Kelly 05/12/2017Uma história sobre sentimentos E
la vou eu me aventurar em mais um sci-fi, para quem não sabe livros desse gênero remetem a histórias com viagem no tempo ou entre dimensões, e O livro do juízo final retrata exatamente isso.
"O som era amedrontador, mas o silêncio é pior. É como o fim do mundo."
Kivrin Engle é uma estudante dedicada do século XXI, ela está se preparando arduamente para viajar no tempo, voltar para a Idade média, uma das épocas mais perigosas do mundo e fazer um estudo de campo sobre sua história e seus costumes. Esse sempre foi um dos seus maiores sonhos e ela se dedicou muito para isso, mesmo que seu tutor não concorde com sua viagem e tenha certeza de que ela esta indo para umas das épocas mais perigosas da história da humanidade.
Depois de meses de preparação ela está finalmente preparada para o grande salto que promete alavancar sua carreira. Mas após sua viagem algo muito grave acontece, Badri o técnico responsável por trazê-la de volta, está internado com uma grave doença, e agora sua volta pode não acontecer.
Quando Krivin chega ao séc XVI, logo percebe que algo está errado, apesar de todas as vacinas e cuidados ela está doente, e logo perde a consciência. Quando acorda se encontra em um vilarejo incapaz de se comunicar, já que seu tradutor parece estar com defeito, agora ela precisa se recuperar e aprender a se comunicar para conseguir retornar ao lugar do salto, contando claro que até lá, o técnico responsável já tenha se curado e possa trazê-la de volta.
Enquanto isso, no séc XXI, Oxford se encontra em quarentena com uma epidemia que vem derrubando todos os moradores e matando alguns, enquanto Krivin tenta se achar e conseguir voltar para o lugar do salto a tempo de retornar, seus professores lutam para vencer a epidemia e curar Badri para que tudo possa dar certo.
A narrativa do livro é em primeira pessoa, dividido entre Kivrin no século XVI, kivrin narrando os acontecimentos para o Livro do juízo final, livro onde dela relata seus estudos para a faculdade, e no presente, onde o Prof Dunworthy e a Dra Mary tentam controlar a epidemia e descobrir qual o vírus que aflige Badri.
Confesso que até a página 130 eu queria de todo meu coração arremessar esse livro na parede, Kivrin estava perdida e Badri não falava coisa com coisa, me senti num labirinto sem fim onde a maioria dos termos me eram desconhecidos me causando uma confusão e um cansaço extremo com relação a leitura, e confesso que abandonei ele por um tempo, mas então retornei e me pareceu que as coisas estavam se encaixando.
Krivin foi acolhida por uma família, e apesar de não conseguir se comunicar aos poucos ela vai se adaptando, até que melhora e seu tradutor volta a funcionar, agora ela pode se comunicar com as pessoas, mas descobrir o local do salto há tempo de retornar vai lhe custar muito esforço, e no meio dessa confusão ela acaba descobrindo que ela esta sim no lugar certo, mas na época errada.
As partes narradas pela protagonista começam a ficar interessantes, a família que a acolheu aos poucos vai tomando lugar não só no coração de Kivrin como no do leitor também, mas quando uma doença toma conta do vilarejo o desespero se instala, em nós e nela.
Enquanto Dunworthy tenta resolver os problemas, e principalmente tenta entender o que Badri quer dizer as coisas vão ficando cada vez mais confusas, o vírus esta se alastrando e cada vez mais pessoas estão doentes ao redor dele, nada é descoberto e ele gira numa espiral sem fim, o que me fez ter uma vontade imensa de pular os trechos dele, e se não o fiz, foi graças a Collin, o sobrinho da Dra. Mary que rouba a cena e faz com que o leitor se mantenha conectado a história.
O livro possui um contexto histórico gigantesco, muitos fatos da época da idade média e da Peste Negra são narradas com uma riqueza de detalhes impressionante, que faz com que o leitor se sinta arrematado para a época em questão. O trabalho de pesquisa da autora é notável e admirável, um trabalho que promete impressionar e cativar os apreciadores dos bons e velhos acontecimentos reais.
Apesar da leitura ter sido arrastada, e de muita coisa ter ficado sem uma explicação mais clara, os temas por trás da aventura de Kivrin conquistam o leitor. A autora não só nos cativa com as narrativas históricas, mas nos insere em um debate religioso profundo, na hora de maior desgraça o que fazer? Recorrer a Deus ou duvidar de sua existência e benevolência? E qual o poder da amizade, independente da idade, da classe ou até mesmo da época.
Kivrin se apega aos moradores daquela vila humilde e decadente, e quanto mais tempo ela passa com eles, mais ela teme pela segurança de todos, e sente horrível por saber como ajudar, mas não poder.
''(...)às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''
A edição da Suma esta linda demais, e confesso que esse foi um dos motivos da minha leitura, mas confesso que me surpreendi quando recebi o livro e percebi que mesmo sendo um calhamaço e de capa dura, nada disso atrapalha a leitura, ao contrário da maioria dos livros de capa dura, essa edição possui uma envergadura perfeita que permite que o livro seja totalmente aberto sem estragar ou machucar o leitor. Uma diagramação e revisão impecáveis fazem parte do pacote.
Que você gosta de livros com contextos históricos, e que ensinam uma bela lição sobre amor e amizade, leiam o livro do juízo final.
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