Carous 29/06/2018Minha vontade é de dar nota 2,5, mas eu estou de bom humor, então 3 estrelas será.
Eu sempre irei enaltecer Let's Talk About Love pela sua representatividade. Alice e Takumi são POCs, embora estejam na categoria cisgênero, sem deficiência e magros - Takumi na da heterossexualidade, mas não é nenhum embuste, o que é um verdadeiro milagre. Mas não se pode ter tudo e, de verdade, eu não estou reclamando porque um pouco de representatividade é sempre melhor que nenhuma e aqui tivemos bastante e bem mostradas. Porém não tenho muito a dizer sobre o livro e nem estou com vontade de me estender na resenha.
Achei o livro meio méh. Alice e Takumi são os personagens que têm mais destaque (ela por ser a protagonista; ele, por ser seu interesse). Achei que as informações sobre Takumi podiam ter sido melhor exploradas, ficou tudo na en passant. Enquanto que Alice foi inteiramente apresentada ao leitor: conhecemos seus gostos, amigos, histórico amoroso com detalhes, sua infância e adolescência e sua controladora família. E eu não esperava menos do que isso uma vez que ela é a personagem central no final das contas.
Eu esperava curtir mais a personagem quando li a sinopse do livro. Como não amar uma seriemaníaca que inclusive faz resenhas dos seriados? Contudo, ao iniciar a leitura, eu percebi que isso foi uma estratégia da escritora para fisgar os leitores que também são seriemaníacos. Muitos atributos dela caem nessa categoria de ser atrativo para o leitor, mas que não são o suficiente para amarmos a personagem. E eu precisava me lembrar com frequência de que Alice tinha 19 anos e não 9. Porque, na real, ela parecia meio imatura.
Mas também pode ser que ela se comporte como jovens de 19 anos e eu que já estou tão longe dessa idade já não me lembre muito bem como é. Admito isso.
Neste livro nenhum personagem me agradou muito, ainda que a classificação para cada um varie bastante.
Com certeza a família da Alice não caiu nas minhas graças. Gostei do discurso dos pais dela sobre como é mais difícil para pessoas negras conquistarem seu espaço e concordo com eles. Os Estados Unidos é racista (o mundo, na verdade), mas isso não é desculpa para nem eles nem os irmãos dela empurrarem o curso de Direito pela goela da Alice mesmo ela dizendo de diversas formas de que não almeja ser advogada.
Tenho amigas que são filhas temporão e nenhuma delas têm irmãos que agem mais como pais do que irmãos. Ainda que algumas tenham sido parcialmente criadas por eles. Sério, essa situação foi muito forçada no livro e parecia que Alice tinha dois pares de pais dominadores que achavam que sabiam de tudo e que Alice tinha que obedecê-los como se fosse um carneirinho. Felizmente ela estava cercada de pessoas que a ouviam e compreendiam. E por si própria conseguiu enfrentar a família, caso contrário ela seria um ótima candidata a ter depressão no meio do curso de Direito.
Além desses chatos, Alice tem dois amigos da vida, Ryan e Feenie. Eu gostei da relação entre eles, mas também achei que o casal (eles namoram) foi um pouco injusto com ela no meio pro fim do livro e a resolução da treta foi meio insatisfatória.
Takumi... o que posso dizer? Ele é legal, metade do livro parece ser perfeito. A relação deles só é definida nos últimos capítulos e eu preferia que terminasse de outro jeito.
E o instalove... aqui especificamente, não me incomodaria se tanto Alice quanto Takumi não tivessem acabado de sair de uma relação que pelos detalhes que eles deram importou muito para eles. Ainda assim, tão logo Alice levou um chute na bunda de Margot e bateu os olhos em Takumi, ela estava apaixonada por ele, chorando debaixo dos lençóis porque não queria amá-lo e eu achei muito desproporcional. Takumi também terminou uma relação de 4 anos e isso o abalou muito, mas ele não agia como se tivesse abalado tanto assim. Foi confuso. E tínhamos tempo entre as páginas para desenvolver o romance melhor.
A assexualidade e o biromantismo foram duas coisas que Claire Kann conseguiu mostrar até bem e eu fiquei feliz de finalmente ser sobre uma personagem assexual que sabe o que é e sabe o que quer.
Não sou muito disso, afirmo que a leitura deste livro fica a critério de cada um. Eu não vi nada demais, pelo número de páginas considero que minha leitura foi bem lenta, confesso que pulei uns trechos porque não aguentava mais estar com este livro tendo tantos outros na fila, mas Let's Talk About Love é ok e teve sorte de ter sido lido no mesmo mês em que eu abandonei Madame Bovary o que funcionou a favor dele.