spoiler visualizarMoringan 15/06/2023
A explicação para o Paradoxo de Fermi: o universo é uma floresta sombria.
Nessa última parte do livro que leva o mesmo nome do título, por diversas me perguntei se não estava lendo passagens sem fundamentos válidos para a história. É compreensível a necessidade de situar o leitor no "novo futuro" uma vez que a história dá um salto significativo de tempo, contudo, sentia que toda aquela descrição e situação de onde se estar, estava arrastada e se alongando a mais do que se pudesse julgar necessário.
Mas apesar desses contratempos, me mantive firma e fiel a leitura de cada página visto que já tinha passado por uma experiência semelhante no início, quando o nosso protagonista nos é apresentado e a história se estende e você pela primeira vez se pergunta se aquele montante de informações é realmente pertinente para trama. Todavia, sendo indispensável ou não, não pode-se negar que toda a "enrolação" se agrega como um peso para as considerações posteriores, que chegam a deixar o leitor em puro êxito do inacreditável. E por essa razão, decidi releva-las.
Provavelmente você tenha chegado aqui porque já leu O Problema dos Três Corpos, portanto não preciso fazer objeções sobre a forma de escrita e condução de enredo do Cixin Liu, ou acentuar que estamos diante de um hard space fiction (que ao meu ver não é tão hard assim). No entanto, tenho inclinações próprias e conjuntas a concordar, sendo elas:
1. Este livro está abaixo do alto nível de ciência e inventividade filosófica, criatividade e frescor introduzidos no livro anterior. Porém, a construção de mundo é decente. Prefiro o primeiro livro, mas aprecio profundamente que este segundo seja diferente do primeiro.
As questões em volta do Derrotismo e Escapismo eram bastante intrigantes e adicionavam uma camada permanente ao enredo que o tornava digno de nota.
2. Liu não é tão bom com descrições metafóricas e ornamentada das coisas, paisagens e minúcias do gênero.
Apesar das diversas descrições, é difícil você realmente se ambientar, contudo, para quem tem boa imaginação, isso é o de menos, portanto é também algo passível.
3. O livro tem um ritmo excelente e te prende na leitura, mas existem algumas exceções que infelizmente, não são poucas.
Apesar de ser um bom narrador, neste segundo livro da trilogia o autor usa muitas páginas desnecessariamente e a trama estagna várias vezes. Chega a perder o ritmo com interações inúteis e triviais, até que você tropece e o ritmo te embale novamente, mas sem a promessa de que não irão surgir novas depressões que o faça perder a força outra vez.
Fora isso, Liu tem uma técnica bastante sólida.
4. Os personagens são ok, e os considerava apenas como o que eram: personagens de enredo.
Com ressalvas para o Da Shi, por quem simpatizo muito e o enfadonho e desinteressante "cidadão comum" Luo Ji, que fez um bom trabalho no fim das contas.
E uma ênfase ao que mais me deixou incomodada: a falta de mulheres na trama e de bom desenvolvimento para elas.
5. Os temas abordados neste livro são relevantes a vários níveis, desde o político ao militar, passando pela ciência e tecnológica.
A trama é magnetizadora.
O universo como uma Floresta Negra é um conceito ampliador. Sua clareza, simplicidade e fundamentos são fortes, verdadeiramente inspiradores e atraentes.
6. Julguei o final extremamente fraco depois de tantas revelações.
Mas com certeza os meus momentos mais inesquecíveis foram a queda da Barreira Rey Diaz e seu plano; o massacre espacial enviado por Trissolaris; a conclusão do feitiço do Luo Ji; o universo como uma floresta sombria; a conclusão do Zhang Beihai; dentre outras passagens que deixam sua mente a milhão e você se obriga a pausar a leitura para conscientemente ou não, acabar encarando o nada em completo silêncio por minutos.
7. Apesar dos pesares, este livro é incrível e te proporcionará momentos mudos de compreensão dignos de porem seus neurônio para trabalhar. Devo ter sonhado com tudo isso por pelo menos três noites seguidas e gostaria de dizer que está leitura me afetou mais do que eu previra (meu estado de espirito mais do que influenciou).
"E se te destruo, o que podes fazer?."