Tamirez | @resenhandosonhos 01/08/2018Crônicas de MorrighanMinha relação com As Crônicas de Amor e Ódio passou por vários estágios. Eu adorei The Kiss of Deception, me decepcionei com The Heart of Betrayal e fiz a minha paz com as coisas que fecharam o desfecho em The Beauty of Darkness. Porém, mesmo nesses termos, o mundo apresentado foi um lugar que deixou saudades.
A Lia foi uma personagem que me marcou pela sua determinação inicial de trilhar o próprio caminho e, um pouco depois, o seu senso de dever. Porém, havia sempre uma sombra que pairava sobre os livros, uma figura que deu nome a um reino, inspirou uma lenda e, de certa forma, inspirou nossa protagonista em seu caminho: Morrighan.
“Há algumas coisas que nunca saberemos sobre as pessoas que vieram antes de nós. Algumas histórias se perderam para sempre.”
Nesse prelúdio, quem era lenda ganha vida e podemos conhecer um pouco mais sobre essa que era uma garota que conheceu uma realidade muito diferente. Muitos e muitos anos antes a configuração que conhecemos na narrativa principal da trilogia não existia e ficamos sabendo brevemente pelos trechos apresentados como isso poderia ter acontecido. Então, a autora resolveu presentar a todos com essa pequena história que narra o início da trajetória de Morrighan.
É um livro curto que compreende vários anos de sua vida, até a adolescência quando ela marcha para começar a trilhar um caminho que a colocaria na história desse mundo. É o passo a passo da forma como um sentimento pode unir duas pessoas muito diferentes, o tradicional caso onde o amor pode mudar tudo. Essa é a história de um amor proibido, mas também é uma narrativa sobre sobrevivência. Sobre mesmo quando tudo está perdido e você parece cercado por todos os lado, há sempre uma chance se houver um sopro de esperança, de força. E essa é uma das lições que aprendemos com a jovem Morrighan.
Com isso em foco, o que eu senti falta aqui foi o real propósito do livro. Passamos por 120 páginas que explicam o desenvolvimento de uma relação e motivação que vai dar origem a tudo, mas quando as coisas realmente seriam explicadas, é o ponto onde a trama termina. Deixando, para mim pelo menos, mais perguntas do que respostas. O que eu vi aqui foi só um milímetro de movimento em direção a sociedade apresentada nas Crônicas de Amor e Ódio e confesso que fiquei levemente frustrada.
“Nós já perdemos demais. Nós nunca devemos nos esquecer de onde viemos, para que não repitamos a história. Nossas histórias devem ser passadas para nossos filhos e para nossas filhas, pois, com apenas uma geração, a história e a verdade são perdidas para sempre.”
Acho que para quem gostou da trilogia principal, sempre vale a pena revisitar o universo e descobrir um pouquinho mais dos segredos ali escondidos, mas vá sem muita fome de respostas porque elas não vão estar aqui. E, um bônus sobre esse livro é que essa edição lançada pela Darkside foi a primeira física em todo o mundo, já que a história só havia sido lançada até então em formato digital.
E que edição né? Achei a escolha de capa muito bonita nesse estilo gesso e o trabalho interno também está muito legal. Ao contrários dos outros livros da série onde encontrei vários erros de revisão, aqui nada me gritou aos olhos e isso é sempre positivo né?
Então fica ai a dica pra quem quiser conferir As Crônicas de Morrighan. Se curte uma boa história de amor, é um prato cheio; pra quem nem tanto, se é um mundo que você gosta, acho que vale a pena puxar pela nostalgia e reencontrar um pouquinho do espírito de Lia em nossa Morrighan.
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