Gabriel.Maia 05/08/2022
O ódio pelos padres continua...
Senhoras e senhores, que livro!! Na minha opinião esse foi o melhor da saga até o momento. No primeiro temos a apresentação do mundo e um background da infância e adolescência de Uhtred, no segundo temos o começo da vida dele como um futuro senhor da guerra e nesse terceiro temos a sua consolidação como um estrategista nato e homem honrado.
O livro se passa logo após a vitória mais que improvável do exército de Alfredo sobre o exército de Guthrum, o sem sorte, e já começa nos mostrando que mais uma vez o nosso protagonista foi injustiçado pelo seu rei. Mesmo após ter levantado Alfredo após seu exílio e levado suas tropas à vitória que garantiu que Wessex não caísse, Uhtred recebe apenas uma quantidade de terra que mal dá para sustentar duas famílias de escravos e nenhuma palavra de agradecimento do rei, o que acaba inflamando seu ego e o leva a uma jornada rumo à Nortumbria, com objetivo de matar Kjartan para pagar sua dívida de sangue e recuperar a sua fortaleza em Bebbanburg, que foi usurpada pelo seu tio Elfric.
SPOILERS LEVES ABAIXO, LEIA POR SUA CONTA E RISCO!
Como eu disse antes, esse foi o melhor livro dos 3 até agora, e olha que eu achei que seria quase impossível superar os dois primeiros. Assim como no segundo volume, esse livro tem uma pegada de construção muito legal que eu adoro em livros desse gênero. No segundo livro, temos Alfredo nos pântanos se reerguendo, construindo uma fortaleza e juntando homens, enquanto nesse temos o novo rei da Nortúmbria, Guhtred, que estava sendo feito de escravo mas é resgatado sem querer por Uhtred, que acaba o servindo por estar com um ódio mortal de Alfredo. Guhtred é um personagem muito carismático e na minha opinião é o melhor personagem novo desse livro, mesmo ele me deixando com um ódio absurdo na metade do livro.
No meio desse volume temos um salto de mais ou menos 3 anos na história e nesse tempo coisas horríveis acontecem com Uhtred, que não vou contar para evitar maiores spoilers, e esse foi um dos únicos pontos fracos que notei nessa história, pois mesmo sofrendo arduamente por quase 3 anos Uhtred continua praticamente o mesmo, dando a entender que não carregou nenhum trauma desse período. Ele volta um pouco mais agressivo e até sem paciência (principalmente com os padres kkkkkkkk), mas eu esperava que ele tivesse alguns flashes desse período sombrio ou ficasse pelo menos mais receoso de tomar certas atitudes, mas dá pra passar um pano pra isso.
O padre Beocca é um personagem que evolui muito nesse livro também. Apesar de não ser respeitado pelos guerreiros no começo, ele conquista seu lugar e prova sua coragem em certo momento da história, e o autor se aprofunda em suas angústias, o que acaba por despertar uma admiração do leitor por esse personagem tão presente na obra.
E por falar em padres, esse é o livro que mais vai te dar ódio dos católicos entre todos até agora, mas tem uma cena que compensa tudo isso e você saberá qual é assim que chegar nela. Não darei spoilers mas é impossível você ler essa parte sem ficar com um sorriso sádico no rosto, o que é muito errado mas é inevitável.
No final temos a luta pelo forte de Dunholm, lugar em que se encontram Kjartan e seu filho Sven, o caolho, e essa parte te ganha por ser muito descritiva e pela genialidade de Uhtred ao bolar mais um plano ousado para a invasão do local, mas que acaba não saindo como o esperado e surpreende o leitor mais uma vez com seu desfecho.
Enfim, mais um livro foda cheio de reviravoltas, muito sangue, ódio à igreja católica, xingamentos, batalhas épicas e principalmente uma descrição precisa e muito vívida de como era a vida na idade média, característica que eu mais admiro nas obras de Cornwell. É um livro com ótimos personagens novos, uma trama muito bem encaixada e um uso magistral de personagens já conhecidos pelos leitores, aumentando ainda mais o carisma de alguns, e tudo isso só me deixa mais ansioso ainda para a sequência.