As brasas

As brasas Sándor Márai




Resenhas - As Brasas


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Flávia Menezes 21/03/2024

O CLÁSSICO MOMENTO DE [HAROLD] PINTER.
?As brasas? é um romance publicado em 1942, escrita por Sándor Károly Henrik Grosschmid, escritor, jornalista, poeta, dramaturgo e romancista de etnia húngara, nascido na Eslováquia, e descrito como um autor que foi um ?verdadeiro amante dos valores morais e civis?.

Com um repertório que remonta mais de noventa obras publicadas entre 1918 e 1988, Márai foi uma figura de notoriedade na intelligentsia húngara,além de ter sido um leitor voraz de Nietzsche, Freud, Spengler, Ortega y Gasset, Gide e Proust, e o tradutor de Kafka para o húngaro, tendo o seu estilo de escrita sido comparado a nomes consagrados como os de Thomas Mann, Robert Musil, Arthur Schnitzler e Gyula Krúdy, escritores de quem (inclusive!) foi contemporâneo.

Neste romance, dois grandes amigos do passado (Henrik, um velho general húngaro aposentado, e Konrad, seu amigo dos tempos da escola militar) voltam a se encontrar após quarenta e um anos em que se mantiveram separados, abrindo as comportas do passado, reavivando a lembrança dos doces tempos da juventude, enquanto vão ateando fogo para reacender a chama de um antigo acerto de contas, que foi o combustível que os manteve vivos por tanto tempo.

Entre a espera e o reencontro, a trama, que é dividida em duas partes (onde em um primeiro momento acompanhamos as memórias pregressas de Henrik, e no segundo, o encontro que tem seu início durante o jantar e segue noite adentro), se aprofunda em um monólogo dramático e repleto de dor e mágoas, neste microcosmo temporal em que o passado se sobrepõe ao presente, e os dois amigos apenas coabitam a cena como meros expectadores desse embate feroz entre o tempo e os sentimentos.

Nas linhas que se seguem, pouco a pouco vai se revelando sem qualquer pressa ou ansiedade, essa tensão entre o passado e as hipóteses que contrariam esse passado, dando forma e tom a trágica epopéia da frustração e expressão ontológica do desmoronamento do homem diante de si mesmo.

O lirismo da prosa de Márai é realmente impressionante, inebriando nossos olhos e mentes com os muitos devaneios e divagações de um protagonista-narrador que nos convida a refletir sobre os valores da amizade, da paixão e da honra.

Enquanto vamos conhecendo em minúcias o perfil psicológico de Henrik, que se abre para nós sem reservas ou anseios de se desnudar até o limite da vergonha e humilhação humana, já Konrad, esse personagem coadjuvante e antagonista, permanece impassível, mantendo-se calado durante todo o tempo. E quando ele fala, é apenas para provocar ainda mais a nossa angústia, sedenta por conhecer toda a verdade.

E nessa agonia de ouvir... e ouvir... e ouvir a monotonia na voz de Henrik que jamais se cala, mas que ao contrário, não se cansa em expor cada ínfimo julgamento seu, o que de fato aguardamos é pelo momento em que Konrad vai se impor, e tomar (enfim!) à frente desta narrativa.

Mas é quando isso parece estar prestes a acontecer, e Henrik solicita que a voz de Konrad se faça ouvir acima da sua, é que o autor nos coloca diante deste clássico ?Pinter´s Moment? (ou ?Pinter´s Pause), em que no silêncio onde as palavras não são ditas, vertem significados.

Mas apesar da elegância e delicadeza desse lirismo, e da construção impecável de um extenso monólogo embriagado pelas emoções inflamadas de Henrik (e que se contrapõe de forma sublime ao silêncio sem qualquer piedade de Konrad), confesso que a beleza e a maestria do romance estão muito mais na sua construção, do que na sua significação.

Ler sobre a idealização infantilizada que Henrik fazia da sua relação no passado com Konrad, e a forma como ele se mostrava indignado e magoado pela ruptura de um vínculo afetivo que para ele parecia ser tão sagrado quanto os laços do matrimônio (se não mais!), chega a ser algo absurdo e até tolo.

Afinal, Henrik não é mais um garoto em idade escolar, mas sim um homem idoso, bem vivido, que assumiu as incontáveis responsabilidades que uma alta patente exige, mas que ainda assim passou páginas e páginas me entediando com sua linguagem infante para falar dessa amizade como se coubesse a ele reivindicar direitos sobre o outro.

Era como se Konrad fosse sua propriedade, ou seu servo, e sua vida estivesse presa a ele como dois gêmeos siameses. Aliás, houveram momentos na narrativa em que Henrik se mostrava como um verdadeiro Hamlet shakespeariano. Digo isso para descrever o nível de insanidade que se observa na fala dele.

E desse perfil pueril, arrogante e com ares de tirania, Henrik passa a se mostrar um homem de uma ingenuidade quase que imaculada, quando fala com surpresa dos atos abomináveis que sua amada e falecida esposa, e aquele que ele considerava o seu melhor amigo, quase como um irmão, cometeram contra ele.

A forma como ele narra o passado utilizando verbos no presente, me dava a ideia de Henrik ser um homem delirante, porque tudo era dito com uma dramaticidade excessiva, e que não caminhava para uma resolução, mas sim para a permanência neste estado de dor e sofrimento (vitimização).

Entendo a licença poética de Márai de escrever essas cenas com uma dramatização agonizante que foca muito mais nas dores do Henrik, do que na verdade que reside por trás do que realmente aconteceu. Mas quando permaneço páginas e mais páginas neste mesmo lugar, nesta mesma dor, nesta linguagem cíclica do narrador que decide que a verdade é o que ele acredita, e não o que o outro tem a lhe dizer, eu confesso que isso me enerva mais do que me encanta.

E o curioso é que por mais que a narrativa denunciasse os pecados atrozes cometidos por Konrad, ainda assim, eu me ligava mais a ele do que a Henrik. E sinto que isso acontecia, porque o que realmente contava (para mim!) na trama era exatamente o que Henrik não podia me dar de jeito algum: a verdade! Algo que se mantinha trancado a sete chaves na alma de Konrad.

A idealização que Henrik tinha sobre amizade era bem contrária à minha. Assim como não consegui concordar com a imagem final que ele faz sobre a paixão. E tudo bem ler sobre algo tão diferente do que eu penso, porque isso é o que há de mais proveitoso na literatura. Mas o caso é que essas eram concepções tão infantes e estúpidas, mesmo com toda essa prosa poética que lhe concede ares de uma respeitável sabedoria, que ao final, sinto como se esse romance não tivesse me acrescentado muita coisa.

De fato, quando olho para a construção da história e tudo o que a escrita de Márai representou (e continua representando) para a cultura húngara e todas as outras descendências que o compõem, eu consigo ver as inúmeras virtudes dessa narrativa que agradou tanto a muitas das pessoas que o favoritaram por aqui.

Mas quando eu paro para observar o seu conteúdo, e na minha singularidade busco pela sua significação, eu não consigo encontrar muito que me prenda a essa história.

E por isso mesmo é que mais do que continuar agindo como Henrik, reclamando perpetuamente os meus desagrados, eu escolho encerrar essa resenha com o meu próprio ?Pinter´s Moment?.
Regis 21/03/2024minha estante
Adorei a resenha, Flávia! ???
Você conseguiu, de maneira primorosa, passar todas as nuances da história, é uma pena que o personagem pareça não ser tão atraente quanto a escrita do autor.


Flávia Menezes 21/03/2024minha estante
Obrigada, minha querida amiga Regis! ?
Que bom que consegui passar exatamente o que eu senti lendo. Porque acho que até pode ser bem proposital do próprio autor mostrá-lo dessa forma para criar a confusão de até que ponto ele é a vítima, mas o caso é que deixou tudo tão cansativo e monótono, que foi difícil manter o interesse, embora a obra seja magnificamente construída. ?????


Ana Sá 21/03/2024minha estante
Amiga, pra sua resenha eu dou um notão, já pro livro eu não daria tantas estrelas não, você foi generosa! rs Nossa, foi muito bom recordar o livro com o seu texto! Falou e disse! :)


Flávia Menezes 21/03/2024minha estante
Amiga Ana, estou me sentindo agora tendo a mesma impressão que você de mais um livro (porque pensarmos igual sobre ?Frankestein? foi tudo!) ??
E obrigada, amiga. Fico lisonjeada de ter uma nota boa nessa resenha. Até porque são tantos amantes de ?As Brasas? por aqui, que fiquei até com receio de criticar! ?


zxsaturno 21/03/2024minha estante
Adorei a resenha! Muito completinha.


Flávia Menezes 21/03/2024minha estante
Ah, Kakau! Muito obrigada!!!! ??


Talys 21/03/2024minha estante
Li recentemente, fiquei encantado com o lirismo da escrita do Márai. Concordo com vc em vários aspectos! Suas resenhas são um primor !


Flávia Menezes 21/03/2024minha estante
Talys, muito obrigada pelas palavras sobre a minha resenha! ??
Um livro de um lirismo encantador! Márai arrasou mesmo na forma como escreve e como construiu essa narrativa. Confesso que fiquei muito instigada com o Konrad! Achei o autor um gênio por nos deixar sem respostas! ??


Núbia Cortinhas 22/03/2024minha estante
Que resenha maravilhosa, amiga!! ??????


Flávia Menezes 22/03/2024minha estante
Núbia, amiga querida, muito obrigada pelas palavras e presença por aqui! ???


Luana 22/03/2024minha estante
??????


Flávia Menezes 22/03/2024minha estante
Lu.. ??


J. Silva 23/03/2024minha estante
Flávia, que bela resenha. Parabéns!


Flávia Menezes 23/03/2024minha estante
Muito obrigada, Jairo!! ???


Fabio.Nunes 23/03/2024minha estante
Kkkk adorei. Só faltou vc dizer "Henrik para de mimimi!".
Mais uma vez, fantástica resenha!


Flávia Menezes 23/03/2024minha estante
Fábio, você adivinhou?porque foi isso que eu pensei mesmo.. Henrik mimizento! ??
Obrigada pelos elogios. São seus olhos gentis! ???




Aryana 17/12/2021

Dois amigos em seu último encontro. Imperdível!
O romance conta a história de dois amigos, Heinrik e Konrad, que se reencontram 41 anos depois da partida súbita de Konrad.
A espera pelo reencontro e a necessidade de entender as motivações de uma série de acontecimentos é o fio condutor da narrativa e também o que manteve os amigos vivos.
O enredo, a princípio simples, traz uma trama muito profunda, que nos faz refletir sobre a importância do tempo no amadurecimento de determinados sentimentos.

Um livro sobre amizade, paixão e vingança escrito de uma forma excepcionalmente sensível e profunda, com uma prosa inteligente, envolvente e lúcida.

"Os homens contribuem para o próprio destino, determinam certos fatos que vão acontecer com eles. Chamam de destino, apertam-no contra si e não se separam mais dele. Agem desse modo mesmo sabendo desde o início que esses atos terão resultados nefastos. O homem e seu destino se realizam reciprocamente, moldando-se um no outro. Não é verdade que o destino se introduz às escondidas em nossa vida: entra pela porta que nós mesmos escancaramos, pondo-nos de lado para convidá-lo a entrar. Na verdade, não há criatura suficientemente forte e inteligente para saber afastar, com palavras e fatos, o destino infausto que, segundo uma lei impecável, deriva de sua índole e de seu caráter".
Brujo 17/12/2021minha estante
Fiquei interessado !!!!


Rodrigo 17/12/2021minha estante
Muito bem!!! ???


Vinicius.Zwarg 26/12/2021minha estante
Baita livro. Imperdível.


Cris 12/06/2022minha estante
Tinha altas expectativas :/ Achei ok só.




Rodrigo 20/03/2022

Sobre amizade, perda e o fogo purificador do tempo
As brasas, de Sándor Márai, meu primeiro livro difícil em 2022... Sabe aquela obra que você reconhece de imediato o seu valor, a beleza do texto, a construção dos personagens... e, ainda assim, se arrasta durante quase um mês de sofrimento, mesmo sendo um livro fininho? Uma luta interna se cria quando leio textos densos demais, a ponto de me sentir preso nas páginas, como numa areia movediça. E, apesar disso, reconheço, o livro é magnífico.

O romance é ambientado na Hungria, em meados do século XX. A narrativa é construída por meio de dois senhores de 75 anos, que não se viam há exatos 41. No passado, amigos inseparáveis, apesar das diferenças marcantes: um rico, criado para ser um aristocrata, mas sem muitos predicados, e o outro oriundo de família humilde, que depositava nele todo orgulho e esperança de dias melhores. Da infância à fase adulta, crescem juntos, frequentam as mesmas escolas e entram juntos no exército, em que pese a carreira militar ser, para o rico, uma vocação, e para o humilde, muito mais voltado às artes, um fardo.

Contudo, em determinado momento no início da vida adulta, tendo um deles já casado, algo inesperado vai interromper bruscamente essa amizade, e esse episódio vai permear o resto da vida de ambos: por 41 anos, os dois homens viverão apenas para o dia em que se encontrarão e esclarecerão as circunstâncias que cercaram aquele dia fatídico. A partir daí, o livro quase que se resume a esse momento: os idosos se reencontrando e acertando as contas do passado num jantar... praticamente um monólogo, já que apenas um relembra cada mísero detalhe que cerca o misterioso episódio do passado.

As circunstâncias e os motivos não são expostos de cara; ao contrário, deve-se ter atenção aos detalhes revelados a conta-gotas ao longo do texto; e, junto com as revelações, há muita sabedoria compartilhada sobre a beleza da amizade, a força das paixões e o peso da honra na vida de um homem; ambos personagens possuem segredos guardados a sete chaves no sótão da alma, e quando, já próximo do fim, essas verdades e suas consequências são escancaradas, o que era lento torna-se sufocante, trazendo à tona um turbilhão de sentimentos igualmente tristes e belos, difíceis de serem descritos.

Ao fundo, um famoso questionamento filosófico recai sobre os dois amigos: a ignorância é uma benção ou melhor suportar o peso da verdade? Mil anos de vida pra quem se lembrou de Algernon e Édipo rei. Então, como encerramento, deixo aqui meus sinceros agradecimentos pela indicação, e, apesar de não ter favoritado, esse livro ganhou meu respeito e admiração.
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Michela Wakami 06/06/2023

Espetacular
Um livro que nos transmite, de várias formas, muitos tipos de sentimentos.
Sentimentos esses que nos marcam a alma.
Impossível terminar essa leitura da mesma forma que a iniciamos.

Amizades e amores verdadeiros, aonde estão, como senti-los e como vivê-los ?
Núbia Cortinhas 06/06/2023minha estante
Linda resenha! Gostei.


Michela Wakami 07/06/2023minha estante
Obrigada, amiga.?


Vanessa.Castilhos 07/06/2023minha estante
Adorei a resenha ?


Michela Wakami 07/06/2023minha estante
Obrigada, amiga.?


Carolina165 07/06/2023minha estante
?????????


Michela Wakami 07/06/2023minha estante
Obrigada, amiga.?




Cinara... 17/09/2020

" Pois o coração humano também tem sua noite, cheia de emoções não menos selvagens que o instinto de caça que atormenta o coração do cervo macho ou do lobo. As paixões ligadas ao sonho, ao desejo, à vaidade, ao egoísmo, ao furor erótico do macho, ao ciúme, à vingança, aninham-se na noite do homem assim como o puma, o abutre e o chacal no deserto da noite oriental. E no coração do homem há instantes em que não é mais noite e ainda não é dia, quando a feras saem se arrastando dos esconderijos tenebrosos da alma, quando nosso coração é agitado por uma paixão que se transforma num gesto de mão, uma paixão que em vão educamos e domesticados anos a fio, às vezes indefinidamente..."


O que foi esse livroooo!!! Olha sinceramente se o encontro de Bentinho e Escobar um dia tivesse acontecido seria exatamente o que foi relatado aqui :o

Um favorito da vida!!!!
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Renata CCS 19/12/2014

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"A incerteza dos acontecimentos, sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento." (Jean Massillon)

Como afirmou Inês Pedrosa, AS BRASAS é um verdadeiro tratado sobre a amizade. Toda a história se passa em uma única noite. Nesta noite, dois amigos de infância – Henrik e Konrad – se reencontram após uma separação de 41 anos e 43 dias para acertarem as contas com o passado. Uma única noite que é passado e presente. Uma única noite que são os 41 anos de silêncio, um silêncio que é também uma forma de traição.

Sándor Márai é um exímio contador de histórias, desses que fazem muita falta atualmente. Sua narrativa é construída sobre um discurso intenso e melódico, uma escrita com sentimento e sofrimento. O livro é conciso, introspectivo, rico. A matéria-prima do livro de Márai é aquele território da existência em que a memória e o passado se confundem com o ressentimento e o presente.

O que achei de mais poderoso nessa obra foi o duelo entre a voz de Henrik e a mudez de Konrad. Não há desejo de vingança naquele que narra, assim como não há passividade naquele que escuta. É uma batalha entre suas vozes e seus silêncios que só é possível entre reais amigos que desencadeiram uma luta na qual já bem sabem que não haverá vitoriosos ou perdedores.

É um romance sobre relações humanas contidas e abafadas, sobre os vínculos que unem ou desunem pessoas, sobre a amizade e seus efeitos benéficos ou danosos, e da procura inútil dos erros, da culpa, e da vida deixada para trás. É sobre existências estagnadas, incapazes de continuar com suas vidas enquanto não encontrarem respostas para todas as suas perguntas.

Este pequeno romance de 176 páginas é de uma profundidade surpreendente! Despeja em cada página as impressões de uma vida coberta de cicatrizes, e nos faz refletir sobre os verdadeiros valores da existência.

Leiam! Simplesmente leiam!


"Fico pensando se a amizade existe realmente. Não me refiro ao prazer ocasional de duas pessoas que se alegram por ter se encontrado num dado momento de suas vidas em que pensam da mesma maneira sobre determinados assuntos, descobrem os mesmos gostos e preferem as mesmas lutas. Nada disso tem a ver com amizade. Às vezes acho que ela representa a relação mais íntima que existe na vida… Talvez por isso seja tão rara. E então, em que se funda? Na simpatia? É um termo impróprio, brando demais: não se pode dizer que a simpatia seja suficiente para levar duas pessoas a se responsabilizarem uma pela outra nas situações mais críticas de suas vidas. Então, em que mais? Não haverá talvez uma pitada de Eros no fundo de todas as relações humanas?"

Arsenio Meira 20/12/2014minha estante
E tu achas que vou perder após resenha tão cativante e carismática?
Abraços


Nanci 12/01/2015minha estante
Ótima resenha, Renata, para um livro marcante. Estou lendo outro Márai, no qual também se discutem as relações humanas: o amor em foco.


Caique 12/01/2015minha estante
Um livro incrível, sem dúvida.


Paty 21/01/2015minha estante
Demais esse livro!




Carolina.Gomes 12/03/2022

Um enredo simples com uma narrativa magistral
Valeu a pena ter furado a fila para finalmente conhecer a narrativa belíssima de Sándor Márai. Só confirmando que a literatura húngara é espetacular, apesar de pouco conhecida e divulgada, entre nós.

A partir do reencontro de dois amigos, 41 anos após um acontecimento misterioso que rompeu o vínculo fraterno que os unia, o leitor se depara com algumas reflexões importantes sobre amizade, fidelidade, amor, maturidade e sobre o silêncio. Assim como Henrik relembra o passado, cada um de nós tem a oportunidade de vivenciar cada episódio que culminou com o afastamento dos dois.

Cheguei a destacar páginas inteiras, de tão envolvida que fui pela narrativa elegante do autor.

Fiquei curiosa para ler outros romances dele. Esse aqui vale a leitura e a releitura, com certeza!

?Sempre sabemos qual é a verdade, essa outra verdade que se esconde atrás de papéis que representamos, das máscaras, das circunstâncias da vida.?
Joao 13/03/2022minha estante
Fiquei bem curioso. Não conheço nada de literatura húngara


Carolina.Gomes 13/03/2022minha estante
Segundo autor húngaro q li. Recomendo.


Isadora1232 13/03/2022minha estante
Fiquei muito curiosa. Adorei a resenha!


Mariana 13/03/2022minha estante
Uaauu!! ? Tbm fiquei tentada!!


Brujo 13/03/2022minha estante
Adorei a resenha !! Me deixou ainda mais animado em começar essa leitura!


Débora 17/03/2022minha estante
Carolina, já leu "A porta", autora húngara também. Recomendo fortemente!???


Carolina.Gomes 17/03/2022minha estante
Não li, Debora! Vou pegar a dica. Obrigada.,


Débora 17/03/2022minha estante
Por nada!?


Ana Sá 05/09/2022minha estante
Carolina, este fim de semana, o dono de um sebo, já na altura dos seus 80 anos, me recomendou fortemente este livro! Ele disse que do muito que leu na vida, este é o livro que ele mais fez questão de vender na sua loja! Calhou de ele ter muitos exemplares e de vender todos, sempre dizendo: "leve! se você não gostar, volte e eu te devolvo o dinheiro!". Ele me falou de forma muito apaixonada... Daí vi sua resenha e fiquei ainda mais certa! Será minha próxima leitura!

Obs.: ele disse "fiz questão de não ler mais nada do autor... impossível uma pessoa escrever desse jeito duas vezes na vida!".


Carolina.Gomes 05/09/2022minha estante
Ana, q lindooo! Amei! Eu fiquei encantada c esse livro. Espero q seja uma experiência incrível p vc, tb.




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

As brasas, Sándor Márai - Nota 10/10
De um lado, Heinrik, general do império austro-húngaro e nascido em uma família aristocrata. De outro, Konrad, seu amigo de infância que, depois de uma tarde aparentemente normal de caça, resolve desaparecer. E passadas mais de quatro décadas desse sumiço, quando os dois “antigos” amigos já estão no final da vida, Konrad aparece para um reencontro.

E o leitor logo se pergunta: quais teriam sido os motivos para o fim de uma amizade tão forte? Essa é a pergunta que vem remoendo e assombrando os pensamentos do general há 41 anos e 43 dias contados. Sim, durante esse longo período, Heinrik sofreu com as possíveis justificativas para esse abandono repentino. As incertezas são uma fonte de sofrimento corrente para o general (o que me lembrou do nosso clássico Dom Casmurro). E o autor sabe como usar esse mistério: vai progredindo na narrativa no ritmo certo, levando o leitor para momentos do passado, desde a infância e juventude dos amigos, para tentar encontrar o verdadeiro motivo para o fim da amizade. As respostas vão aparecendo ao longo do livro, enquanto o leitor acompanha o diálogo profundo e sensível construído pelo autor. O general até suspeita de um possível motivo, mas não consegue acreditar que o amigo poderia traí-lo de tal forma - são tantas dúvidas e rancores alimentados pelo general que o diálogo é, na verdade, um monólogo.

Minuciosamente descrito pelo autor, o cenário por trás dessa história é um dos pontos altos da obra: um castelo na Húngria, cercado por densas florestas, no qual viveram várias gerações de uma família aristocrata. Apesar do pouco número de páginas (cerca de 170), a leitura leva mais tempo, com um texto profundo e detalhado que deve ser aproveitado pelo leitor nos mínimos detalhes. Um clássico sobre amizade, paixão e vingança escritor de forma excepcionalmente sensível e profunda!

“ Como acontece com os que levaram a vida toda se preparando para uma única missão e de repente chega o momento de agir, Konrad sabia que um dia retornaria àquele lugar, e o general sabia que um dia chegaria aquele momento. Foi isso que os manteve em vida.”
Ferreira.Souza 22/01/2021minha estante
livro inquestionável
que vale pela erudição, percepção do mundo




Disotelo 09/10/2021

Um Retrato Borrado da Aristocracia Húngara
Enredo: Dois amigos, com personalidades opostas, se encontram após quarenta e um anos sem se ver, um dos dois inicia um monólogo bastante intenso onde discorre sobre as coisas que levaram ao rompimento de ambos.

Avaliação
Acessibilidade: Muito bom.
Conteúdo: Minha percepção é de que faltou a profundidade necessária para execução daquilo a obra propõe. Pelo que pesquisei, o autor era opositor da psicanalise, pra ele, o segredo interior de cada pessoa não pode ser revelado, a ideia é de que a revelação levaria a uma descaracterização do sujeito. Creio que o autor está equivocado, quem desaba diante da revelação não é o sujeito e sim o ego, por baixo destas revelações ainda existem diversas camadas de revelações que escapam até mesmo do raio de consciência do próprio sujeito. Por mais que um certo segredo seja revelado, restará um outro, e por mais que se tente revelar, a revelação será sempre imprecisa, nossos conteúdos internos não possuem um lastro preciso na realidade concreta.
Trama: Muito bem construída, principalmente no inicio, onde uma expectativa pelo dialogo é gerada no leitor.
Intensidade: O enredo é bastante vívido, mas pra mim não foi tão convincente.
Concisão: Muito bom, livro curto, enredo se atém ao essencial e anda depressa.
Verossimilhança: Existe uma tese de que o general serve, e serve muito bem, para retratar um determinado mentalidade daquela época, imagino que sim, nota-se, no monólogo do protagonista, a expressão de uma cultura.
Mas o foco narrativo é a experiência do trauma emocional e o autor não parece ter muito intimidade com esse contexto, a retrato da dor do general carece de nuance, mais do que isso, me pareceu que o autor tenta compensar a falta de nuance com excessos dramáticos.
Personalidade: Existem trechos bonitos, uma expressão muito forte do mundo aristocrático, mas faltou um pouco de sutileza.
Há, por exemplo, um trecho aonde a narrador descreve a mocinha que fecha o triângulo amoroso como "uma sacerdotisa, uma feiticeira e uma louca ao mesmo tempo" e eu cheguei a ouvir as vozes de Rick e Renner , ao fundo, em minha mente. Outro exemplo, a dinâmica tradicional "primo rico, primo pobre" que, aqui, é executada de forma um pouco caricatural.

Recomendação: Todos os meus conhecidos que leram gostaram deste livro, eu sou a única exceção, então, eu recomendo a todos que não são meio chatonildos como eu, basta olhar diversos potos positivos da obra, ressaltados por outras resenhas aqui presentes.

site: https://www.facebook.com/diego.sotelo.982/
Natalie Lagedo 11/10/2021minha estante
Sempre tive curiosidade em ler As Brasas, mas ainda sem prazo pra isso.


Disotelo 11/10/2021minha estante
O livro é bem curto, seria interessante ler sua resenha, caso leia.




Christian.Tharlen 14/08/2022

O que são as Brasas?
Terminei esse livro com mais qustionamentos do que respostas.
O envelhecer é um mistério, no entanto quem sabe envelhecer em paz? Quem consegue viver uma vida sem arrependimentos e questões mal resolvidas?
Ter a oportunidade de um último reencontro com o passado pode lhe deixar morrer em paz?
Por que algumas amizades não permanece?
Um texto escrito com tanta sensibilidade e tanta força como esse merece ser reconhecido.
Uma pena a editora Companhia das Letras não publicar mais obras do autor.
Julia 10/10/2022minha estante
tem "Veredito em Canudos" do autor que é foda! (e sim, em Canudos, ele escreveu sobre o Brasil!)


Christian.Tharlen 30/11/2022minha estante
Julia, eu conheço essa obra do autor ainda não li mas conheço.
Dele eu gostaria de ler Divórcio em Buda, no entanto não encontro pra comprar.


Julia 01/12/2022minha estante
Eu tô doida pra ler Jogo de cena em Bolzano




Alex 10/02/2024

Uma ode à amizade
Em as Brasas, nos deparamos com uma obra de arte em palavras, e ainda assim, o autor húngaro, atribui-lhe a pecha de, uma de suas obras menores.

Pois bem, pelo contrário, essa é uma obra de um refinamento ímpar. Conta a história sob a perspectiva de um velho general, que no alto seu castelo, nos Carpatos, aguardou 41 anos por um diálogo com seu interlocutor.

Nessa noite - o livro se passa em uma conversa de uma noite - recheada de flashbacks, os dois conversarão sobre amizade, lealdade, amores, sociedade. Sobre tristezas, derrotas e traições. Nessa noite, um fato não explicado há 41 anos será desvendado. Nessa noite essa amizade se restaura ou morre.

Com uma narrativa ímpar, o autor exibe domínio absoluto sobre a narrativa, mostrando exatamente como contar uma história.

Fluído e sombrio, terno em sentimentos e musical, emocionante e chocante, ?As brasas? é uma leitura pouco conhecida, mas que merece estar no panteão, entre os melhores.
Brujo 12/02/2024minha estante
Sou louco pra ler esse livro !


Alex 12/02/2024minha estante
Brujo, eu nunca tinha ouvido falar, mas fui presenteado com um exemplar, que presente, é magnífico.


Brujo 12/02/2024minha estante
Vou colocar aqui na fila de leitura ! E é curtinho, né?




Paty 04/04/2014

Um pequeno romance de 176 páginas vai ganhando uma profundidade surpreendente e despejando sua essência questionadora embrulhada pela força que têm as memórias na vida do homem.

É quase um tratado sobre a natureza humana.

Um Dom Casmurro do Império Austro-Húngaro!

LEIAM !!!!!
Nanci 04/04/2014minha estante
Paty:

Concordo inteiramente com você. [Seu poder de síntese me assombra].

Beijos.


Arsenio Meira 04/04/2014minha estante
Patty,

Seu chamado é uma ordem!
Vou ler.
Abraços




Rodrigo1001 22/03/2020

Requinte extremo (Sem Spoilers)
O tipo de livro em que o mundo se derrete ao seu redor enquanto você se senta, lê e sonha. O leitor observa as palavras se desenrolarem, criando uma obra-prima de emoção e muita eloqüência.

A ambientação é um esplendor em si: com descrições curtas e certeiras, o escritor consegue nos fazer imaginar o ambiente com espantosa vivacidade - as brasas na lareira, as velas sob a mesa, o contorno cinza na parede onde outrora havia um quadro, o lusco fusco de uma manhã. Comprova que, ao contrário de escritores que se debruçam sob os mínimos detalhes, bastam as palavras certas, econômicas, pra dar vida ao ambiente.

Pra te adiantar o enredo, trata-se de um livro de basicamente quatro personagens - dois homens e duas mulheres - que são tragicamente unidos por amizade, amor e paixão. É, antes de tudo, uma ode à verdadeira amizade.

Dito isso, poucos escritores modernos conseguem ajustar o amor puro, descompromissado de uma amizade sincera à linguagem e à narração de histórias como neste. Há um solilóquio gigantesco próximo da metade do livro que se estende praticamente até o final. Esperamos uma segunda voz, um outro ponto de vista, mas não é necessário. Nesta obra, não é o ato de se ter certeza sobre algo que conta - o que importa são os sentimentos aprisionados durante 41 anos.

Leva 4.5 de 5 estrelas.

Passagem interessante:

"Nesse instante, ambos perceberam que o que lhes dera força para se manterem vivos nos anos e anos que tinham se passado era a expectativa de se encontrarem [...]. Foi isso que os manteve em vida" (pg 63)
edu basílio 22/03/2020minha estante
requinte é essa resenha, sir :-)


Rodrigo1001 22/03/2020minha estante
Não se equipara ao teu cavalheirismo, Edu. Obrigado por comentar.


Lo 14/04/2020minha estante
Amei a resenha, parabéns!


Rodrigo1001 28/04/2020minha estante
Muito obrigado, Lo.




otxjunior 16/04/2021

As Brasas, Sándor Márai
Enquanto não desconfiava do motivo do encontro que monopolizaria a segunda metade deste curto romance, estava completamente investido em sua leitura. A preparação para o jantar/duelo entre dois amigos que não se veem há mais de quarenta e um anos é feita de maneira muito intrigante e com passagens de prosa sublime, à medida que acompanhamos a formação deste relacionamento e os anos felizes que se seguiram até um episódio controverso que viria separar essas pessoas por tanto tempo e definiria suas vidas para sempre. O general recluso vê na visita inesperada uma chance de alcançar a verdade, não antes de palestrar quase que ininterruptamente acerca de amizade, sobretudo a masculina (existe outra forma de tão nobre relação?), traição, vingança e autoconhecimento.
Neste aspecto, recordei de uma leitura recente que fiz, em que o protagonista alimenta seu interlocutor com uma filosofia prolixa e ambígua, fazendo do romance um ensaio teórico. Assim como em A Queda, de Albert Camus, a estrutura de monólogo me cansou, principalmente ao perceber que o tratado do narrador parece ser definido à medida que é externalizado. Embora houve momentos de particular identificação com seu discurso, alguns trechos soaram questionáveis, até porque quem fala não está totalmente certo sobre eles. A angustiada espera da personagem, simbolicamente, é igual ao período compreendido entre o início da noite até o fim da reunião quando na antiga lareira só restavam brasas. Pois o tempo basicamente parou naquelas últimas décadas. De maneira que o cenário aparenta ser mais antigo do que é, retomando o ano do episódio chave da trama.
No fim, não pude evitar o sentimento de frustração depois de uma introdução tão promissora, inclusive com a apresentação de uma forte personagem, Nini, a governanta, de quem esperei maior participação. E também deixei a leitura fascinado com a figura do autor e os paralelos de sua vida com a de seu solitário e amargurado personagem. Conhecer o fim daquele pode oferecer uma pista para o destino deste. O sentimento de compaixão atribuído a seu parceiro de uma época perdida pode também ser estendido a ele, que parece amar a amizade mais que o recipiente de seu afeto, do qual ele se mostra tão profundamente carente. Ou a dúvida à superestimada verdade.
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Francisco240 23/04/2022

Brasas ardentes de vingança ou amizade?
Um livro bom com fortes traços autobiográficos que se desenrolam nas entrelinhas dos diálogos que são muito interessantes e se refletem e si mesmos.
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