Juju 03/08/2022
Jim Jones e o Templo Popular
James Warren Jones, mais conhecido como Jim Jones, foi o líder e fundador da seita socialista batizada de Templo Popular (Peoples Temple). Esta que nasceu em Indiana, mas aos poucos se expandiu e passou por vários lugares distintos, estabelecendo raízes na Califórnia, Los Angeles e San Francisco, para então, anos mais tarde migrar para um assentamento de terra (Jonestown) localizado dentro da impiedosa selva da Guiana. Por onde quer que andassem, os fiéis deixavam sua marca a partir de suas obras espetaculares e eficientes que demonstravam claramente um modo de vida simples e abnegado, em que dedicavam-se de forma ferrenha ao lema de "vestir e alimentar aos pobres e desfavorecidos" além de "promover a igualdade racial e econômica". No entanto, por trás desta bela fachada de bondade e serviço ao próximo existia um homem tomado por suas paranóias e delírios, e infelizmente, ele era o indivíduo que estava à frente de tudo e controlava cada mínimo detalhe de acordo com seus próprios interesses e ego mais do que inflado. As coisas poderiam ter assumido um rumo diferente, caso Jones assim desejasse, mas por tudo o que sabemos essa jornada teve um fim trágico em 18 de novembro de 1978 e atualmente poucas pessoas se recordam do Templo Popular por suas boas obras e sim devido ao maior suicídio coletivo da história que teve seu palco em Jonestown na Guiana.
Jeff Guinn, mesmo autor de Manson, a biografia - também publicada pela Darkside Books - se propõe a elucidar e expor todos os fatos conhecidos sobre Jim Jones e seu Templo Popular. Este livro é extremamente completo e reconstitui até mesmo a infância do reverendo, acompanhando seus passos ao longo das décadas em que se metamorfoseava em um líder carismático, mas certamente manipulador que eventualmente seria responsável pela morte de aproximadamente 918 pessoas. Embora tenha mais de 500 páginas essa é uma obra fluida, potente e até triste ao meu ver. A verdade é que em suma o Templo Popular não era horrível e até mesmo Jim Jones em seus momentos de humildade realizou feitos grandiosos que nenhuma outra pessoa foi capaz de reproduzir. Todo o conceito de amar ao seu próximo independentemente da raça ou status social era algo muito bom, e melhores ainda eram as obras sublimes que os membros desempenhavam. Por meio do Templo Popular, pessoas sem quaisquer prospectos de uma vida melhor puderam estudar, trabalhar e constituir uma família, até mesmo, em alguns casos, largar as drogas. Idosos recebiam cuidados específicos e da melhor qualidade! Era um por todos e todos por um. Mas como sempre acontece nas piores tragédias, existia uma força maior por trás de tudo isso e era, é claro, os delírios absurdos de um líder paranóico com mania de grandeza. E foram estes mesmos delírios aliados ao abuso de substâncias que levaram Jim Jones a fazer péssimas escolhas cujas consequências foram fatais para aqueles que escolheram segui-lo até o final. Mas afinal essas pessoas eram loucas? Alienadas? O que as levou a se submeter aos abusos, punições e por fim a um brutal envenenamento por cianureto? Talvez Jim Jones soubesse exatamente a quem recrutar, mas se uma coisa é fato permanece sendo a realidade de que aqueles indivíduos morreram por uma causa maior. Equivocada ou não, eles apenas queriam servir de exemplo e inspirar outros a praticar o bem.
A história pregessa de Jim Jones diz muito sobre quem ele se tornou e para os membros que sobreviveram ao massacre o Templo Popular marcou suas vidas para sempre.
Esse livro faz parte do selo Crime Scene da editora Darkside Books, um lançamento do segundo semestre de 2022. A edição está lindíssima, recheada de detalhes e fotos sobre o tema. Não recomendo para quem não costuma ler true crime ou possui maior sensibilidade para assuntos relacionados à morte e descrições gráficas. Para mim, ao lado de Ted Bundy: Um Estranho ao meu Lado (Ann Rule), é o melhor livro do gênero publicado pela Caveirinha.