Rascunho com Café 10/03/2015
A prova de fogo da série
Todo mundo que lê sagas sabe que sempre tem aquele livro que é o tormento da série, aquele que você lê se arrastando e querendo estrangular o autor. “Mago e Vidro” é esse livro. Antes que me crucifiquem, ele não é necessariamente ruim, mas está bem longe de ser o melhor da série.
Depois de se escaparem da morte iminente que o terrível mono Blaine os havia imposto, Roland e seus companheiros seguem por uma versão alternativa e pós-apocalíptica do Kansas. Ali Roland decide finalmente se abrir com seus amigos e contar um parte de seu passado. A ideia de saber do passado do Roland logo me deixou animada, especialmente porque eu tinha muita curiosidade em conhecer o Cuthbert, melhor amigo de Roland que frequentemente aparece em suas referências, especialmente quando ele compara Eddie ao amigo.
E sim, Cuthbert aparece no flashback (melhor pessoa), assim como Alain e a tal da Susan, grande amor de Roland. Não quero contar as circunstâncias que envolvem Susan, porque ia dar muito pano pra manga e a minha ideia com essa resenha não é fazer um resumo do livro, mas basta dizer que Roland chega em Mejis, cidade da moça, e que ao vê-la tem um momento de Jade e Lucas de “O Clone” (Somente por amor a gente põe a mão no fogo da paixão ♫). Lindo né? O problema é que a moça está prometida ao prefeito (um cara de 80 anos, aliás) e não pode perder a virgindade com outra pessoa.
Somado a essa tensão sexual-amorosa de Roland e Susan, Cuthbert (amoreco da titia) arruma confusão com três assassinos na cidade, fazendo com que Roland e cia. fiquem na mira dos tais “Caçadores do Grande Caixão”, como os caras são chamados. O grande problema para mim nesse livro foi o romance de Roland e Susan, não é que eu não goste de romance, eu gosto, mas ali ficou deslocado, forçado, e o pior de tudo, extenso demais. Foram bem umas 500 páginas de chove e não molha, e quando molhou foram mais 200 páginas de tensão pré-clímax. Gente do céu.
Outra coisa que me deixou furiosa com e leitura desse livro foi o Roland. O pistoleiro sisudo, esperto, com um senso de perigo incrível ali se torna um verdadeiro babaca quando se apaixona. Roland deixou suas responsabilidades em segundo plano, permitindo que o perigo que os rondava ficasse cada vez mais próximo, foi descuidado e me irritava ver que enquanto os amigos dele corriam perigo, ele não estava nem aí, só ligava pro chá de calcinha que a Susan dava nele.
O que salva o livro são as cenas de ação, sendo que a melhor foi a cena em que Cuthbert salva Sheemie, um faz-tudo de um bar, de ser morto por um dos caçadores do caixão (criando o grande problema com os assassinos) e as cenas do presente, com Roland e seus companheiros embarcando em uma viagem non-sense para o Mundo de Oz. Pra não dizer que o livro é uma decepção completa, preciso dizer que há muita sabedoria no livro, e apesar da trama ser enrolada e extensa demais, o livro é muito bem escrito e o mais sentimental da série, algo que permitiu trazer à tona um outro lado do Roland, assim como seus medos de decepcionar seus novos amigos e levá-los a morte.
Também preciso dizer que me decepcionei muito com esse livro, porque eu esperava que o amor de Susan e Roland fosse algo mais denso, mais maduro, e não algo tão jovial, explosivo, irresponsável, amor de primeira vista e raso de conhecimento um do outro. Eu espero do fundo do meu coração que Lobos de Calla seja melhor, e acredito que vai ser, já que a Susan, para felicidade geral da nação, está morta (e não é spoiler gente, ele diz que ela está morta desde o Pistoleiro). Aos que pretendem embarcar na leitura do quarto livro da Torre Negra já fiquem avisados de antemão: paciência gafanhoto.
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