Youko 30/11/2022Uma ótima surpresa!Há um bom tempo atrás, assisti a adaptação mais recente de O Véu Pintado, que aqui no Brasil recebeu o nome de O Despertar de uma Paixão. O filme ficou um bom tempo na minha cabeça e a vontade de ler a obra que o inspirou só cresceu. Felizmente, pude finalmente lê-lo e que grande surpresa foi!
O livro começa direto ao ponto: a infelidade de Kitty sendo descoberta e suas consequências. O autor apresenta sua narrativa de forma vivaz, atiçando a curiosidade do leitor a ponto de ser quase impossível largar o livro até tê-la saciado: a bela escrita de Maugham fluí com facilidade, sem deixar de ser profunda e reflexiva. Há trechos que causam tal impactam que necessitam de um minuto ou dois para processá-los.
"Há só um modo de conquistar os corações, que é fazer a gente igual àqueles por quem desejaria ser amada."
O Véu Pintado, ao contrário de sua adaptação, não é livro sobre romance, mas sim sobre pessoas. Ele foca, principalmente, no desenvolvimento de seus personagens, nas camadas que constrói ao longo do enredo, com uma perspectivas bastante realista. Por exemplo, Kitty, nossa protagonista, começa a história sendo fútil e frívola e, ao final, não se pode dizer que mudou totalmente, mas sem dúvida se tornou uma pessoa com mais consciencia de seus próprios defeitos e erros, a ponto de querer mudar.
O autor traz a interessante discussão de que a forma e o meio em que se foi criado ou se vive pode influenciar, sim, a personalidade de alguém. Que nada é "preto no branco", e que sempre há uma área cinzenta no ser humano.
É, também, interessante observar como acontecia a colonização no século XX. Havia um sentimento comum entre os britânicos que residiam em colônias: o de surperioridade. A protagonista, de ínicio, não vê os chineses como seres humanos iguais a ela, e com o decorrer da trama, esse pensamento é aos poucos redefinido (mas não ao ponto de deixar de existir, que fique claro).
Apesar de alguns pontos, este livro me trouxe um conforto silencioso. Não foi um favorito, mas foi uma companhia suave, que me fez imensamente feliz durante a leitura. Foi como um amigo de viagem que quero rever um dia.