Enquanto os dentes

Enquanto os dentes Carlos Eduardo Pereira




Resenhas -


29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


isa.dantas 29/06/2020

Um livro curtinho que aborda o período em que Antonio deixa sua casa e faz o trajeto até a casa dos pais. Durante o percurso, ele vai relembrando momentos de sua vida, como a violência paterna, o acidente que o deixou deficiente, entre outras passagens. O livro nos faz ver as dificuldades físicas de Antonio como cadeirante, o que faz pensar em quais outros livros com essa representatividade temos na nossa literatura.
comentários(0)comente



Barbara.Luiza 24/06/2021

De barca ao passado.
Existe uma literatura em que o retorno para a casa dos pais é um momento de acolhimento, nesse tipo de literatura que alguns tem a coragem de chamar de universal quem retorna para a casa não é um homem gay filho de um Comandante da Marinha, nem um homem negro, artista, que se tornou cadeirante após um acidente. Digamos que o universo dessa literatura seja bem pequeno.

Em enquanto os dentes, livro de estreia de Carlos Eduardo, o leitor acompanha Antônio, que atravessa a cidade porque o destino fez com que ele precisasse voltar para onde nunca quis estar.

Nesse caminho narrativo em que as decidas da calçada nem sempre encontram rampas, em que os espaços não comportam a cadeira de rodas, nós temos que voltar e refazer o trajeto.

Por isso, as janelas dos transportes públicos do Rio de Janeiro, a balsa principalmente, nos dão mirada para o passado de Antônio, abrindo portas para o acidente que o colocou na cadeira e o que o fez nascer em uma família que não aceitaria sua homossexualidade.

A paciência do narrador ao percorrer esse caminho não é qualidade, é quase uma desistência. Ao meu ver a maior qualidade dessa obra de estreia é esse protagonista atravessado por tantos preconceitos e muitas características em comum com o autor não ser unidimensional. Ele julga tanto ou mais do que é julgado, ele não se torna santo quando beija um homem pela primeira vez ou quando perde o movimento das pernas. É um ser humano complexo que proporciona uma imersão complexa do leitor, exatamente por não tratar de uma experiência universal.

Sobre o áudio livro:
Foi a minha primeira vez ouvindo um audiobook sem narração do próprio autor, mas passei ele na fila de leituras por ter tido uma conversa bem bacana com o Carlos lá no meu canal (link na bio) no ano passado a respeito da coletânea para qual ele escreve um conto, a Fake Fiction da @dublinense.

Entretanto, acredito que a riqueza descritiva sensorial desse livro pode ser mais aproveitada no formato escrito.
comentários(0)comente



Beto | @beto_anderson 11/06/2021

Pequenas grandes violências
Esse livrinho curtinho tem uma narrativa que deixa a leitura mais convidativa. A partir da visão de uma cadeirante, conseguimos perceber algumas violências em forma de preconceito que atingem a nossa sociedade e que muitas vezes são "normalizadas", mas sem deixar de machucar as pessoas. Recomendo bastante.

site: https://www.instagram.com/beto_anderson/
comentários(0)comente



JojoFlor 07/08/2021

Fui ao RJ e voltei.
?(nem todo mundo ideal é tão ideal quanto a gente gostaria)?

Uma nova visão potente e singular sobre a marginalização e a intolerância.
Descreve com vivacidade as situações e os lugares, aborda assuntos difíceis e urgentes. Um livro que tem muito em menos de 100 páginas.
comentários(0)comente



angelica.martin 12/08/2021

Lento e maçante
Não fluiu o livro pra mim, tinha tudo para ser mais psicológico e dinâmico, um protagonista deficiente e com muitas questões pessoais poderia render um livro bem mais psicológico e com camadas, mas não deu.
comentários(0)comente



djoni moraes 24/10/2020

Enquanto os dentes - Carlos Eduardo Pereira
Um livro curtinho que acompanha a história do Antônio, um jovem carioca, filósofo de formação, que se torna cadeirante. A narrativa transcorre em poucas horas, e mostra a travessia deste jovem de volta para a casa de seus pais. No caminho se lembra de diversos eventos formadores, principalmente no que tange a sua relação com seu pai, um homem militar, carrasco, com quem tem uma relação conturbada.

Mesmo tratando de um assunto bastante importante e com pouca representatividade na nossa literatura, em alguns momentos as reflexões são um pouco superficiais, ou as descrições se tornam um pouco maçantes. Ainda assim, o livro tem sua beleza e importância inegável. Uma leitura que vale a pena!
comentários(0)comente



Saulors 08/01/2022

O livro é bem curtinho, mas não se enganem, ele ainda vai ficar em você, mesmo após lê-lo. A identificação com o personagem é de primeira, Antônio, é tão bem construído que conseguimos encherga-lo, identificá-lo e essa descrição minuciosa que deixa o livro tão interessante.
Uma história um tanto cruel, mas cheia de esperança. Recomendo muito!
comentários(0)comente



kkkkkaren 26/05/2023

Me trouxe questionamentos importantes!
Adorei sair da zona de conforto quanto a leitura e partir pra um tema pouco comum, temas de diversidade. Particularmente, me envergonhou nunca ter refletido sobre como é o dia-a-dia dessas pessoas, e se havia algo que eu pudesse fazer por elas. A leitura desse livro me trouxe uma reflexão sobre isso e gostei bastante.
comentários(0)comente



André Caracas 29/06/2020

Linda leitura!
Uma leitura rápida mas que fica martelando o resto do dia. O livro fala de escolhas e não-escolhas. Dependência, solidão e família. Não consigo parar se pensar no livro! Muito bom! Recomendo fortemente !
comentários(0)comente



Rafael Mussolini 09/04/2021

Enquanto os dentes
"Enquanto os dentes" (Editora Todavia, 2017) é o livro de estreia do Carlos Eduardo Pereira. O fato de estarmos diante da primeira publicação de um autor não necessariamente significa que o mesmo seja um escritor iniciante. É essa a sensação que fica após ler "Enquanto os dentes". Carlos faz uma literatura digna daqueles que já tem muita destreza com as palavras e tempos narrativos. Através de um texto curto, fluido e de ritmo contínuo, passamos a dividir nosso tempo com o personagem Antônio e suas reflexões e inquietações passam a ser também um pouco nossas. O livro é narrado em terceira pessoa, então é como se estivéssemos ali, assistindo uma peça sobre a vida de um personagem complexo, analítico e por vezes um pouco frio. O texto vai passeando por episódios da vida de Antônio sem a preocupação com uma linearidade. Um episódio pode mudar de um parágrafo para o outro, as vezes de uma frase para outra, e conseguimos captar quase que instantaneamente essa mudança de cena, como em um filme. Antônio atravessa diversos cenários da sua própria vida, enquanto atravessa cenários pertencentes a cidade.

O Antônio é um homem que cresceu em uma casa onde a palavra do pai era lei, tanto para ele como para a mãe e onde as possibilidades de diálogo eram bem limitadas. Diante de um pai que dominava o ambiente familiar com autoritarismo e violência não seria muito de se espantar que o mesmo também dominasse as escolhas de seu filho. É assim que Antônio começa a trilhar uma carreira na Escola Naval (que depois será trocada pelos caminhos da filosofia e das artes). O narrador vai nos apresentando a personalidade de Antônio sem floreios e sem filtros. Isso nos ajuda a perceber muitos dos traumas que assolam sua mente e que o levaram a se tornar um adulto regido por uma certa passividade que foi agravada após um acidente, um capotamento que o colocou em uma cadeira de rodas.

"Enquanto os dentes da boca deram conta, ele mordeu, sustentou a vida que havia construído tijolo a tijolo, só que agora não dá mais. Agora ele sabe que acabou."

Aos poucos a narrativa vai nos mostrando todas as camadas de Antônio e todas elas são apresentadas com muita calma. Vamos conhecendo as vivências de um homem negro, gay e cadeirante que sabe muito bem cada desafio que precisa enfrentar ao pensar nessas características. Ainda assim, o texto de "Enquanto os dentes" está longe de ser uma literatura panfletária e justamente por isso cumpre muito bem o seu papel de contar uma história diferente daquelas que já lemos muito por aí. A questão da homossexualidade por exemplo, aparece de uma forma tão inerente ao texto e ao personagem, com uma função de descrever uma das tantas características de Antônio, da mesma forma como se descreveria a cor dos olhos e dos cabelos.

Um dos pontos de destaque do livro é a forma como o autor nos apresenta ao mundo pelos olhos de uma pessoa cadeirante. Estamos diante de uma cidade que já ouvimos falar diversas vezes e que muito se assemelha a maioria das grandes capitais brasileiras, mas ao descrever a cidade diante dos desafios de mobilidade e de interação social acabamos por encontrar uma outra realidade. Com as limitações de sua condição física a forma de viver e circular pela cidade também muda e essa cidade que encontramos não é nada receptiva. O autor Carlos Alberto também é cadeirante, portanto conseguiu construir um texto que sabe muito bem o que diz, que fala sobre o processo de adequação que vai desde a nova maneira de tomar um banho, de dirigir, de circular pelas praças e demais espaços da cidade.

Durante o livro Antônio está em processo de mudança. Está deixando seu apartamento antigo para voltar para a casa dos pais. Enquanto faz sua travessia de balsa é como se ele entrasse em um transe de preparo para uma outra grande travessia que se tornou sua vida. Com a necessidade de reaprender a se locomover, a lidar com as pessoas ao seu redor e de entender o funcionamento de seu próprio corpo, Antônio passa a reviver toda sua história de vida até então.

"Um cadeirante não consegue se pesar numa balança de farmácia, ou de consultório médico. O sujeito que usa uma cadeira de rodas precisa estar sempre se olhando no espelho, comparando seu reflexo com o do dia anterior: se a cara está mais larga, é porque ganhou peso; se está mais fina, é porque perdeu."

"Enquanto os dentes" não é um livro sobre superação, se é isso que possa parecer ao ler um pouco de sua sinopse. É um livro que faz a gente olhar para a própria vida e ver os diversos episódios que fizeram ser o que somos desfilando diante de nossos olhos. É uma história que nos pergunta nas entrelinhas quem somos e se percebemos onde é que moram as micro e macro violências que violentam nossas vidas. É uma narrativa que convoca a força e a importância de nossas memórias.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2021/04/enquanto-os-dentes-de-carlos-eduardo.html
comentários(0)comente



nandinha19 02/08/2022

não entendo o urge dos professores em fazer a gente ler livro ruim e nem passar nada sobre o livro ??? sem dúvida uma das leituras mais bagunçadas que eu já fiz
comentários(0)comente



Felipe 06/06/2022

"Enquanto Os Dentes" e sua narrativa voraz e bela
Terminei a leitura de ?Enquanto Os Dentes?, o livro que eu tinha guardado em meu armário há dois anos, faz pouco mais de uma semana. Demorei para elaborar uma resenha que, de fato, fizesse jus a grandiosidade da obra, e, preciso admitir, ainda não sei se está boa o bastante. Só quero registrar a minha experiência com as noventa e seis páginas do romance de Carlos Eduardo Pereira e explicar, de forma singela, o porquê eu acredito que todos deveriam lê-lo.

A narrativa, lançada em 2017, acompanha a pequena odisseia de Antônio, um rapaz negro e homossexual, na casa dos quarenta anos, ao retornar a casa dos pais após um acidente que o fez perder os movimentos das pernas. Antônio havia conseguido se virar em uma cadeira de rodas por quase cinco anos, desenvolvendo a sua autonomia em uma cidade feita para carros e pedestres, mas quase nunca para deficientes físicos como ele. Com o passar do tempo, observando a sua saúde ficar mais debilitada, o rapaz decide regressar ao bairro onde cresceu e dar adeus a vida que havia construído ainda jovem, no centro do Rio de Janeiro.

Durante essa jornada, saindo de seu antigo apartamento e voltando à Baia de Guanabara à bordo de uma balsa, somos apresentados ao passado de Antônio e a alguns vislumbres de seu presente. Há as suas memórias, os seus sonhos juvenis, os seus medos, inseguranças e paixões, sendo uma mistura de sentimentos enxuta e, ao mesmo tempo, densa e mordaz. A obra é feita para ser lida em uma tacada só, como se o autor quisesse prender a respiração do leitor à história. Digo que a obra teve esse êxito sob mim. Não há capítulos, não há pausas, há somente uma constante viagem pelas lembranças do protagonista, desde a sua infância sob um teto autoritário, liderado pelo seu pai ? o Comandante ?, aos anos difíceis na Escola da Marinha, a sua atitude gloriosa de se libertar e ir seguir os seus desejos; às vivências de um jovem homossexual, de sua vida como universitário e de como ele se virava para sustentar o estilo de vida que havia alcançado com muito esforço. Antônio, um artista, pintor, fotógrafo, vivia de sua arte e de alguns bicos que fazia aqui e ali. Enquanto se virava em becos e vielas, em vernissages e centros culturais, o rapaz perdeu o contato com os pais e nunca mais os viu.

Carlos Eduardo Pereira, o autor, compartilha algumas semelhanças com o protagonista. Ele, também negro, cadeirante e homossexual, trouxe à narrativas pontos muito fortes, manteve a dureza das situações apresentadas, em uma sociedade covarde que é cumplice de violências silenciosas (seja dentro de casa, em uma escola militar ou caminhando pela rua em uma cadeira de rodas antiga). No entanto, há espaço para inserir certa delicadeza, um tato sensível, demonstrando como a vida é uma jornada inconsistente. É uma leitura contemporânea de tirar o chapéu (e o fôlego) e eu arrependo-me de não ter a lido antes.
comentários(0)comente



fernanda1789 04/11/2022

Honestamente, esperava algo melhor.
De acordo com a sinopse, o livro tem MUITO potencial, principalmente pelas características do Antônio e pelas dificuldades que ele passa, mas acho que o livro deixou muito a desejar.

A história se passa em apenas um dia enquanto o protagonista volta para a casa dos pais, ou seja: ela é repleta de flashbacks, e isso deixa a leitura bem cansativa para quem não tem costume.

Outra coisa que acaba prejudicando o fluxo da leitura é a organização do texto, que por mais que faça sentido, é bem ruim!! O livro tem 96 páginas e durante o decorrer não tem nenhum capítulo, enquanto as falas dos personagens são indicadas somente com aspas no meio do parágrafo.

O final, ninguém entende. O Antônio chega na casa dos pais, uma vizinha conversa com ele e a última fala dele é um ?Hein??. Sim, acabou assim. Eu honestamente esperava algo melhor.

Mas apesar de todos esses pontos negativos, saber a história do Antônio foi até interessante! principalmente para entender as dificuldades dele e visualizar como ele consegue lidar com tudo isso.
comentários(0)comente



LG 04/03/2018

O livro nos leva para dentro da cabeça de uma pessoa, algo perturbador mas ao mesmo tempo esclarecedor. A consciência e a mente de uma pessoa, com diversos problemas, e um mistério para todos a sua volta o autor, Carlos Eduardo Pereira, consegue com sua escrita, sucinta e atual, nos levas para dentro da mente de Antonio para termos uma pequena noção das dificuldades de uma vida sobre rodas.
comentários(0)comente



João 17/11/2020

Enquanto os dentes da boca aguentaram...
Enquanto os dentes é um livro de contrastes. O contraste principal é entre o eu [protagonista] do presente e eu do passado. Enquanto faz uma travessia do Rio a Niterói para retornar a casa dos pais depois de 20 anos sem contato, Antônio ? que saiu de casa como um hígido estudante da Escola da Marinha, retorna um artista plástico cadeirante, gay e egresso do curso de Filosofia ? não especula sobre como será a vida nesse novo velho ambiente, mas mergulha em digressões sobre o passado, da mais tenra infância aos dias que o levaram a essa travessia.

Outro contraste marcante é entre o Comandante [da Silva] ? militar da reserva, branco, hétero, cis, pai de família, cristão ? e o Antônio. A figura opressiva do Comandante é construída em cima de detalhes que abrem as feridas de quem é gay e teve que lidar com o pai autoritário, que infringe sobre o filho o peso de repetir seus caminhos.

O triunfo de Enquantos os Dentes é a construção de um personagem sem precedentes, que mesmo assim guarda capacidade de gerar tanta identificação. Carlos Eduardo Pereira [autor] traz a riqueza da interseccionalidade para a literatura LGBTQ+, mostrando que, mesmo muito diferentes, somos também muito iguais e, por isso, devemos sempre estar uns pelos outros.
comentários(0)comente



29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR