Toni 20/09/2022
Não perca o fio da meada!
A pergunta é, por que uma criança é o fio condutor de uma narrativa que aborda uma das guerras mais sangrentas da história da humanidade? É preciso mais do que o óbvio pra perceber que um menino de apenas 3 anos que aparece subitamente de dentro de uma mala num campo de concentração é usado com muita sagacidade pelo autor como elemento que dará ornamentação ao enredo, representando tudo aquilo que contrasta com o que é abordado na obra, intolerância x aceitação, violência x doçura, injustiça x isenção, ódio x bem-querer, crueza x delicadeza, enfim; aquela criança simbolizava para os sem liberdade um sopro de luz, vida e esperança para aquele ambiente tão hostil, por isso a afeição despertada por ela foi imediata. Tanto que toda a cadeia de violência pela qual nossos personagens passaram foi em função da rede de proteção que construíram em torno do pequeno, às vezes mesmo de forma inconsciente.
A história retrata todas as fraquezas humanas na sua mais fria e triste versão, onde cada personagem ali inspirado trava antes uma guerra consigo mesmo e que, à flor da pele, pode revelar dois lados, um inapropriado, sombrio e um lado mais iluminado.
"Ao lado do errado existe o certo, como a sombra é a luz. E, da mesma forma que Bochow havia tomado uma decisão errada, ele poderia ter tomado a correta. ",
essas duas faces do desejo inerentes ao homem rendeu à obra todo o mérito que compõem as grandes histórias, sobretudo quando ficção se confunde com vida real e vice-versa, tendo em vista q o próprio autor vivenciou pessoalmente os horrores da guerra.
Demérito da obra?, alguns diriam que os inúmeros nomes esquisitos dificultam amarrar os fios do novelo, mas a obra não é alemã? E, cá entre nós, se vc se debruçar um pouquinho de verdade, não vai perder de jeito nenhum o fio da meada. Boa leitura!!