A Condição Humana

A Condição Humana Hannah Arendt




Resenhas - A Condição Humana


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Ladybug 03/01/2024

Hannah Arendt faz um percurso a respeito da evolução da condição humana, perpassando pela reflexão do labor, do trabalho e da ação, além de caracterizar a era moderna.
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jmrainho 11/11/2023

A condição desumana
Autora, falecida em 1935, é uma referência sobre a banalidade do mal na condição humana. Atualíssimo. O exemplo hoje é do neofascismo, como da extrema direita que surgiu no Brasil dos esgotos, como uma pus que estoura na pele. Como vimos no julgamento dos criminosos do Holocausto, que negaram a autoria dos crimes e disseram que só cumpriram ordens, aqui no Brasil, os cúmplices do ex-presidente Bolsonaro, inclusive o próprio,
covardes e cagões, negaram o que fizeram em todas as mazelas na saúde, na economia, no discurso de ódio, da violência contra quem pensa diferente a eles.

Aqui ela fala também do trabalho como ums escravidão humana legalizada. Hoje, com a falácia da felicidade corporativa, pode ser analisado sobre a ótica da autora: o trabalho humano (homo faber) não se difere do trabalho animal, apesar de nossa superioridade mental. Nós, como os animais "trabalhamos" pra sobreviver. Rastejamos diariamente para cobrir metas dos capitalistas e ganhar as migalhas no fim do mês, ou atualizando a dinâmica, ganhamos nossos honorários de trabalho precário autônomo. Estamos apenas cumprindo a sobrevivência. Trabalhar para comer, vestir e dormir. Acordar e começar tudo de novo, num ciclo alienante. Não refletimos sobre o que fazemos diariamente. Só cumprimos ordens.

A vida, segundo Arendt, é um processo que em toda parte consome a durabilidade, desgasta-a e a faz desaparecer, até que finalmente a matéria morra. E só vive para consumir.

"O tempo excedente do animal laborans, jamais é empregado em algo que não seja o consumo". Apenas atende a suas necessidades, de acordo com sua renda. A famosa comilança, de que falava o brasileiro Lima Barreto.

Ela mostra toda essa involução desde o feudalismo. A propriedade privada, eterno bastão dos ratos endinheirados, resultou na tomada (roubo) da terra trabalhada pelo agricultor. Os camponeses foram convertidos em diaristas absorvidos na luta pela sobrevivência, matar um leão por dia.
No começo do livro ela reflete sobre o lançamento , em 1957, do primeiro satélite. Ela vislumbrou um desenvolvimento tecnológico inevitável, mas sabia que as massas não iriam ser convidadas para o banquete. Com essa dimensão geográfica de como é pequena a Terra, começou a se refletir que estamos huma prisão neste planeta. Uma prisão para a mente e para a alma, como disse Morfeu em Matrix.

A era moderna trouxe a glorificação do trabalho. Para os pobres, claro. E para a classe média ascendente, ávidas por ter semi-escravos fazendo o trabalho duro pra ela, em sua casa e nas empresas. Ao mesmo temo, temos agora uma sociedade de trabalhadores sem trabalho. Cada vez menos trabalhos. MAs eles ficam aguardando, no cadastro de reserva, no sonho capitalista realizado da reserva técnica de trabalhadores ociosos correndo para uma migalha precária. Ela lembra: homens são seres condicionados. Se acostumam com a exploração e nem se importam com isso, vide os pseudotrabalhadores uberizados. Eles não querem CLT., querem só trabalhar sem um patrão enchendo o saco em seu ouvido. Mas o patrão agora é outros, está oculto, e continua mandando. Eles só obedecem.

A saída para esse padrão é para os espertos. Só os melhores que provam ser melhores (não esta falando necessariamente de conhecimento, meritocracia, mas de esperteza), são valorizados pela sociedade, pela mídia, pelos pares, pelos clubes de serviço, pela fofoca da esquina. Até a religião virou a religião de quem ganha mais, esses são ajudados por um deus. Os fracassados são obras do diabo. Esses, segundo Arendt, vivem como animais.

Ser verdadeiramente livre, pra a Grécia de ouro, era não estar sujeito às necessidades da vida nem ao comando de outro e também não comandar. Os capitalistas mudaram o último verbo da época de ouro da filosofia.

"A igualdade, portanto, antes de estar ligada à justiça, como nos tempos modernos, era a própria essência da liberdade"
A sociedade assumiu o disfarce de uma organização de proprietários. E exigem dela proteção para manter a exploração, o acúmulo de riqueza, nas costas de outros. A revolução proletária não vai resolver isso, critica Arendt. Ela diz que Marx se enganou ao pensar no paraíso pós revolução proletária. Basta ver hoje um pobre assumir o poder político, ser vereador, deputado, síndico, pequeno empresário bem sucedido. Veja como ele se comporta. Só repete padrões que ante criticava.

Trabalhar sempre significou ser escravizado pela necessidade (na base da pirâmide, claro), e essa escravização, diz a autora, era inerente às condições da vida humana. MAs na antiguidade e na idade média a ascensão social e econômica não existia ou era rara, ou em alguns nichos de artesões. Agora é possível acender pela educação, herança ou esperteza. Até pelo roubo, criminoso ou institucionalizado como fazem os fraudadores de licitações.

Marx, ainda segundo a autora, não tinha a intenção de emancipar as classes trabalhadoras, mas de emancipar o homem do trabalho; somente quando o trabalho fosse abolido pode o "reino da liberdade" suplantar o "reino da necessidade". Pois o "reino da liberdade" começa somente onde cessa o trabalho imposto pela carência e pela utilidade exterior, onde termina o império das necessidades físicas imediatas.
A maldição que expulsou o homem e a mulher do paraíso, também os puniu com o trabalho .
O homem não pode ser livre se ignora estar sujeito à necessidade, uma vez que sua liberdade é sempre conquistada mediante tentativas, nunca inteiramente bem-sucedidas, de libertar-se da necessidade.

E 100 anos depois de Marx, com a tecnologia e sua pretensa produtividade, e a promessa falaciosa que daria mais tempo para o lazer do homem, vemos que o tempo excedente hoje do trabalhador jamais é empregado em algo que não seja o consumo banal. Quanto mais tempo disponível, e isso o trabalhador quase não tem, mais ávido para o consumo, para a comilança, para os programas alienantes da TV e da internet, para a cachaçada, para a putaria, para o descanso ocioso da para ver bundas e peitos.

E nas fábricas, ou em startups que usam inteligência artificial, os homens se tornam servos das máquinas que eles mesmo inventaram e são "adaptados" às suas exigências, ao invés de usá-las como instrumentos de satisfação de suas necessidades e carências humanas. Os homens, pergunta a autora, vivem e consomem para ter força para trabalhar ou trabalhar para ter os meios de consumo? vivem num circulo vicioso.

"Ao contrário das ferramentas da manufatura, que em cada momento dado no processo da obra permanecem servas da mão , as máquina exigem que o trabalhador as sirva, que ajuste o ritmo natural do seu corpo ao movimento mecânico delas [...]. Mesmo a mais sofisticada ferramenta permanece como serva, incapaz de guiar ou de substituir a mão. Mesmo a mais primitiva máquina guia o trabalho do nosso corpo até finalmente substituí-lo por completo".

ESPERANÇA

Dito tudo isso o que podemos fazer? Se conformar? Dar um tiro na cabeça? Lutar para ascender socialmente e se livrar dos esforços físicos, dos impostos e das dificuldades (ilusão)?

Hannah Arendt dedica um capítulo a Ação, a ação huma na transformadora. E essa solução, os pequenos messias, aparecem onde menos esperamos, esse é o grande medo dos canalhas exploradores. "O novo sempre acontece em oposição à esmagadora possibilidade das leis estatísticas e à sua probabilidade que, para todos os fins práticos e cotidianos, equivale à certeza; assim, o novo sempre aparece em forma de milagre. O fato do homem ser capaz de agir significa que se pode esperar dele o inesperado, que ele é capaz de realizar o infinitamente improvável. E isso, mais uma vez, só é possível porque cada homem é único, de sorte que, a cada nascimento, vem ao mundo algo singularmente novo.

O rei-filósofo comandaria as cidades, na utopia grega, distorcida ontem e home pelos amantes do autoritarismo absolutista monárquico e das ditaduras. O supremo critério da competência de um homem para governar os outros é a capacidade de governar-se a si mesmo.

A história é produzida pelo homem, assim como a natsureza é produzida por Deus.

Mas o negacionismo moderno, terraplanista, bolsonarista, trumpista, é semelhante ao estoicismo, a troca do mundo real por um mundo imaginário, no qual esses outros simplesmente não existiriam. E o epicurismo repousa na ilusão da felicidade, enquanto se é assado vivo no Touro de Falera, uma imagem simbólica, ou as enganações da sociedade, que finge ser boa mas quer só usar subterfúgios "Para te comer melhor", na obra ficcional do argentino Eduardo Gudino Kieffer. O estoicismo repousa na ilusão de liberdade quando se é escravo. Mas todos, independentemente de sua classe social, são afetados pela dor e pelo prazer. A promessa de uma sociedade, das cidades, das nações, era do homem proteger o homem, contra as intempéries, contra a natureza. Isso foi esquecido.

É significativo que, como judia, que escapou do holocausto por pouco, Hannah fala em um capitulo da irreversibilidade e o poder de perdoar. Vejamos. "A redenção é possível para o constrangimento da irreversibilidade - da incapacidade de se desfazer o que se fez, embora não se soubesse nem se pudesse saber o que se fazia - é a faculdade de perdoar".
Se não fossemos perdoados, nossa capacidade de agir ficaria limitada. E serve para instaurar o futuro, que é por definição um Oceano de incertezas. "Se não fossemos perdoados, liberados das consequências daquilo que fizemos, nossa capacidade de agir ficaria, por assim dizer, limitada a um único ato do qual jamais nos recuperaríamos; seriamos para sempre as vítimas de suas consequências, semelhante ao aprendiz de feiticeiro, que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço".

Deem tempo ao tempo. Nada acontece com mais frequência que o totalmente inesperado.

"Se o moderno egoísmo fosse, como pretende ser, a implacável busca de prazer (ao qual Bentham chama de felicidade), não careceria daquilo que, em todos os sistemas verdadeiros hedonistas, é um elemento indispensável à argumentação: uma radical justificação do suicidio. A vida é o bem supremo.













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Gabriel 05/08/2022

A condição humana - Hannah Arendt
"A condição humana", de Hannah Arendt, aborda quais seriam os aspectos condicionantes da vida humana e seus princípios, assim como variam e se manifestam desde a Grécia antiga até os tempos mais recentes nas esferas pública, privada, social e política.
Arendt cria o conceito de vida ativa, que é estruturado em três condições da vida humana, cada um com seu respectivo princípio: trabalho, obra e ação. O trabalho associa-se aos processos biológicos do corpo (crescimento e metabolismo) e seu princípio é a vida; a obra associa-se a criação de um mundo exterior e artificial de coisas e seu princípio é a mundanidade; a ação é a única atividade que acontece entre os indivíduos e seu princípio é a pluralidade. Em contrapartida à vida ativa, há a vida contemplativa, que exclui a pluralidade.
No sentido de caracterizar cada uma das condições, Arendt, na referida obra, indica que o fim do trabalho encontra-se com a morte do corpo; que a obra está ligada à durabilidade das coisas, independe dos indivíduos, tem utilidade e depende do isolamento para a criação. Ainda, pode-se viver sem trabalho e obra, mas não sem ação, haja vista que a vida sem ação é morta e nula.
O conceito de ação em Hannah Arendt é a única atividade totalmente humana e que mostra quem os indivíduos realmente são e como aparecem no mundo de forma individual e único. A leitura permite que a ação depende do discurso para se manifestar e aparece na esfera pública através da política em espaços de aparência, onde os indivíduos mostram-se em estado de igualdade. Ademais, o conceito de ação depende das ideias de milagre e natalidade, sendo que é o fator essencial da vida humana
Uma leitura excelente, ainda que o texto possa estar repleto de termos que necessitem de certa abstração para serem entendidos. Ótimo para compreender a política em Hannah Arendt.
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Thati Cappe - Arrumando a bibliotec 24/07/2022

Indispensável para quem busca compreender de maneira profunda e crítica as dimensões que estruturam a condição humana na modernidade - a pobreza de nossas vivências encerradas na produção sem fim, que nos mantwm isolados e, assim, incapazes de agir coletivamente e exercer um pensamento crítico. Arendt pensa sem corrimão, o que causa vertigens nos leitores ao passo que noa obrigada a olhae muito além. Os conceitos de trabalho, de obra e de ação são fundamentais para repensarmos o que estamos fazendo aqui.
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Nicks Nicks 19/06/2022

Perfeito
Simplesmente o melhor livro dela! Li ela para a minha aula de estado e poder, primeiro semestre na faculdade de direito! recomendo super!
Jair Franco 11/10/2022minha estante
Então por que deu 3 estrelas ?




Julia.Dani 21/05/2021

A Condição Humana
A cada capítulo me pegava refletindo sobre coisas diferentes que eram abordadas pela autora, super indico a leitura dessa obra para um melhor entendimento sobre o funcionamento da sociedade como um todo.
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RALPH 29/02/2020

Livro denso, tentar explicar a existência humana nunca é fácil e compreender as explicações ainda mais arduo, precisa de muita base filosófica (coisa que não tenho). Para melhor compreensão ler: Marx, Atistóteles, Sócrates, Kant, Adam Smith, Hegel e Hobbes.
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Daniel.Simoes 16/01/2019

Um livro fundamental de filosofia do séxulo XX. Arendt procura explicar como nós vivemos a partir da distinção entre trabalho, obra e ação. A introdução de Adriano Correia é excelente como resumo das ideias da pensadora. O dois últimos tópicos do penúltimo capítulo são muito bons também.
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Amanda 05/11/2018

Vita Activa
Hannah Arendt em sua obra “ A Condição Humana”, ao utilizar a expressão Vita Activa, pretendeu designar três atividades humanas fundamentais. São elas as seguintes: trabalho, obra e ação. Segundo a autora, são consideradas fundamentais porque cada uma delas corresponde uma das condições básicas sob as quais a vida foi dada ao homem na Terra. Todas as três atividades e suas condições correspondentes estão intimamente relacionadas com a condição mais geral da existência humana: o nascimento e a morte, a natalidade e mortalidade. Arendt explora detalhadamente tais atividades ao longo do livro.
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Cristian 09/11/2014

O Advento do Social
Livro notável e com muitos insights interessantes. Uma das teses centrais nesse livro que chama atenção é a tese do Advento do Social. A tese do Advento do Social, de Hannah Arendt, é basicamente a tese de que o surgimento do Social, do modo como entendemos hoje, tem sua origem remontando ao âmbito doméstico, do Lar, do espaço privado onde a família cuidava de sua subsistência e era organizada principalmente na figura centralizadora do pater familias (o "pai de família"). Essa origem da ordem do privado, e a palavra de origem latina referindo-se exatamente a isso (privatus, -i), como alguém que estava privado da dimensão pública, política, da participação nas discussões da pólis.
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tadeu vinicius 09/08/2011

presente devolvido
Darlan / Shaka Zulu, depois de achar que o livro era dele por mto tempo, me devolveu
Junior 12/11/2012minha estante
Excelente resenha.




Cibele 05/12/2010

A condição Humana
O livro A condição Humana, de Hannah Arendt, como ela mesma coloca, é uma tentativa de reconsideração da condição humana, sugerindo, apenas, que se pense o que estamos fazendo. E a partir esta idéia, ela trabalha nas atividades da condição humana, que é de alcance de todos: o trabalho, a obra e a ação, que ela denomina de vita activa.
O trabalho é a atividade pertinente ao processo biológico do corpo humano, do qual a sua condição humana de trabalho é a própria vida; a obra, diz respeito a atividades de não-naturalidade, é a produção do mundo “artificial” das coisas, onde sua condição humana é a mundanidade; e a ação é a atividade que se dá entre os homens e sua condição humana é a pluralidade.
As três atividades, relacionam-se à condição mais geral da existência humana que é o nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade. Dessa forma o trabalho garante a vida da espécie; a obra, por meio do produto, permite a permanecia e a durabilidade do tempo humano; e a ação causa a condição de lembrança para a historia.
Não se trata de uma leitura cartesiana, pois a autora em cada capitulo retoma temas anteriores. Bem como não segue idéias lineares, visto que ela vai e volta aos temas históricos e filosófico, desde a grécia até a modernidade.
É uma ótima leitura para quem se interesse pelo tema dos "assuntos humanos"...


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