fácil. Basta coloca-la na floresta."
De um lado Vera Machado Alves, primeiro criança, depois adolescente, e mais tarde adulta, mas nunca velha, nunca ultrapassada, sempre indecifrável, desejada. De lindas pernas, á olhos aguados refletindo o mar, poderia ser mais singular, mais misteriosa, até mesmo mais amada, se não carregasse o sobrenome de Machado Alves, a número familia, uma das mais ricas do Rio de Janeiro, desde o século XX.
Do outro Henrique, de sobrenome qualquer, insignificante, por alguns até chamando de parasita, casado com Dalva, irmã de Vera, vivendo sob o mesmo teto sob a direção do patriarca Álvaro Machado Alves, no qual mantinha uma incomum, e até um pouco pitoresca, de amor, com aquele sogro que o sustentava.
Suas vidas poderiam ter passado insignificantemente, teriam, parado de se ver, se não fossem pelas reuniões, recheada de apostas e roletas aos sábados, e as pequenas vezes que se encontravam na grande mansão em Ipanema.
Mas uma tarde fez suas vidas mudarem, e a direção na qual se revelou, mudou para sempre, suas visões, suas fugas, seus sentimentos. A tarde na rede, revelou-se a descoberta não só do prazer, mas além, mostrou a verdade sobre querer se afugentar, de todos, de tudo, de si mesmo.
Vera, personagem principal, mas sempre retratada distante, misteriosa e introspectiva. A mais do que a ovelha negra da família, a raposa que por instinto, não segue bando, anda sozinha e vive onde quer, por quanto quiser.
Henrique, medíocre, mas cauteloso, e conformista. Nunca perdera nada, pois nunca possuíra. Não brincava, mas também não se machucava, assim melhor definiria o cunhado, o genro, que no final das contas, de tanto ódio pelos Machados Alves, se via sempre no meio de todos eles, ou melhor dela.
Romance reflexivo, que demostra a fragilidade das relações humanas e principalmente a relação do homem com o dinheiro.