Mary Manzolli 16/10/2021
Uma aula sobre os seres humanos.
Dia desses comprei esse livro numa feirinha e decidi me aventurar na leitura, só que eu não sou lá uma profunda conhecedora de temas filosóficos. Pesquisando sobre o livro, descobri que começar a ler Nietzche por essa obra é uma péssima ideia e que a tradução desta edição não é das melhores, mas como eu já tinha começado e sou um tanto resistente em abandonar leituras pela metade, aqui estou eu brigando com a minha mente inquieta.
Foram 10 dias de leitura (a mais demorada deste ano), mentalmente cansativa e de linguagem difícil. Cheia de simbolismo e referencias à outras obras, músicas, poemas e lendas da época e que me exigiram muitas pesquisas e buscas.
Nietzche é um autor do século 19, que possui uma vasta e respeitada bibliografia filosófica e penso que seria muita ousadia da minha parte me meter a fazer uma resenha desta, então vou falar sobre as minhas percepções, de forma muito resumida, sem intenção de uma análise profunda, até porque tenho nem roupa pra esse evento.
Zaratustra ou Zoroastro é o nome de um sábio iraniano, que viveu entre os séculos XII e VI a.c e é considerado o fundador da religião Persa. Neste livro Nietzche empresta esta personagem para trazer reflexões sobre o surgimento de uma nova moral, a partir da morte de Deus e, como consequência, o aparecimento do "além-homem" ou "super-homem", um tipo de humanidade que não acredita naquilo que os olhos não veem ou que não seja possível sentir (negação da metafísica). E é a vontade que irá conduzir o homem comum para a condição de "além-homem", é a negação da metafísica que levará o homem à evoluir na sua auto realização.
Uma crítica à moralidade religiosa que transforma multidões em obedientes camelos que cultuam falsos ídolos e vivem verdades questionáveis, baseadas em modelos perfeitos de vida, de certo e errado, que escravizam suas mentes e as faz infelizes.
Nietzsche, através de Zaratustra, defende que essa moralidade é uma invenção do homem e precisa ser destruída. É preciso se desprender de toda moral e dos costumes religiosos, deixar de aceitar passivamente o sofrimento do agora, não se deixar levar por promessas de realizações futuras no Reino de Deus ao invés de fazer agora tudo o que seja da sua vontade.
Zaratustra é um livro enigmático de múltiplas interpretações. A sensação que ficou é que eu deveria ter buscado um conhecimento prévio do autor e sua obra, embora eu tenha gostado. Não me deixaram dúvidas de que carregarei comigo infindáveis provocações, uma vez que o leitor que se aventura a tentar compreender os ensinamentos de Zaratustra, jamais sairá desta experiência sem alguma mudança de consciência.
Para além do concordar ou discordar, é uma obra de reflexão sobre a natureza humana, impossível de se transmitir em poucas linhas. É preciso um mergulho filosófico que talvez eu não estivesse pronta para realizar neste momento, mas de alguma forma as pesquisas me levaram a novas fontes de conhecimento no campo da filosofia, que para mim eram bem distantes.
Tudo o que nos faz pensar, questionar e pesquisar vale a pena.