ritita 17/07/2018A nobre dos escândalosAo tentar baixar este livro num site, li a resenha e achei que deveria ler o físico. Não me arrepedi!
Estamos no condado de Northwick, Derbyshire, Inglaterra em meados do séc XIX, numa família nobre, rica (sim, nem sempre as coisas andavam juntas), e tradicionalíssima, exceto por Katherine, a filha mais nova dos condes George e Lydia, e sua tia Margareth – duquesa de Melbourne e moradora de Fairmond; duas mulheres à frente do seu tempo e nada afeitas às regras, protocolos e convenções sociais da nobreza inglesa.
Katherine adora cavalgar perigosamente e sozinha - desordeira!
Margareth cuida das finanças de seu condado – mulher estranha!
Katherine não está interessada em casamentos arranjados com nobres ricos – Imperdoável!
A fiel serva das obrigações convencionais, sua antipática mamãe, tem um siricutico a cada vez que encontra Katherine descabelada após uma cavalgada. Pois bem, as discussões sobre o comportamento da belíssima moça nobre e em idade de casar e sua família são diários, a única pessoa que entende suas atitudes e a querida tia Margareth, a quem, sem o conhecimento da família, ela ajuda na administração do condado, não se interessando pelas aulas de “etiqueta e comportamento” pagas pela família.
A saúde frágil da velha tia é a desculpa que Katherine encontra para ir morar de vez em Fairmont, mas a vida não desculpa mulheres questionadoras e no que seria uma simples viagem com amigos e após o ataque da embarcação por piratas, Katherine se vê sozinha, sem lenços, documentos, roupas e títulos de nobreza num local que não sabe identificar – O Marrocos.
A partir daí, a moça tem que se reinventar e abrir mão de toda sua
Belíssimo desenrolar das “aventuras de Katherine”, mostrando toda a beleza do país africano que mal conhecemos: geografia, costumes, religião, gastronomia, hierarquia e fantasias, como também a transformação da personalidade da jovem em mulher adulta.
Ah, sim. Tem romance. A princípio meio estranho para mim, que não acredito em amor à primeira vista, ou à primeira trepada, o início deste amor custou me convencer, mas continuando a leitura acabei me apaixonando pelos dois. E que amor! Os dois, o príncipe Fahid (que de tão perfeito só pode existir num livro), e a nobre inglesa passam por toda sorte de dificuldades e ameaças por conta da disparidade cultural de ambos.
Luisa Bérard é Alagoana e este é seu romance de estréia. Estreou com as mãos direitas. Sua escrita é perfeita, num português convencional, apesar do uso desnecessário da palavra “inobstante” – usada apenas no juridiquês e ainda não dicionarizada ter me irritado bastante, a impressão que tive é que a autora não conhece sinônimos mais adequados - (apesar de, ainda que, não obstante). Listei mais de 20 vezes a palavra no início de frases. Fácil de ler, mas com pgs de mais no início.