NazaSicil 01/06/2024Grande obraCristina é uma jovem portuguesa, romântica, cheia de sonhos, que veio de Lisboa para o Brasil, para se casar com seu primo Tiago, que não conhecia.
A decepção de Cristina é grande, pois seu noivo não vai recepcioná-la ao desembarcar do navio, no qual levou dois meses de viagem. Além disso, vai ter que andar à pé, em companhia dos indígenas escravizados, por dois dias, pela mata da Serra do Mar (a muralha) para poder chegar em Lagoa Serena, a propriedade de Dom Brás Olinto, seu futuro sogro.
Quando, finalmente, chega em Lagoa Serena, Cristina conhece as mulheres que moram ali, pois os homens estavam em expedição. Cristina fica impressionada com a simplicidade daquelas mulheres, a pobreza daquele lugar, os hábitos totalmente diferentes dos que estava acostumada na corte.
É muito interessante como a autora criou esse romance histórico ficcional, truculento que evidencia o protagonismo feminino na nossa sociedade colonial, principalmente no que tange à proteção e preservação das propriedades nos momentos em que os homens partiam em busca de ouro, de desbravar novos territórios e escravizar indígenas.
Mulheres fortes, rudes, simples, isentas de luxo, acostumadas ao trabalho, resignadas às traições de seus maridos e ao desempenho de suas funções, numa sociedade pratiarcal imensamente bruta, o que choca o olhar estrangeiro de Cristina.
Destaco a personagem Isabel, "mulher com alma de homem", que vestia-se como homem, batalhava ao lado deles e era o braço direito de Dom Brás Olinto. Ela é uma peça fundamental na história. Gostei muito !
A história nos proporciona conhecer as Entradas e Bandeiras e a guerra dos Emboabas, o que julguei bem interessante.
A autora retrata o genocidio que o ato colonizatório provocou aos povos indígenas brasileiros, um passado sanguinolento e vergonhoso da nossa história do Brasil.
? "Então tu pensas que mulher não pode matar? "
? "Ninguém pode desprezar a vida que viveu."
? "? Meu filho, a vida é uma pergunta. A resposta... ninguém a dá neste mundo."