theus33 09/08/2023
? ? aquele sobre a tirania e a servidão;;
Tive contato com Étienne de La Boetie para realizar um trabalho de escola sobre o livro. Escrito por volta de 1500, após o declínio da Idade Média e abertura do Renascentismo, o ensaio tem por volta de 60 páginas por si só, contando com um prefácio longo escrito por Leandro Karnal.
Na obra, o autor francês disserta sobre suas noções de liberdade e do motivo pelo qual as pessoas servem a um tirano, a um senhor, ou qualquer figura de autoridade similar que as faça mal.
Como é um ensaio escrito por um nobre, as noções exploradas por Étienne são bem restritas em sua própria singularidade. Ele, por sua vez, define a liberdade como função de escolha, dizendo que os povos estão sob o jugo de algum senhor porque escolhem ser. Dessa forma, reduz a ideia de ser livro a algum fácil, tangível a todos aqueles que queiram viver em seu estado de natureza. Com isso, Étienne não explora só os limites e as motivações de ser servo, mas também os tipos de tiranos e aqueles que os cercam, além das relações de confiança, mediocridade e vilania que giram em torno de uma figura onipotente como um rei maléfico. Vale ressaltar que ainda utiliza de um certo determinismo, ao dizer que alguém que nasce servo sempre será servo, por ser o único mundo que conhece.
Por si só, a obra apresenta ideias interessantes, como a falta de necessidade de nos dividirmos em um sistema de servidão já que nascemos todos iguais, a ideia de pão e circo e como alguns utilizam da figura do tirano para se aliar a ela e poderem ser tão vis quanto o próprio. Porém, ao colocar a liberdade de sair desse sistema como uma simples escolha, Étienne ignora qualquer fator externo que coloque um povo num sistema de servidão. Além disso, ao declarar o povo como covarde e colocá-lo em posição de passividade, nega a historicidade de revoltas que ocorriam mesmo em períodos de grande controle, como a Idade Média. Por fim, a solução para o problema que Étienne propõe também é bem medíocre: parar de produzir para o tirano.
Com isso, Discurso Sobre a Servidão Voluntária tem algumas ideias interessantes, mas por ser um livro de 1500, não pode ter tudo que é dito tomado como verdade.