Dayane.Farinacio 23/05/2022
Vale a pena sim, mas com ressalvas
Até os 40% li numa sentada só, porque queria saber qual doidera aconteceria no próximo capítulo kkkk. Lá pelos 60%, porém, o livro começa a arrastar um pouco, parte pra outras linhas dentro do enredo, mais para a parte política, e quando volta para a questão dos sonhos, já está muito próximo do final e o autor começa a correr, deixando essas informações meio soltas. A impressão que dá é que ele já estava atingindo o número de páginas acertadas com a editora e não deu conta de colocar tudo nos 40% que restavam kkkk.
Até por conta disso, essas duas linhas, do sonho e da política, não ficaram muito bem conectadas, na minha opinião, e o enredo trazido lá no início do livro não ficou muito bem resolvido/explicado.
Outra coisa que me incomodou, foram as descrições e comentários sobre os corpos de alguns personagens, com teor gordofóbico, e alguns trechos que envolvem personagens femininas, que são sexualizados sem muito contexto. Sendo escrito em 2017, não sei até que ponto essas discussões já estavam no radar do autor, na época que escreveu, mas vale a observação.
Agora falando sobre os pontos positivos kkkk: a escrita do autor é simples, mas poética e bonita ao mesmo tempo, é difícil explicar. Os trechos sobre os sonhos e o papel deles nas nossas vidas são especialmente delicados - inclusive acho que os psicólogos junguianos vão gostar muito rsrsrs. Vale ficar com uma marca-texto ou post-it ao lado (se você não se importa de marcar hehe).
Fora isso, é uma história com vários elementos históricos, que nos ajuda a conhecer um pouco mais sobre Angola, suas questões políticas e relações internacionais, e os dilemas que as pessoas do país enfrentam, muitas vezes. Em ano eleitoral, pode ser uma boa olhar com cuidado para a parte política da história e pensar sobre.
Então, depois do textão, o balanço é: vale a leitura sim, mesmo com as ressalvas em mente. Também quero dar uma nova chance para Agualusa, com o Vendedor de Passados, a obra premiada dele.