Ley 22/12/2022comecei pensando ser levinho, mas holly black sempre surpreendeHolly Black é bem conhecida pela trilogia O Povo do Ar, com suas histórias sobre fadas e suas intrigas políticas. No último livro, A Rainha do Nada, há algumas menções de personagens que participam da história, mas não são tão relevantes para o núcleo do enredo. Entretanto, alguns deles têm suas histórias. É provável que quem tenha lido O Povo do Ar possa ter topado com alguns spoilers, mas como disse, as referências são tão rápidas que muitos leitores podem ignorar e acabar nem pegando tais spoilers.
Em Tithe, a leitura acompanha Kaye, uma adolescente com uma vida bastante precoce. Ela não frequenta a escola, acompanha sua mãe em shows adultos, e pratica várias outras ações que podemos considerar bem problemáticas para sua idade. Apesar de ter pouca idade, e muitos pensarem que seja um livro adolescente, não creio que seja o caso. Esse é o primeiro livro da autora ambientado nesse universo, mas já possui fatos bem chocantes, como a realidade da personagem e acontecimentos futuros.
Após alguém tentar matar a mãe de Kaye, as duas voltam para a cidade de sua avó e decidem ficar por um tempo. Esta foi a cidade em que Kaye cresceu, e ainda lembra das criaturas que falavam com ela e lhe faziam companhia. Parecia histórias de uma criança com imaginação fértil para quem ouvisse, mas para a protagonista sempre foi real.
Em sua volta para a cidade, ela procura seus antigos amigos, e se depara com outra pessoa. É possível que esse encontro possa lhe proporcionar algumas respostas sobre os seres que aparentemente apenas ela vê, e talvez mais perguntas sobre o que mais está escondido dela. Seu retorno é como uma chave para novos acontecimentos, reencontros e até novas amizades.
A familiaridade com o universo da autora não me fez estranhar o modo como a história foi desenvolvida. Meu maior choque foi sair de livros juvenis (O Príncipe Cruel), e me deparar com essa história, onde a protagonista era precoce e a escrita mais crua. Há mais sangue e de certa forma, possui um enredo mais cruel. Contudo, esse é um livro rápido e não deixa de ser muito bom.
Após entender mais sobre a protagonista, o estranho que encontrou e todos os acontecimentos que a cercam, até sua realidade fica mais aceitável, assim como sua conduta. Ela é uma jovem que experimenta de tudo, então foi estranho me adaptar com essa visão e sua impulsividade.
Essa apresentação do universo das fadas já apresenta uma boa dose de intrigas, o que mostra que mesmo no início, nos anos 2000, Holly Black já tinha um bom domínio de construir seus personagens e tecer uma trama convincente de outro mundo. A história acontece tanto no mundo mortal quanto no mundo das fadas, a partir de certo ponto, é um plano bem moldado tanto para quem está começando a ler as histórias quanto para quem está voltando à ela.
Pode ser um livro mais difícil para alguns, mas para mim foi bem rápido e com uma história muito boa. Não há tantos vislumbres de romance, mas a autora entrega merecidas migalhas. A narrativa tem um fim ainda nesse volume, o que é ótimo para quem gosta de histórias independentes e rápidas.
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