spoiler visualizarCarol 14/05/2021
Previsível
A história é narrada por Evie Boyd em dois momentos de sua vida, intercalando entre o tempo atual e o seu passado, quando tinha 14 anos, em 1969. Naquela época, Evie se sentiu abandonada e completamente sozinha, querendo ser vista pelos outros como uma mulher, e não como uma garotinha. E no meio disso tudo ela encontra Suzanne, uma garota mais velha que aparenta ser tudo o que Evie sempre quis ser: voraz, destemida, bonita e livre.
A admiração dela por Suzanne é tão grande que acaba a envolvendo em algo que ela ainda estava descobrindo sobre si mesma, como também a faz conhecer o tão admirado Russell e conviver com as pessoas que faziam parte de um culto liderado por ele, pessoas essas que foram persuadidas a cometerem um ato terrível, fazendo a vida de Evie passar de quase perfeita para perturbadora.
Emma Cline escreveu "As Garotas" baseado no maior crime cometido na Califórnia no final do ano de 1969, caso que ficou conhecido como Tate LaBianca. E por esse ser um caso até que bastante famoso, o plot do livro não é bom, o leitor já começa sabendo o que aconteceu. Não tem nenhuma novidade, nenhum mistério, nenhuma diferença nem mesmo nos nomes dos personagens, que são muito semelhantes ao nomes dos indivíduos reais.
Russell, que foi inspirado em Charles Manson, é um cara com lábia, ele sabia como fazer as pessoas acreditarem nele de uma forma muito fiel e isso acabou levando muitas pessoas a viverem com ele em um rancho, principalmente mulheres, que no livro é o assunto que Emma quis abordar. Tudo é focado justamente na vida delas, de como cada uma foi parar naquele lugar, de como o psicológico delas foi afetado pelas palavras de alguém que deu a elas o que cada uma esperava, que dizia o que queriam ouvir.
Para quem gosta de true crime esse é um bom livro porque mostra um outro lado da história, mas não mexeu comigo. Eu já conhecia o caso, mas me senti extremamente desconfortável durante a leitura porque aborda demais a vida pessoal da Evie e ela é uma protagonista bem chatinha, bem sem sal, e eu queria que a história tivesse abordado mais o crime em si, e não as descobertas dela sobre a sua bissexualidade e estilo de vida hippie rebelde.
O livro é repleto de gatilhos muito pesados como roubo, invasão de domicílio, violência extrema, pedofilia e relações sexuais mega explícitas. Tudo é muito focado nas descobertas da protagonista sobre seus sentimentos e seu próprio corpo, e como ela tem só 14 anos, é mega estranho ler sobre isso por mais que saibamos que essas coisas acontecem com adolescentes de verdade.
Só não abandonei porque queria muito saber o que aconteceu para fazer com que a ela não fizesse parte do crime.