Américo 19/10/2022
Peças históricas não tão interessantes
Chego ao final desse terceiro volume de peças de Shakespeare, e no caso deste aqui, confesso que não achei tão interessante quanto os demais.
Ricardo III é enfadonha, o protagonista não possui escrúpulo algum, e sai eliminando todo mundo que aparece pela frente, mas a trama não cativa o leitor costumaz, exceto talvez os aficionados pela história da Inglaterra, em particular pela guerra das rosas. Entendo a importância da peça, mas creio que um bom livro de não ficção sobre o assunto possa ter uma leitura mais fluida e interessante, nesse caso. Se você procura uma boa peça do bardo com um personagem tão inescrupuloso quanto Ricardo III, recomendo a leitura de Otelo, o mouro de Veneza.
Se Ricardo III é enfadonha, Ricardo II é (embora bem mais curta) pelo menos duas vezes mais. A escrita é bastante lírica e nada objetiva, repleta de floreios. Some-se a isso o fato de as principais cenas de ação ocorrerem em segundo plano, pois a maior parte da peça se concentra em debates e intrigas palacianas sobre honra e sobre quem de fato está dizendo a verdade.
Júlio César foi de longe a melhor peça desse volume, a única que na minha opinião foi perfeita em tudo: enredo, personagens, texto, tamanho etc. Com certeza entra pra minha lista de melhores de Shakespeare, e muito provavelmente a melhor dentre as peças históricas. Em poucas palavras: fez valer a leitura desse volume.
Antônio e Cleópatra não é uma peça ruim, mas não possui o mesmo brilho e objetividade de Júlio César. Achei uma espécie de mistura entre os enredos das peças Júlio César e Romeu e Julieta, no entanto deixando a desejar bastante se comparada com essas duas. Mas como eu disse, não é uma peça ruim e vale a leitura, ficando em segundo lugar com relação às quatro peças deste volume.