Eric.Goncalves 29/07/2019O que nos torna solitários? O nosso medo do mundo ou o medo de mostrar ao mundo quem nós somos?A editora pipoca e nanquim lançou mais uma belíssima obra do francês Christophe Chabouté. Corremos pra garantir o nosso logo na pré-venda e ainda conseguimos um bookplate autografado pelo autor.
A edição é muito bem produzida, desde a acertada escolha na tradução do título até a edição física propriamente dita.
Apesar de não ser completamente mudo como 'Um Pedaço de Madeira e Aço' Chabouté também usa poucas falas pra narrar esta história - e é aí que está a magia!
O silêncio é parte fundamental do enredo. Vemos dois personagens com vivências completamente diferentes mas que demostram as marcas que a solidão deixou, as cicatrizes que lhes foram impostas pela vida.
Talvez por isso um dos personagens fosse a única pessoa naquele cenário que visse o protagonista de uma forma diferente e entendesse as particularidades de suas necessidades. O único lhe oferecer alguma escolha.
A forma com que o autor desenha as expressões, o jeito com que vai conduzindo os acontecimentos em ritmos diferentes de acordo com o que a história pede, comunica tudo o que é necessário para nos deixar imersos no conto. Ele consegue criar empatia apenas demonstrando as emoções dos personagens, nos deixando comovidos e criando proximidade com o leitor. Não são poucos os momentos em que passamos de um sentimento para outro em uma virada de página.
Apesar de ter seu protagonista fisicamente isolado do mundo, solitário nos permite analisar as prisões metafóricas em que vivemos. Nosso comodismo em viver em nossa bolha, nos contentando em viver com pequenas experiências do mundo lá fora, sem coragem de sair e descobrir com nossos próprios olhos.
Nosso protagonista tem como melhor amiga a imaginação. Mas imaginar apenas não basta. É preciso sentir. Ver e viver. Solitário nos ensina que em algum momento, por mais tarde que seja, nossa melhor amiga se torna a coragem.
site:
https://www.instagram.com/badrainblog/