Recordações do Escrivão Isaías Caminha

Recordações do Escrivão Isaías Caminha Lima Barreto




Resenhas - Recordações do Escrivão Isaías Caminha


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Tatiane 31/08/2021

Mais atual impossível!
Branca, de classe média-alta, vejo hoje, com os posicionamentos absurdos de pessoas tão próximas a mim que simplesmente ler não significa entender e ressignificar o mundo em que vivemos. É preciso ler com profundidade, refletindo sobre o que os autores e as obras nos abrem, nos apresentam. Se estivermos de olhos e alma fechados, não conseguiremos enxergar por mais que sejamos leitores vorazes.

Reli nos últimos dias "Recordações do Escrivão Isaías Caminha". A primeira leitura que fiz foi em 1998. Não me lembrava. Após reler, também neste mesmo mês, "Triste fim de Policarpo Quaresma" e ler pela primeira vez "Clara dos Anjos", fui arrebatada pela dor e pelo sofrimento de Lima Barreto, pelas suas lutas e denúncias, infelizmente ainda atuais e urgentes.

É preciso encarar o racismo e atuar contra os nossos preconceitos tão enraizados que não conseguimos, muitas vezes, enxergá-los em nós.

A arte nos apresenta o mundo. É preciso mergulhar de cabeça nela.
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Marquim 21/08/2021

LB - Recordações do escrivão Isaías Caminha
Então...
Eu não achei a leitura muito agradável não. A trama da história poderia até ser mais interessante, mas não sei de que maneira.

A trajetória de Caminha ao sair do seio de sua família, da pobreza, do mundo de preconceito pelo qual estava rodeado e da incompreensão daqueles ao seu redor me pareceu muito simples, fajuta.

Eu, sinceramente, esperava mais. Os momentos em que as personagens se encontravam na redação do jornal (a maior parte do tempo) me pareceram por demais enfadonhos.
É um livro mais ou menos...
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Bruno Oliveira 10/07/2021

Apontamentos sobre Isaías Caminha
Segundo o próprio autor, Recordações do Escrivão Isaías Caminha foi escrito para “escandalizar e desagradar”. Quando foi publicado, escandalizou; atualmente, acho que apenas desagrada.

Isaías Caminha, jovem negro do começo do século passado, bem educado e com aspirações intelectuais, sai do interior e vai ao Rio de Janeiro (capital brasileira na época) tentar a vida. O destino de um negro com aspirações intelectuais é interessante por si só dadas as questões ao redor de sua cor, contudo o livro se dirige menos para a trajetória de vida do personagem e mais para sua vida profissional. Depois que Isaías consegue um trabalho nos jornais, suas recordações se tornam uma espécie de exposição do funcionamento (e problemas) do mundo do jornalismo.

Para compor os personagens que o habitam, Lima Barreto se inspirou em pessoas reais ─ o leitor da época poderia divertir-se tentando desvendar qual personagem representava qual pessoa. Para nós que não temos qualquer ideia de quem eram tais pessoas, entretanto, esse divertimento inexiste. Parte da graça do livro desaparece por estar fora dele.

Além dessa exposição dos personagens, o livro também apresenta a descoberta (e frustração) do protagonista com relação à imprensa. Como ele tem uma boa formação educacional e uma aspiração intelectual sincera (sendo uma espécie de alter ego do autor), sua perspectiva desse novo trabalho é bastante negativa. A descoberta de como funcionam as publicações, reportagens, os patrocínios, conchavos, ou mesmo de como são simplórios e vaidosos os homens da imprensa, choca profundamente o protagonista, que vai se dando conta do quanto o jornalismo é sujo, mentiroso e interessado. Nada que não saibamos muito bem.

No entanto, suspeito que tais coisas fossem novidades para o público daquele período, sendo mais interessantes de se ler naquela época do que são agora, o que explica um pouco da perda de relevância do livro para nós. Há capítulos e mais capítulos na obra sobre o funcionamento do jornal e suas falcatruas, algo que, no todo, concorre para a sensação esquisita de que a história de Isaías começa nos primeiros, faz uma pausa imensa durante seus anos na imprensa, e volta lá pelos últimos capítulos quando ele volta a falar de si mesmo. Talvez eu esteja exagerando, mas não muito.

Ao longo desses vários capítulos sobre jornalismo o autor até tenta construir certo sentimento de decepção com o mundo e seus mecanismos. Esse seria o recheio da obra: a relação entre a percepção dos problemas da imprensa e o sentimento de decepção com a vida. Na prática, porém, os trechos que trabalham especificamente os sentimentos e relações de Isaías são superiores aos que tentam expor esses sentimentos por detrás de suas críticas.

Inclusive, separei um trecho em que Isaías começa, lá pelo fim do livro, a desenvolver uma relação pessoal com seu chefe:

“Percebi que o espantava muito o dizer-lhe que tivera mãe, que nascera num ambiente familiar e que me educara. Isso, para ele, era extraordinário. O que me parecia extraordinário nas minhas aventuras, ele achava natural; mas ter eu mãe que me ensinasse a comer com o garfo, isso era excepcional. Só atinei com esse seu intimo pensamento mais tarde. Para ele, como para toda a gente mais ou menos letrada do Brasil, os homens e as mulheres do meu nascimento são todos iguais, mais iguais ainda que os cães de suas chácaras. Os homens são uns malandros, pianistas, parlapatões quando aprendem alguma coisa, fósforos dos politicões; as mulheres (a noção aí é mais simples) são naturalmente fêmeas.” (XIV)

Particularmente, o que mais gosto em Lima Barreto é sua crítica à mediocridade. O protagonista de Triste fim de Policarpo Quaresma, por exemplo, convive com militares imbecis que aspiram o reconhecimento, porém são apenas pessoas pequenas e broncas. Já Isaías está circundado por homens medíocres os quais só tem notabilidade graças à sua atuação na imprensa: eles são toscos, mas toscos cujas opiniões são públicas e patrocinadas. Somente submetendo-se a eles é que Isaías pode trabalhar e sobreviver.

Trocar cotidianamente a dignidade pelo pão, calar-se diante da estupidez e da desonestidade alheia para não perder o pouco que se tem, em suma, submeter-se ao que é baixo, medíocre e moralmente sinuoso para sobreviver, é algo terrível e que estiola Isaías pouco a pouco, destruindo suas aspirações.

Ocorre que a baixaria do meio intelectual não só trai a intelectualidade como também deixa sem lar aqueles que venceram barreiras sociais para adquirir conhecimento, não podendo voltar de onde vieram. Não há volta para aqueles que tiveram a estranha ideia de “contrariar estatísticas” e se envolver em esferas sociais às quais não lhe foram legadas por nascimento. Ser um negro estudado do século passado significa que Isaías não encontra lugar entre os pobres com os quais cresceu, ao mesmo tempo em que também não pode habitar o mundo branco do jornalismo.

Nesse sentido, Isaías (e Lima Barreto?) é alguém cuja vida depende daquilo que o exaure pouco a pouco e que também não pode voltar às próprias origens ─ de que serviria um intelectual negro na terra das enxadas, afinal? Anos antes, Lima Barreto chegou a escrever: “Eu tenho muita simpatia pela gente pobre do Brasil, especialmente pelos de cor, mas não me é possível transformar essa simpatia literária, artística, por assim dizer, em vida comum com eles”. A relação entre autor e protagonista é bastante direta nesse caso.

Para concluir, penso que Recordações do Escrivão Isaías Caminha não é uma grande obra literária. Muito do livro perdeu relevância com o tempo (talvez não para historiadores da imprensa) e aquilo que ele possui de melhor é o menos abordado pelo autor. Apesar disso, por detrás das insuficiências de Isaías Caminha, está esse intelectual superabundante chamado Lima Barreto. Creio que seja pouco importante que o meio que ele tenha escolhido para expressar sua mensagem não seja o que há de melhor em nossa literatura. A riqueza do homem, de algum modo, ainda está lá.

site: https://aoinvesdoinverso.wordpress.com/
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Bia 28/06/2021

É incrível como Lima Barreto consegue fazer tantas críticas em apenas um livro. Ele critica preconceitos raciais, figuras políticas e até o clero. Mas o mais forte é a crítica ao jornalismo (que era a profissão do próprio autor) e todas as hipocrisias e corrupções que aconteciam em uma redação.
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Ana 26/04/2021

Não teria lido esse livro se o Alec do UmBookaholic (https://www.youtube.com/watch?v=hI0CY8KKAQQ ) não tivesse escolhido-o para leitura coletiva e não teria entendido tanto quanto entendi sobre a obra/autor sem a aula incrível que a Taty do Vá Ler Um Livro (https://www.youtube.com/watch?v=5cwUSPQosac) fez. E tem gente que ainda dúvida do trabalho que canais literários fazem!!!

Acho que se pode dividir esse livro em três momentos: a saída do Isaías e caminho até o Rio de Janeiro; a chegada e procura por trabalho e o trabalho dentro da redação de um jornal. Nesses três momentos o racismo aparece em diferentes níveis e, acredito que dependendo do grau de atenção do leitor ou de informação sobre o assunto, isso pode passar despercebido por um leitor desavisado, mas está lá - infelizmente quase tão intrínseco quanto a vivencia de um corpo assim.

Das três, gostei mais da primeira parte como um todo, mas a última parte (que é quando o Isaías tira conclusões sobre sua mudança na capital) tem cenas muito bonitas e acontecem várias coisas que não esperava, mas amei mesmo assim kkkkkkkk

É engraçado (para não se dizer trágico) pensar que esse livro tem mais de 110 anos e algumas coisas permanencem tão atuais. Tem algumas que achei engraçado foi de perceber o quanto são antigas: Buenos Aires ser vista como uma capital europeia, o poder e manipulação midiática....

Sendo esse o primeiro livro do autor, senti também traços do que vai se tornar O Triste Fim de Policarpo Quaresma e no último capítulo (na minha opinão, o qual o autor mais opina francamente sobre alguns posicionamentos) ele até chega a dizer: "Cinco capítulos da minha Clara estão na gaveta; o livro há de sair..."

Enfim, gostei muito do livro e estou bem animada a continuar lendo mais sobre o autor. Entendo agora o porquê de na época ele ser tão recharchado e agora cada vez mais urgente seu resgaste.

"Percebi que me viam como exceção; e, tendo sentido que a minha instrução era mais sólida e mais cuidada que a maioria deles, apesar de todos os seus diplomas e títulos, fiquei animado, como ainda estou, a contradizer tão malignas e infames opiniões, seja em que terreno for, com obras sentidas e pensadas, que imagino ter força para realizá-las, não pelo talento, que julgo não ser muito grande em mim, mas pela sinceridade da minha revolta que vem bem do Amor e não do Ódio, como podem supor." p. 284
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Marcos-1771 19/03/2021

Vemos um futuro repetir o passado.
Este livro de Lima Barreto não me prendeu tanto, demorei pra terminar, mas consegui.

A história conta a vida de um menino pobre que vai para a capital em busca de uma vida melhor, vai estudar e trabalhar. Vemos isso acontecer bastante no Brasil, principalmente nas regiões norte e nordeste.
Chegando lá a vida se mostra difícil e cheia de desafios. Não consegue realizar todos os seus sonhos e objetivos, acaba trabalhando em um jornal. Então, o livro começa a demonstrar a vida nos jornais daquela época, que talvez não seja tão diferente dos dias atuais.
Um livro que fala sobre o poder da imprensa, pobreza, racismo e tudo que ainda perdura nesse Brasil do século XXI.

É um livro regular para quem gosta de literatura nacional.
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Germana 17/03/2021

Me deu ressaca
estava animada para ler, mas me decepcionei.
Tem partes bem legais, poucas.
Não consegui gostar deste livro mas ainda quero ler outra coisa do Lima Barreto.
o Leiva que era o melhor personagem, participou tão pouco.
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Diego 05/03/2021

Crítico social mordaz
Um livro muito interessante: ao tempo em que faz um crítica mordaz da sociedade carioca do início do século passado, capital do país, palco das intrigas palacianas e de um extremado provincianismo, nos mostra o quão pouco algumas coisas mudaram em mais de cem anos.
É também um apanhado, igualmente mordaz, das vaidades e da vida no meio jornalístico que, também, pouco parece ter mudado neste tempo.
Leitura prazeirosa!
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Jorge 27/02/2021

O Primeiro Clássico a Gente Nunca Esquece
Esse foi minha primeira experiência com um clássico da literatura brasileira, e infelizmente tenho que dizer que não foi a melhor experiência... Não é um livro ruim, mas não caiu no meu gosto
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Isa 22/02/2021

A literatura libertadora de Lima Barreto
Ainda na adolescência tive contato com algumas obras de Lima Barreto. Foi com imenso prazer que revisitei a literatura desse autor, desta vez o sabendo como escritor negro e reconhecendo-o como tal em cada linha deste livro. Pelas palavras e memórias expressivas de Isaías Caminha, vamos nos aproximando de um passado marcado pelo racismo, e assim como o próprio personagem, vamos percebendo o preconceito a medida que Isaías vai se achegando no Rio de Janeiro; algumas pessoas o tratam de forma hostil, e em sua ingenuidade, Isaías demora a entender a razão de tal comportamento destilado a ele. O momento em que o escrivão descobre o porquê de tanta hostilidade contra ele, um estudante, é doloroso. Ele não é visto como estudante, como intelectual, como pessoa, nem mesmo pelas pessoas que teoricamente deveriam atuar em defender os seus direitos.
O que mais me chamou atenção, é que Isaías (e aqui consigo ler o sentimento do próprio Lima Barreto) demonstra esperanças em um mundo onde palavras usadas de forma pejorativa não farão mais sentido. E me entristece viver em um mundo em que ainda temos que lutar contra elas...
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Bia 19/02/2021

Esse livro permite o leitor visualizar e refletir sobre várias questões, desde políticas até sociais. Nesse sentindo, sob uma perspectiva social, essa obra apresenta uma boa visualização sobre como o negro era tratado alguns anos após a abolição da escravatura. Assim, a partir desse livro e possível se pensar bem claramente o quanto a abolição foi importante e necessária, mas que ainda necessitava de políticas e ações que conseguissem realocar essas população escravizada, pois assim como Isaías, massa continuava a ser excluída em todos os campos da sociedade.
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Paula1882 06/02/2021

Um livro muito interessante pra entender a questão racial na sociedade brasileira do início do século XX, mas os capítulos que falam sobre o jornal O Globo tornaram a leitura bem cansativa pra mim.
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