Enquanto os dentes

Enquanto os dentes Carlos Eduardo Pereira




Resenhas -


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Rafael Mussolini 09/04/2021

Enquanto os dentes
"Enquanto os dentes" (Editora Todavia, 2017) é o livro de estreia do Carlos Eduardo Pereira. O fato de estarmos diante da primeira publicação de um autor não necessariamente significa que o mesmo seja um escritor iniciante. É essa a sensação que fica após ler "Enquanto os dentes". Carlos faz uma literatura digna daqueles que já tem muita destreza com as palavras e tempos narrativos. Através de um texto curto, fluido e de ritmo contínuo, passamos a dividir nosso tempo com o personagem Antônio e suas reflexões e inquietações passam a ser também um pouco nossas. O livro é narrado em terceira pessoa, então é como se estivéssemos ali, assistindo uma peça sobre a vida de um personagem complexo, analítico e por vezes um pouco frio. O texto vai passeando por episódios da vida de Antônio sem a preocupação com uma linearidade. Um episódio pode mudar de um parágrafo para o outro, as vezes de uma frase para outra, e conseguimos captar quase que instantaneamente essa mudança de cena, como em um filme. Antônio atravessa diversos cenários da sua própria vida, enquanto atravessa cenários pertencentes a cidade.

O Antônio é um homem que cresceu em uma casa onde a palavra do pai era lei, tanto para ele como para a mãe e onde as possibilidades de diálogo eram bem limitadas. Diante de um pai que dominava o ambiente familiar com autoritarismo e violência não seria muito de se espantar que o mesmo também dominasse as escolhas de seu filho. É assim que Antônio começa a trilhar uma carreira na Escola Naval (que depois será trocada pelos caminhos da filosofia e das artes). O narrador vai nos apresentando a personalidade de Antônio sem floreios e sem filtros. Isso nos ajuda a perceber muitos dos traumas que assolam sua mente e que o levaram a se tornar um adulto regido por uma certa passividade que foi agravada após um acidente, um capotamento que o colocou em uma cadeira de rodas.

"Enquanto os dentes da boca deram conta, ele mordeu, sustentou a vida que havia construído tijolo a tijolo, só que agora não dá mais. Agora ele sabe que acabou."

Aos poucos a narrativa vai nos mostrando todas as camadas de Antônio e todas elas são apresentadas com muita calma. Vamos conhecendo as vivências de um homem negro, gay e cadeirante que sabe muito bem cada desafio que precisa enfrentar ao pensar nessas características. Ainda assim, o texto de "Enquanto os dentes" está longe de ser uma literatura panfletária e justamente por isso cumpre muito bem o seu papel de contar uma história diferente daquelas que já lemos muito por aí. A questão da homossexualidade por exemplo, aparece de uma forma tão inerente ao texto e ao personagem, com uma função de descrever uma das tantas características de Antônio, da mesma forma como se descreveria a cor dos olhos e dos cabelos.

Um dos pontos de destaque do livro é a forma como o autor nos apresenta ao mundo pelos olhos de uma pessoa cadeirante. Estamos diante de uma cidade que já ouvimos falar diversas vezes e que muito se assemelha a maioria das grandes capitais brasileiras, mas ao descrever a cidade diante dos desafios de mobilidade e de interação social acabamos por encontrar uma outra realidade. Com as limitações de sua condição física a forma de viver e circular pela cidade também muda e essa cidade que encontramos não é nada receptiva. O autor Carlos Alberto também é cadeirante, portanto conseguiu construir um texto que sabe muito bem o que diz, que fala sobre o processo de adequação que vai desde a nova maneira de tomar um banho, de dirigir, de circular pelas praças e demais espaços da cidade.

Durante o livro Antônio está em processo de mudança. Está deixando seu apartamento antigo para voltar para a casa dos pais. Enquanto faz sua travessia de balsa é como se ele entrasse em um transe de preparo para uma outra grande travessia que se tornou sua vida. Com a necessidade de reaprender a se locomover, a lidar com as pessoas ao seu redor e de entender o funcionamento de seu próprio corpo, Antônio passa a reviver toda sua história de vida até então.

"Um cadeirante não consegue se pesar numa balança de farmácia, ou de consultório médico. O sujeito que usa uma cadeira de rodas precisa estar sempre se olhando no espelho, comparando seu reflexo com o do dia anterior: se a cara está mais larga, é porque ganhou peso; se está mais fina, é porque perdeu."

"Enquanto os dentes" não é um livro sobre superação, se é isso que possa parecer ao ler um pouco de sua sinopse. É um livro que faz a gente olhar para a própria vida e ver os diversos episódios que fizeram ser o que somos desfilando diante de nossos olhos. É uma história que nos pergunta nas entrelinhas quem somos e se percebemos onde é que moram as micro e macro violências que violentam nossas vidas. É uma narrativa que convoca a força e a importância de nossas memórias.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2021/04/enquanto-os-dentes-de-carlos-eduardo.html
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Felip_ 23/01/2021

O Retorno Daqueles Que Não Queriam
Devorei esse livro em uma semana, que escrita boa e envolvente, mesmo contendo parágrafos gigantescos. A história do retorno de uma fuga, de um retorno contragosto à casa dos pais, e assim é contada essa travessia do Rio de Janeiro até Niterói de Antônio, na qual toda sua vida passa por sua cabeça, e toda a violência que sofreu, muito por ser um cadeirante negro gay.
Achei muito interessante a escolha da Marinha como característica do livro, pois me lembra todo a História da Marinha Brasileira que é marcada por um atraso gigantesco, que vai levar à Revolta da Chibata (1910) - uma revolta de marinheiros negros contra os castigos físicos e a estrutura escravocrata interna. E toda isso nos leva ao tema principal do texto: a violência das instituições brasileiras e a necessidade de nos adaptarmos à tudo isso, mas às vezes não falha (e precisamos voltar). Incrível!
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fev 13/01/2021

#BingoLitNegra #LeiaNegros

Carlos Eduardo Pereira narra em enquanto os dentes o dia de mudança de Antônio. Antônio é um homem negro gay e deficiente físico. A história que se passa durante um dia entre o percurso dessa mudança o autor alterna momentos do passado e lembranças para contar como o personagem chegou até aquele momento.

A vida de Antônio é narrada de maneira seca, clara e sem voltas. Ele é filho de um comandante da marinha linha dura, agressivo, machista, homofóbico e uma mulher submissa que nunca possui voz em casa. Esses comportamentos influência muito a vida de Antônio longe de casa. Ele carrega a dor de ter sido podado por uma família que não deixara ser quem ele era. Não só uma dor, mas também aquele sentimento de não pertencimento e raiva dos anos vividos com os pais.

O fato de ser gay e negro nesse livro é apenas uma mera questão. Não é de fato o que carrega a história. Até porque o personagem fala poucas vezes ou de maneira natural sobre a sua sexualidade. O foco é como o acidente que o deixou paraplégico transformou a vida de um homem entre 30 e 40 anos. Como as pessoas o abandonaram, a tentativa de mudar a vida, como é viver em uma cidade que não é preparada para pessoas que possuem alguma deficiência física/motora e que acabam atrapalhado a locomoção. É um livro sobre sentimentos. Sobre a degradação de um pessoa. E como mudanças inesperadas podem de alguma forma acabar com você mesmo que haja uma luta para não cair nessa obscuridade de sentimentos negativos.

É um livro que precisa de atenção devido ao fluxo de consciência e as passagens entre o passado e o presente que acontecem de um parágrafo para outro. Quem não presta atenção fica meio perdido. É um livro forte e incrível. Não é um livro que escora nas minorias que o texto apresenta como tentaram enunciar.

Fica aqui a recomendação para a leitura de um livro forte.
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João 17/11/2020

Enquanto os dentes da boca aguentaram...
Enquanto os dentes é um livro de contrastes. O contraste principal é entre o eu [protagonista] do presente e eu do passado. Enquanto faz uma travessia do Rio a Niterói para retornar a casa dos pais depois de 20 anos sem contato, Antônio ? que saiu de casa como um hígido estudante da Escola da Marinha, retorna um artista plástico cadeirante, gay e egresso do curso de Filosofia ? não especula sobre como será a vida nesse novo velho ambiente, mas mergulha em digressões sobre o passado, da mais tenra infância aos dias que o levaram a essa travessia.

Outro contraste marcante é entre o Comandante [da Silva] ? militar da reserva, branco, hétero, cis, pai de família, cristão ? e o Antônio. A figura opressiva do Comandante é construída em cima de detalhes que abrem as feridas de quem é gay e teve que lidar com o pai autoritário, que infringe sobre o filho o peso de repetir seus caminhos.

O triunfo de Enquantos os Dentes é a construção de um personagem sem precedentes, que mesmo assim guarda capacidade de gerar tanta identificação. Carlos Eduardo Pereira [autor] traz a riqueza da interseccionalidade para a literatura LGBTQ+, mostrando que, mesmo muito diferentes, somos também muito iguais e, por isso, devemos sempre estar uns pelos outros.
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djoni moraes 24/10/2020

Enquanto os dentes - Carlos Eduardo Pereira
Um livro curtinho que acompanha a história do Antônio, um jovem carioca, filósofo de formação, que se torna cadeirante. A narrativa transcorre em poucas horas, e mostra a travessia deste jovem de volta para a casa de seus pais. No caminho se lembra de diversos eventos formadores, principalmente no que tange a sua relação com seu pai, um homem militar, carrasco, com quem tem uma relação conturbada.

Mesmo tratando de um assunto bastante importante e com pouca representatividade na nossa literatura, em alguns momentos as reflexões são um pouco superficiais, ou as descrições se tornam um pouco maçantes. Ainda assim, o livro tem sua beleza e importância inegável. Uma leitura que vale a pena!
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Luiz Gustavo 05/09/2020

Primeiro livro do Carlos Eduardo Pereira, a curta narrativa acompanha o trajeto do protagonista, Antônio, pelo Rio de Janeiro em um dia chuvoso. Antônio precisa ir à casa paterna, um lugar ao qual ele não quer, mas precisa ir; pois, em más condições financeiras, ele deve retornar, aos quarenta anos, a viver com os pais. Em seu deslocamento pela cidade, há também uma viagem interior, em que memórias de seu passado se intercalam ao que acontece no presente. Aos poucos, descobrimos cada vez mais sobre o personagem, mas algo que chama a atenção, logo no início, é a informação de que ele é um cadeirante. Nunca havia visto um personagem cadeirante em nenhum dos livros que li, e parei para refletir: quantos livros que apresentam pessoas com deficiência eu já li ou conheço? Sem nenhuma surpresa, a resposta é: pouquíssimos. Mais adiante na narrativa, descobrimos que Antônio também é negro; assim, há uma abordagem da deficiência física e do racismo no enredo. Essas duas características do protagonista são comuns também ao autor, de modo que não há uma visão capacitista da pessoa com deficiência, nem uma visão distorcida do negro, e sim um olhar legítimo do cadeirante, e do negro, sobre o mundo, e nisso se incluem as dificuldades que ele precisa enfrentar em um trajeto aparentemente simples pela cidade, além dos preconceitos com os quais se depara ao longo do percurso e em sua vida. Contudo, mais do que debater essas marcações identitárias, a narrativa apresenta questões mais universais na angústia de Antônio ao ter que retornar à casa paterna. A relação do personagem com o pai é muito conflituosa, e parece não ser possível fazer reparações, mas como o protagonista não tem escolha, não há escapatória senão renunciar a sua liberdade, rememorar o passado e encarar o que passou e aquilo que precisa ser feito. A narrativa é tensa do início ao fim, muito bem construída, com novas informações e episódios da vida de Antônio sendo apresentadas lentamente, mantendo o leitor sempre envolvido. Há outros elementos muito interessantes, e deixo aqui minha recomendação de leitura para quem se interessar.
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isa.dantas 29/06/2020

Um livro curtinho que aborda o período em que Antonio deixa sua casa e faz o trajeto até a casa dos pais. Durante o percurso, ele vai relembrando momentos de sua vida, como a violência paterna, o acidente que o deixou deficiente, entre outras passagens. O livro nos faz ver as dificuldades físicas de Antonio como cadeirante, o que faz pensar em quais outros livros com essa representatividade temos na nossa literatura.
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André Caracas 29/06/2020

Linda leitura!
Uma leitura rápida mas que fica martelando o resto do dia. O livro fala de escolhas e não-escolhas. Dependência, solidão e família. Não consigo parar se pensar no livro! Muito bom! Recomendo fortemente !
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@dropsdeleitura 14/09/2019

Não sei se pelos estudos sobre sonhos e sobre símbolos, mas falar sobre ?dentes? sempre me levar a pensar sobre agressividade. A agressividade que nos faz rasgar alimentos em busca de nutrição. A oralidade infantil, um primeiro jeito de lidar com o mundo, reconhecendo pela boca. Em algumas culturas, mostrar os dentes é um ritual de intimidação, de poder.. É preciso uma agressividade sadia para viver e estar no mundo de maneira autêntica.?
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Acho que o livro do Carlos Eduardo Pereira, o curtinho ?enquanto os dentes?, me pegou de jeito já pelo título. Fiquei curiosa. Depois, a cada sorriso condescendente do personagem, foi formando em mim uma imagem dolorosa de um fio tenso, prestes a se romper.?
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Antônio está atravessando a cidade e pega uma balsa. Ele está a caminho da casa dos pais, onde passará a morar. Antônio está numa cadeira de rodas e fará essa travessia remontando as peças de sua vida que o levaram até ali, num caminho circular.?
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Acompanhamos o seu trajeto. Acompanhamos suas memórias: a infância brutalizada pelo pai, a adolescência brutalizada pela instituição de ensino, a vida adulta brutalizada.. bom.. pela vida adulta. E Antônio sempre mostrando os dentes. Para morder, para resistir, para segurar, para fazer seu caminho..?
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?enquanto os dentes? é um livro sobre violências várias. Violências estruturais, corriqueiras. Violências tão severas e tão repetidas, que colocam em risco os dentes - concretos ou simbólicos - de qualquer um que não corresponda a heteronormatividade masculina, cis, branca e capacitista destes nossos dias.
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~ Enquanto os dentes da boca deram conta, ele mordeu, sustentou a vida que havia construído tijolo a tijolo, só que agora não dá mais. Agora ele sabe que acabou. ~
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leandro_sa 15/11/2018

O lugar de Antônio
"Enquanto os dentes" é daqueles romances que te inserem na mente do protagonista com maestria. Um dos grandes méritos para que isso aconteça é a maneira como Carlos Eduardo Pereira conduz a narrativa num grande fôlego que intercala a vida de Antônio até aquele momento e todos os dilemas trazidos por sua realidade atual.Ao mesmo tempo em que proporciona uma série de reflexões fortes acerca da condição do cadeirante- sem nunca soar panfletário,

A identificação com Antônio vem conforme o narrador nos apresenta sua história. Da tentativa de ser reconhecido pelos pais como uma figura digna de afeto, passando pelas inadequações da adolescência e as certezas engolidas pela vida adulta, é impossível que o leitor não tenha passado minimamente pelas questões enfrentadas pelo personagem.

Trata-se de uma obra literária que esbanja qualidade e que merece um lugar de destaque na, cada vez mais diversa, literatura brasileira contemporânea.
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Henrique 13/11/2018

Atravessando sobre os acontecimentos que o levaram até este ponto, Antônio repassa sua vida em um único dia. As tensões sobre as lembranças desenham sutilmente um individuo que se sente esmagar.

"Enquanto os dentes" incorpora uma narração precária que evidencia os aspectos difíceis da existência sem recorrer a sentimentalismos. Em vez de uma prosa acelerada, Carlos Eduardo Pereira opta por tempos que se desdobram no exato instante da leitura.

É o corpo que sucumbe, primordialmente, mas também a existência, os afetos. As palavras vêm como constatação das perdas. Nesses momentos, fica a possibilidade de averiguar as características dos instantes em que as coisas passaram a desmoronar.

Estilisticamente, Carlos Eduardo Pereira desenha a crise da modernidade: os avanços tecnológicos não trouxeram nada, as construções urbanas permanecem indiferentes. "Enquanto os Dentes" centra-se num protagonista que parece ser antagonista de todas as situações, que está sempre em outro tempo e outro tom.

Esse é o verdadeiro colapso que o corpo derradeiro acelera e realça. Abandonado pelo Estado, a transição numa cidade amaldiçoada é árdua: como se fosse um empecilho às engrenagens sempre ilustradas da manutenção social.

A paisagem do Inferno, sem gritos e obscenidades, toma o mundo. A cultura da indiferença atinge seu auge com o avanço tecnológico. Carlos Eduardo Pereira faz literatura como ode a essa cultura abjeta, que se instala perpetuamente, desde as relações familiares a uma travessia de barco. Afinal, quem liga para um cadeirante vomitando?
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Lopes 22/03/2018

O incisivo trajeto
"Enquanto os dentes", de Carlos Eduardo Pereira, espanta a vertigem que excluímos ao sairmos de casa para enfrentar mudanças nocivas da vida. A condição que Antônio apresenta estabelece a distância que culmina numa autohumanização paralém desta descrição sensorial. Revela ao leitor cada detalhe do novo esforço da vida desafiando o passado cujo o escombro, agora, é o último, e possível, lugar para se viver. Cabe a Antônio nos mostrar os detalhes certeiros, sem novelos ou descrições volumosas, sua rotina sob a temporalidade, seu encontro com sua sexualidade, o pai que escoa pelos anos, o militarismo e o acidente que lhe acarretou a necessidade de um objeto que enclausura sua realidade e sua alma, para lhe fazer ir: a cadeira de rodas. Cada um desses pilares são analisados por Antônio sem nenhuma suposição, já ocorreu, sua percepção o faz chegar até a casa de seu pai onde irá morar após sua situação financeira estar precária. Carlos Eduardo faz um exame de uma geração, classe e local, em que nada poderia sair dos trilhos, do moralismo e da detenção dos diretos de ser quem deveria ser, e fora isso, é apenas uma mobília ambulante que se cala ao entrar em crise. No entanto, a obra de Pereira não alcança a invisibilidade das coisas, ao se permitir criar mínimas análises, tudo se encontra muito acima da visão. É como se olhássemos esse caminho, e com ele os pensamentos que ditam a trajetória de Antônio, mas esse trajeto não surrupiasse o leitor, não entregasse uma linguagem que refute o cúmulo. A exatidão, aqui, torna um ponto fraco, não libera doses críticas que avassalam a estrutura do estado de coisas atual. Um pouco mais de falas, de consciência, ou de escolhas que permitam esse invisível surgir à tona, pareceu ser o ponto que distancia "Enquanto os dentes" de uma obra que parecia ser marcante.
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LG 04/03/2018

O livro nos leva para dentro da cabeça de uma pessoa, algo perturbador mas ao mesmo tempo esclarecedor. A consciência e a mente de uma pessoa, com diversos problemas, e um mistério para todos a sua volta o autor, Carlos Eduardo Pereira, consegue com sua escrita, sucinta e atual, nos levas para dentro da mente de Antonio para termos uma pequena noção das dificuldades de uma vida sobre rodas.
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Rafaela B 10/01/2018

Enquanto os Dentes

Fazia um bom tempo que eu não lia um livro nacional que me prendesse tanto e me deixasse com saudades do personagem no final.

Enquanto os Dentes conta a história de Antonio, um rapaz que há muitos anos não fala com seu pai por diferenças do passado e ao sofrer um acidente e se tornar paraplégico é obrigado a voltar a morar com os pais e então o acompanhamos do momento em que ele fecha o seu antigo apartamento e se dirige à casa dos pais.

Ao sair na rua no meio da chuva ele tem lembranças do passado, da sua época de adolescência na academia do exército onde seu pai esperava que ele seguisse seus passos, mas ele preferiu seguir outro rumo, se assumiu homossexual, na balça, após sofrer com o despreparo dos funcionários da concessionária para lidar com cadeirantes ele reencontra conhecidos que lhe trazem novas lembranças e assim vai seguindo seu caminho nesse mar de retalhos de lembranças, um caminho árduo tanto pela dificuldade de locomoção como a insegurança do encontro com o pai e os encontros fortuitos e um final que não esperamos.

É um livro pequeno, pouco mais de 90 páginas, mas com uma história marcante, o autor retrata lembranças da forma que elas realmente são: aleatórias, incompletas, aparecem quando menos se espera relacionadas ao que menos se ligam.
Carlos Eduardo Pereira começou muito bem no mundo literário com esse romance e certamente irei ler o próximo!
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