Henrique Boechat 04/01/2019
Para que temer a morte?
A morte é, provavelmente, o maior tabu entre as pessoas. Não se fala sobre ela e tenta-se a todo custo afastá-la de pensamentos. Alguns acreditam até que a morte pode ser uma espécie de mau agouro ao ter seu nome pronunciado. Porém, tudo isto é em vão. Mais cedo ou mais tarde, ela chega. Quem nunca ouviu a célebre frase, que diz que a morte “é a única certeza da vida”?
Mas refletir sobre a finitude da vida (terrena, nesta encarnação, para deixar claro) pode ser bastante benéfico. Em “A morte na visão do Espiritismo”, Alexandre Caldini Neto explica, baseado na doutrina espírita codificada por Allan Kardec, que a morte é somente a passagem da vida terrena (encarnada) para a puramente espiritual (desencarnada), e que não há nada demais nisso, pois é um fenômeno tão natural quanto fazer aniversário.
Ao ler a obra, logo se percebe que o autor conversa com Maria, filha de um amigo seu, e que este bate-papo se deu quando ela perdeu sua mãe, ocasião em que o autor explicava a Maria como o Espiritismo entendia a morte, e isso foi a inspiração para escrever o livro.
Logo no início, o autor tem a preocupação de traçar algumas linhas sobre os fundamentos da doutrina espírita, para o correto entendimento de muitas informações que serão passadas mais à frente. Ao longo da obra, o autor procura derrubar os tabus que circundam o fenômeno da morte e diz que a vida continua (aliás, ela é somente uma, que passa por várias encarnações, tantas quanto forem necessárias, para o espírito se aperfeiçoar intelectual e moralmente).
Temas sobre como se preparar para a morte, não ter pena de quem morre, justiça divina, aborto, eutanásia, suicídio, entre muitos outros (sempre relacionados com a morte) são abordados em uma linguagem leve e totalmente acessível e, logicamente, com explicações sempre baseadas na doutrina kardecista.
Pode ser que o leitor, ao terminar de ler esta obra, repense (ou comece a pensar) sobre a morte de maneira serena e verá que não há o que temer. Aliás, pensar sobre o assunto, segundo Caldini Neto, traz as pessoas de volta à realidade, e, cientes disso, pode-se lidar melhor com ela. Assim, sabendo então que a morte é parte do mundo real, uma pessoa pode avaliar se está vivendo bem em termos de relacionamentos com seus semelhantes e consigo própria, se está aprendendo e ensinando algo bom, enfim, se está tornando este mundo um lugar melhor para todos (ou pelo menos, para quem está mais próximo).
No fim, na última página, há uma mensagem que diz: “se você gostou deste livro, doe-o em benefício de outras pessoas (...)”. É provável que muitos, em vez de doar o livro, vão comprar outro exemplar para presentear alguém (pois vão desejar manter o livro para consultas posteriores), dada a importante utilidade das informações passadas nesta excelente obra.