Tatiane 25/11/2021
Romance grandioso e forte. Comecei a ler "Guerra e Paz" porque quero ler os grandes clássicos, mas não foi uma leitura fácil. Precisei parar por um tempo para conseguir enveredar pelo segundo volume. O melhor de tudo, para mim, são as reflexões filosóficas de Tolstoi sobre a guerra, o poder, a liberdade e sobre as relações humanas. Há passagens que preciso voltar e refletir bastante. Difícil destacá-las, mas sorteei duas:
"O meu menino cresce e se diverte com a vida, na qual ele será, como todos, um enganado ou um enganador."
(p. 771, vol. 2, Cia. das Letras, 2017)
"A guerra não é uma amabilidade, e sim a coisa mais cruel da vida, e é preciso entender isso e não brincar de guerra. É preciso levar a sério e com rigor essa terrível necessidade. Tudo se resume a isto: pôr de lado a mentira, a guerra é a guerra, não é uma brincadeira. Senão a guerra acaba sendo esse entretenimento predileto de pessoas ociosas e levianas... A carreira militar é a mais honrosa. Mas afinal o que é a guerra, o que é necessário para o êxito em questões militares, quais são os padrões de conduta no meio militar? O objetivo da guerra é o assassinato, os instrumentos da guerra são a espionagem, a traição e o seu encorajamento, o extermínio dos habitantes, a pilhagem dos seus bens ou o roubo para o abastecimento do exército, a fraude e a mentira, chamadas de astúcias militares; os padrões de conduta da carreira militar são a ausência de liberdade, ou seja, a disciplina, a ociosidade, a ignorância, a crueldade, a depravação, a bebedeira. E apesar disso é a carreira mais alta, a mais respeitada por todos. Os reis todos, exceto o chinês, usam um uniforme militar e conferem a maior recompensa àquele que matou mais gente... Como vai acontecer amanhã, eles se reúnem para se matarem uns aos outros, ferem, aleijam dezenas de milhares de pessoas, e depois vão mandar rezar missas em ação de graças por terem matado tanta gente (cujo número ainda tratam de aumentar) e vão proclamar a vitória, supondo que quanto mais gente for massacrada maior o mérito. Como é que Deus, lá do alto, pode vê-los e escutá-los?"
(p. 937-938, vol. 2, Cia. das Letras, 2017)