O Véu Pintado

O Véu Pintado W. Somerset Maugham




Resenhas - O Véu Pintado


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Claire Scorzi 19/04/2010

Economia que funciona como sutileza
Maugham está entre os primeiros escritores "para adultos" que li; entre os 13 e os 16 anos, estava lendo Oscar Wilde, Dostoiévski, Jack London, Françoise Sagan... e Maugham, com "Histórias dos Mares do Sul". Mais tarde, seria a vez de "Servidão Humana" que me impressionou. Mais tarde ainda - nos últimos tempos de faculdade - "O fio de navalha", que me irritou e decepcionou. Viria ainda a ler "Um drama na Malásia". Mas a má impressão de "Navalha" pode ter atrapalhado outras possíveis leituras do autor.

"O véu pintado" me impressionou; a trama não é original - um caso de adultério - mas torna-se assim pelos detalhes - a descoberta feita pelo marido, e a "solução" dada por este ao futuro dele e de Kitty - e pela força de seu casal de protagonistas, Kitty e Walter Fane. Os caracteres são bem explorados e, no caso do marido, Walter, habilmente construídos; mas somente acompanhando toda a história, até seu desfecho, apreendemos toda a complexidade do personagem.

Kitty atravessa a prova- ultimato de Walter, prova e ultimato que lhe revelam o verdadeiro caráter do amante, e a revelam para si mesma. Ela descobre profundezas de si que não conhecia; é levada a pensar, ao invés de passar levianamente pelas situações. O climax, ou o apogeu da história, pareceu-me mais ou menos oculto pelo autor: o fato de que Walter também desconhece essa Kitty...

O estilo de Maugham corre pela página; não há ruídos, tropeços, cansaços em passagens determinadas; lê-se com facilidade essa história de traição ,desilusão, vingança, e transformação. Apenas me pareceu que Maugham poderia ter "mergulhado" mais em Kitty antes da cena final - seu retorno para a família. Terá sido de propósito, por sentir que comprometeria a fluidez do texto? Não sei.

O que fica, ao término da leitura, é a impressão de - não exatamente sutileza, um campo mais de Henry James, Edith Wharton e Ishiguro; mas de economia e concisão, o que pode substituir às vezes a sutileza num texto. E o personagem de Walter Fane - de uma sensibilidade exacerbada, unida a vida mental demasiado lúcida, vívida; a inteligência que o tornou arrogante nos seus silêncios, e a sensibilidade doentia que o atraiçoou; seu fim deixa uma suspeita (ao menos nesta leitora): a compreensão de que se enganara com Kitty, aliada a essa sensibilidade que o impossibilitou o perdão, não o terá levado ao suicídio? Que julgue o próximo leitor.
cid 13/07/2010minha estante
Claire
Estava lendo e esperando a reconciliação de Kitty e Walter e fui surpreendida pela rápida morte dele. Então, voltei as páginas para ver a última citação de Walter antes da doença. E veja só. Kitty pergunta a ele se vão viver juntos no futuro, e ele pergunta se ela não acha que o futuro pode tomar conta de si mesmo.E SM acrescenta que havia um cansaço de morte nele. Terminado o romance, li a sua resenha, e fiquei a pensar na teoria do suicídio como você fez, ou se SM marcado pela morte dos pais ainda criança , traz constantemente o fato para literatura. Mas, de qualquer maneira acho que um dos cônjuges morreria naquela distante localidade chinesa, para onde Charlie foi cortejar a morte.




spoiler visualizar
cid 18/08/2013minha estante
Ótima resenha. E fugir para esquecer é perfeito para a estória.




Nyco 24/09/2019

"Tao. Alguns de nós procuram o caminho no ópio, outros, em Deus; alguns no uísque e outros no amor. Tudo é o mesmo caminho e não leva a parte alguma".
Catalina.ZumarAn 02/02/2022minha estante
Hahahahahahaha. Disse tudo, Nyco!




cid 10/09/2010

"... o véu pintado a que os vivos chamam vida "
S M nos conta no prefácio como teve a idéia do livro. Em sua juventude, passou férias em Veneza e lá aprendeu italiano e a estória de Pia, uma fidalga que o marido suspeitou adúltera e planejou matar.Mas, a estória que escreveu, acredito que fala mais de conhecimento e evolução . Kitty , que era uma jovem fútil e descuidada, percorre um caminho que a leva a se tornar um ser humano que descobre a solidariedade num remoto lugar da China. E olha toda a sua vida com outros olhos. Mais lúcida, ela tenta consertar o que deixou pelo caminho.
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elisosterkamp 17/03/2011

caminho inverso
fiz o caminho inverso nesse livro, pois descobrir após olhar o filme "o despertar de uma paixão", quando percebi que se tratava de uma obra de Maugham nem pude acreditar que ainda não tinha descoberto esse livro. O filme é muito bom, apaixonante, todavia o livro acaba com qualquer entusiasmo sobre o possivel despertar da paixão. livro muito bom, recomendo.
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Kamila 19/11/2011

Aqui é importante começar a falar a respeito do filme “O Despertar de uma Paixão”, adaptação mais recente de “O Véu Pintado”. Se o filme de John Curran ressalta a distância que se estabelece entre os dois como um ponto de partida para a descoberta do amor; o livro de W. Somerset Maugham enfatiza que a distância entre Kitty e Walter é irreversível e o perdão impossível.

W. Somerset Maugham, ao contrário do roteirista Ron Nyswaner (de “O Despertar de uma Paixão”), não romantiza Kitty e, muito menos, dá a possibilidade para ela se redimir de seus erros. No livro, as falhas de caráter de Kitty são nítidas e, ao final da leitura, a gente realmente se pergunta se ela se transformou e aprendeu com todos os seus equívocos. Enfim, Maugham nos apresenta uma mulher completamente diferente daquela que vemos nas ruas de Londres nos momentos derradeiros de “O Despertar de uma Paixão”.
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Lari 04/02/2013

"Há só um modo de conquistar os corações, que é fazer-se a gente igual áqueles por quem desejaria ser amada."
Página 191
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Só Sobre Livros 24/05/2013

Realismo britânico dos anos 20
Confira resenha no blog http://sosobrelivros.blogspot.com.br/2012/07/realismo-britanico-dos-anos-20-renata.html
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Annie 20/07/2015

Drama muito humano.
“Ela soltou um grito assustado.
– O que foi? – perguntou ele.
Apesar da penumbra em que as persianas corridas mergulhavam o quarto, ele viu o rosto dela subitamente desfigurado pelo terror.
– Alguém tentou abrir a porta.
– Bem, talvez fosse a amah, ou algum dos criados.
– Nunca aparecem aqui a esta hora. Sabem que faço sempre a sesta depois do almoço.
– Quem mais poderia ser?
– O Walter – sussurrou ela com lábios trémulos.
Apontou para os sapatos dele. Ele tentou calçá-los, mas o nervosismo dela roubava-lhe a destreza, pois tanta ansiedade estava a afetá-lo e, além disso, os sapatos estavam do lado mais apertado da cama. Com um breve suspiro de impaciência ela deu-lhe a calçadeira. Em seguida ela própria vestiu um quimono e dirigiu-se descalça para o toucador. Usava o cabelo muito curto e, com um pente, tinha conseguido retocar-lhe a desordem antes de ele acabar de apertar o segundo sapato. Estendeu-lhe o casaco.
– Como é que eu saio?
– É melhor esperar um bocadinho. Vou espreitar para ver se está tudo bem.
– Não pode ser o Walter. Ele só sai do laboratório às cinco.
– Então quem será?” (página 11 - a primeira do romance)"

Em meados de 2009, assisti a um filme chamado "O Despertar de Uma Paixão". Achei bastante denso (apesar de clichê) e decidi procurar mais sobre ele. Descobri que era baseado em um livro - O Véu Pintado. Como os livros geralmente são mais abrangentes que os filmes, comprei... E só tive a oportunidade de finalizar agora.

Antes de falar sobre a história propriamente dita, gostaria de comentar o prefácio do autor, onde ele explica como começou esta história:

"Como já tinha lido o Inferno (com a ajuda de uma tradução, mas procurando conscienciosamente no dicionário as palavras que não sabia), comecei o Purgatório com a Ersilia. Quando chegamos à passagem que atrás transcrevi, ela disse-me que Pia era uma fidalga de Siena cujo marido, suspeitando que ela cometia adultério, mas receando mandá-la matar por causa da família dela, a levou para o seu castelo de Maremma onde acreditava que os vapores venenosos fariam o trabalho; ela, porém, demorava tanto a morrer que ele, impaciente, ordenou que a atirassem da janela. (página 09)"

Nesta altura de sua vida, o autor viajava pela Europa para completar seus estudos em medicina. Quando chegou à Itália, conheceu esta moça, Ersília, que o ensinava o idioma. Leram várias obras; dentre elas, Purgatório, de Dante.

"Deb, quando tu sarai tornato al mondo,E riposato della lunga via,Seguito il terzo spirito al secondo,Ricorditi di me, che son la Pia:Siena mi fè; disfecemi Maremma:Salsi colui, che, innanellata priaDisposando m’avea con la sua gemma.
("Peço-te que, quando ao mundo tornares, e da longa jornada repousares, seguido que for o terceiro espírito ao segundo, te recordes de mim, que sou a Pia. Siena me fez, Maremma me desfez: sabe-o aquele que após noivar me desposou com o seu anel.") (Página 7)"

A passagem acima estimula Ersília a contar a história da fidalga Pia (como o próprio autor explica). Isto o inspira a criar Kitty, uma fidalga não tão ilustre quanto a outra, mas também adúltera. Ela se casa com Walter, um bacteriologista inglês que residia em Hong Kong, por falta de opção (estava ficando "velha" e sua irmã, que era feia, estava para se casar com um barão). O esposo era mais do que apaixonado por ela e fazia todas as suas vontades, mas Kitty não se sentia verdadeiramente tocada por ele. Às vezes, ele a causava até repulsa. É neste momento que ela conhece Charlie, um embaixador. Os dois têm um caso intenso, mas Walter descobre a traição e, como vingança, decide aceitar o trabalho de médico no interior da China, onde uma grande epidemia de cólera acontecia.

Ameaçada com o divórcio caso não aceitasse ir com ele (devemos nos lembrar que nessa época uma mulher "desquitada" era uma grande vergonha para si e para a família), Kitty tenta recorrer a Charlie para que se separe de Dorothy, sua esposa; ele, porém, recusa. Sem escolhas e dentro de um casamento infeliz, conhecendo um Walter que não a ama mais, que a repudia e que se enoja de si mesmo por ter confiado nela, Kitty o acompanha em uma missão que mais parece uma roleta russa para ambos.

Confesso que esperava algo romântico e clichê como no filme, mas um pouco mais maduro. Fui, todavia, completamente surpreendida. O Véu Pintado não se trata de uma história de redenção ou de um amor romântico puro. Ao contrário: conta a história de Kitty, uma mulher fútil, quase infantil, que cresce e amadurece frente a provações que a vida lhe impõe e que tem a oportunidade de valorizar mais sua própria existência quando se encontra em um ambiente tão desolado, mas que também volta a cometer erros, que trai seus próprios sentimentos, que dá a volta por cima... Resumindo, uma humana com suas falhas, qualidades e complexidade. Sua história com Walter é apenas um pretexto. Apesar disso, tenho de admitir que Kitty me pareceu muito estúpida, mesmo depois de tudo pelo que passou. Há também algumas personagens mortas, de passagem, que poderiam ter sido melhor exploradas em sua relação com a protagonista.

Também é perceptível o conhecimento cultural do autor. Além do que já foi exposto, o livro possui vários pontos de intertextualidade, mesmo em situações bastante dramáticas e tensas (como durante a morte de alguma personagem), mas sem a presença de digressões, o que o torna bastante diferente de livros como Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Viagens na Minha Terra (além de a narração se dar na terceira pessoa do singular, configurando um narrador onisciente).

A capa faz jus ao tema principal da história: Kitty, e tão somente Kitty. Em se tratando de psicologia das cores, o roxo:

"É a cor da prudência, remete a sabedoria, filosofia, sofisticação e contemplação. Tem a ver com o emocional, o espiritual e transmite profundidade e experiência. É utilizado para comunicar melancolia, realeza, dor, sentimentos intensos, religiosidade, magia, sofisticação e suntuosidade."

O que se encaixa perfeitamente com o intuito do livro. A diagramação foi muito bem feitas; as páginas são amareladas e de boa textura, o que não cansa o leitor e evita que o livro seja danificado facilmente.

Nota: 4 estrelas.

site: http://seismilenios.blogspot.com.br/2015/07/resenha-o-veu-pintado-william-somerset.html
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Dayane.C Silva 04/08/2016

Bonito ...mas prefiro o filme!!!
Adorei a linguagem, adoro livros mais antigos e peguei um livro de edição no ano de 1949 estava bem velhinho. Gostei da escrita e já estou querendo ler outros do autor. Mas achei o filme mais atraente, princialmente no final. Adorei a leitura.
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Bia 21/08/2017

Prefiro o filme.
Final não me agradou.
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Maria.Jose.Brollo 28/06/2018

Convencional. Uma boa leitura
No início parece mais uma história de amor convencional, mas acaba por surpreender, com reviravoltas até a ultima página
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brumorandi 04/11/2019

Inspirado
Walter Fane se apaixona e casa com a bela e superficial Kitty, infeliz com seu casamento Kitty mantém um relacionamento extra conjugal que é descoberto pelo marido, ele por sua vez decide se vingar levando-a para o interior da China onde há uma severa epidemia de colera. A trama que se passa nos anos 20, e inspirada em um verso de Divina comédia é maravilhosa!
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Orochi Fábio 13/04/2020

Eis que!...
Destino um tanto abrupto para questões TÃO profundas levantadas pelo autor: mas não é exatamente este o ponto? Coerência & elegância de uma grande narrativa...
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