Bicho Papão 14/04/2024
Entre um pouco de luz e um pouco de penumbra
Penumbra é um livro que chama atenção logo pela capa com um tom sinistro e misterioso, e até melancolicamente azulado. Seu autor, André Vianco talvez seja um dos maiores nomes da literatura brasileira de terror da contemporaneidade, e apesar de muitos de seus livros abraçarem o vampirismo, tema este que fez Vianco ser reconhecido em todo o país, neste livro temos algo docemente diferente. Nele é contada a história de Lana, uma criança que acorda em um estranho e sombrio lugar chamado de Penumbra, só para descobrir que não pertence mais ao mundo em que sempre viveu, e uma vez lá precisa deixar tudo em que acredita e se lembra para trás. Mas Lana se nega veemente a isso, trazendo vários problemas e chamando a atenção de monstros famintos, que serão um grande desafio não apenas para sua jornada pessoal naquele lugar, mas para a Babá Osso Duro, a entidade protetora das crianças perdidas. Esta é uma história sobre perda, sobre luto, mas principalmente sobre seguir em frente. Algo que é deixado muito evidente ao longa da relação extremamente difícil entre Lana e a Babá, o que na verdade, talvez se fosse feito de outro modo acabaria agregando mais na história, mas aqui consegue mais atrapalhar do que ajudar, já que Lana apesar de ser apenas uma criança assustada e compreensivelmente muito teimosa, como tantas crianças, consegue criar várias cenas repetitivas com seu comportamento irritante e diálogos repetidos. Este é um livro muito visual e com cenas dignas de cinema, com ação, suspense e fantasia, mas que muitas vezes acaba girando, girando e não saindo do lugar. Os personagens são todos muito interessantes e a trama se transformada em uma animação sombria como Coraline teria várias fãs obcecados, mas enquanto livro peca ao se arrastar demais. Ainda assim, a mensagem da história é melancolicamente doce e o final é maravilhoso, sendo triste, bonito, forte, e cheio de significado, valendo a sua leitura.