Mariaduda 23/02/2021
No verão de 1969, no Estado da Califórnia.
As garotas tem um início de narrativa bem simples, pela qual a personagem, Eve Boyd, de alguma forma se vê revendo as memórias do verão de 69. Enquanto lidava com os problemas de ser uma adolescente particularmente ?diferente?, ela vê-se fascinada com um grupo de meninas, é engraçado que de primeira nem ela consegue entender de certo o porquê, talvez pelo simples fato dessas meninas serem diferentes das que ela conhece no geral, ou talvez tenha sido a energia de espirito livre que elas emanavam, especialmente a de longos cabelos castanhos, para Eve, ela era uma das criaturas mais interessantes que já tivera contato. Outro ponto relevante que não foi possível deixar passar foi a relação da personagem com o seus pais, que consegue ser cada vez mais fragmentada, e mesmo sendo uma adolescente de apenas quatorze anos ela consegue capitar coisas que, para um menina de sua idade, na maioria das vezes, não seria entendido, no contexto de sua época. O livro tem uma pegada bem poética, principalmente nas partes do rancho, em certos momentos há uma quebra de expectativas, em algumas partes ele é bem romantizado, mas com o passar do tempo você acaba por desenvolver uma barreira mental contra isso. Nesse sentido, esse lugar funciona como uma sociedade alternativa a que ela vive, e é praticamente impossível não enxergar semelhanças com o culto formado por Manson, na verdade, a sinopse e a própria autora em algumas entrevistas já entregaram esse fato, deixando claro essa relação existente. Além disso, esse rancho também é formado por um líder fanático. Emma Cline, em seu debut, de certa forma, consegue nos transportar a narrativa de um jeito bastante peculiar, no sentido de realmente está ali, mas isso, em algumas partes, não se mostra ser algo bom, especialmente em algumas situações que começam a trazer um ritmo mais estranho pra estória. Para os que se sentiram na vontade de ler, apenas digo que, não esperem algo muito grande e tentem entender e olhar para algumas situações de uma forma mais julgadora e menos a que é idealizado pela personagem. Também, vou deixar claro que, existem sim situações gatilhos.