Guerra e Paz

Guerra e Paz Leon Tolstói




Resenhas - Guerra e Paz


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Lude 14/08/2014

Liev Tolstói = Titã
Numa cena do filme "Kill Bill Vol. 2" a personagem Ellie Driver comenta: "Eu amo a palavra 'colossal'. Não é uma pena que não tenhamos mais chances de usá-la?" Bem, eis aqui uma boa oportunidade de usar a tal palavrinha.

A fama de "Guerra e Paz" o precede: as milhares de páginas, as centenas de personagens... Ainda me lembro de um episódio dos Peanuts que assisti quando era criança, no qual Charlie Brown tinha que ler "Guerra e Paz" para uma de suas disciplinas na escola. O coitado era então obrigado a andar por aí arrastando consigo um calhamaço quase do tamanho dele próprio - e sempre pegando no sono tão logo começava a lê-lo. Anos depois, no colegial, um amigo meu começou a lê-lo e descreveu a experiência como "intensa". Eu associaria esta palavra ao livro dali em diante. "Guerra e Paz" se tornou para mim um Everest da literatura, um empreendimento que exige preparação, fôlego, perseverança e coragem. E tal como a montanha nevada, se me afigurava ameaçador em sua imponência.

Não obstante, logo entendi que eu teria de encarar o magnum opus de Tolstói algum dia. Resolvi lê-lo neste meu 25º ano de vida, como uma espécie de rito de passagem entre meu primeiro quarto de século e o próximo. Cumprido o rito, achei por bem escrever esta resenha.

"Guerra e Paz" é um daqueles livros que te fazem parar no meio da leitura para olhar para sua capa alguns instantes, embasbacado, perguntando-se como pode ele ser tão bom. É um livro que convida a aplicar adjetivos superlativos, tais como magnífico, genial, assombroso ou o já mencionado colossal, tão amado pela vilã caolha de Tarantino. Enorme também não cai mal - o tamanho não tem como passar despercebido, especialmente quando você estiver procurando uma posição confortável para segurar o calhamaço. Tolstói dá uma contundente aula de descrição, diálogo, caracterização de personagens, condução de tramas e subtramas, etc., daquelas de fazer qualquer escritor de gaveta (como eu) colocar o rabo entre as pernas. Ele consegue discorrer sobre paixonites adolescentes e manobras militares e políticas com a mesma familiaridade. Até agora me pergunto como ele conseguiu falar com tanta propriedade de tantas facetas diferentes da experiência humana numa mesma obra. É como se ele alternasse constantemente entre um telescópio e um microscópio: com um observa o movimento dos corpos celestes no espaço, com outro, estuda as interações dos micro-organismos que vivem numa gota d'água.

Tenho para mim que todo leitor que se preze deve passar por "Guerra e Paz" algum dia. Seja para amá-lo, seja para odiá-lo, todos deveriam pelo menos tentar lê-lo. E para aqueles que perseverarem até o fim, não será pequena a recompensa. Sem falar que para estes o conceito de livro grande nunca mais será o mesmo...
Douglas 18/11/2014minha estante
Estou muito ansioso para comecar...obg pela resenha,magnifica


larissa dowdney 09/12/2014minha estante
belíssima resenha!


Carol 12/05/2015minha estante
Que resenha mais linda. Nem vou usar palavra mais elaboradas, é só linda mesmo. Fiquei especialmente encantada com a metáfora da alternância entre o microscópio e o telescópio, que me fez até mesmo lembrar das longas descrições de batalhas e cenas de guerras com menos ódio do que eu vinha fazendo. Provavelmente sempre vou pensar que o livro teria sido melhor apenas com a análise microscópica, mas obrigada por me fazer colocar essa ideia em dúvida.


Dailton 24/07/2016minha estante
Parabéns pela resenha, Lude. Não precisa colocar o rabo entre as pernas rs. Você é um excelente escritor.


Gabriel 10/04/2017minha estante
Cheguei ao meu vigésimo terceiro aniversário e começo a achar que está na hora de encará-lo.


Kelvin 12/01/2018minha estante
Cara, só por você ter citado Kill Bill numa resenha sobre Guerra e Paz já tô te seguindo, hue


Emilly.Borret 21/04/2020minha estante
Descrição genial, escrita impecável, me deu vontade absurda de ler só pela resenha. Muito bom.


Luis 26/04/2020minha estante
Parabéns pela magnífica resenha. Pegando folêgo aqui para encarar em breve esse ?Everest?.


Bonnie | @bonnielendo 06/08/2020minha estante
Hahaha, adorei a resenha, estou tentada a me arriscar nesta obra em breve!


Biel 15/11/2020minha estante
Que resenha excelente, parabéns! Já tinha muita vontade de lê-lo mas agora tenho mais! Estou aguardando uma boa promoção para comprá-lo.


Ferreira.Souza 12/01/2021minha estante
paixão do autor o atrapalha, e as personagens femininas são de fato toscas
sinceramente tostoi tinha problema com as mulheres .


Paula 01/02/2021minha estante
Amei a sua resenha!


di 26/03/2021minha estante
Gente alguém tem o pdf do segundo livro?


Leitor_aposentado 18/03/2022minha estante
Rapaz, sua resenha foi primorosa. Passei dois anos lendo, entre várias paradas, e terminei há poucos meses, com 15. Talvez tenha antecipado meu "rito de passagem", mas não me arrependo nem por um segundo.


Allan 07/09/2022minha estante
Resenha excelente! Ano que vem cumpro meus 25 anos e passarei pelo mesmo ?rito? de passagem na leitura, ansioso pra escalar esse Everest.
Ps: A referência à Kill Bill foi de um bom gosto colossal


Yasmin 16/11/2022minha estante
Que resenha maravilhosa, ansiosa para ler. ??


Hellen.Galvao 10/01/2023minha estante
Não gosto muito quando ele discorre sobre a guerra pq né perco


Nathaniel.Figueire 04/12/2023minha estante
Eu também tenho essa lembrança afetiva com o romance por causa desse episódio de Peanuts!


JosA225 27/12/2023minha estante
Uma verdadeira epopéia esse livro. A Russia em guerra com Napoleão Bonaparte mas a vida segue sua rotina. Inesquecível. O melhor livro que já li em minha vida.




Flávia Menezes 26/12/2023

O SABER É A SUBMISSÃO DA ESSÊNCIA DA VIDA ÀS LEIS DA RAZÃO.
?Guerra e Paz? é um romance histórico que foi escrito pelo autor russo Liev Tolstói, publicado no Russkii Vestnik, um periódico da época, entre os anos de 1885 e 1869, e é considerado uma das obras mais volumosas da história da literatura universal.

Narrando a história da Rússia à época de Napoleão Bonaparte (em especial, durante o período das guerras napoleônicas), o romance é dividido em 4 livros mais epílogo.

Quando vi essa parte final, do epílogo, eu fiquei me perguntando que tanto mais o autor tinha a dizer depois de tantas páginas. Mas ao encerrá-lo, foi como se uma trava ouvesse sido tirada dos meus olhos, me ajudando a enxergar tudo o que eu não havia enxergado até aqui com tanta clareza.

Foi quando percebi o motivo pelo qual eu sempre respondia com tanta convicção que, apesar de não ter tanta conexão com a história, algo me dizia que eu devia prosseguir até o final.

Referente a isso, só posso dizer que nunca foi teimosia, mas sempre foi sexto sentido!

Mas de fato durante a leitura do romance, nesta parte inicial de um Tolstói historiador, tirando alguns momentos em que seus personagens me impressionaram ou me tocaram de alguma forma, eu não consegui sentir todo este fascínio pela história, o qual eu via algumas pessoas falando sobre.

Claro que muito da minha dificuldade em mergulhar em toda a magnitude desta história, se deveu parte a uma inexperiência em Tolstói (eu certamente deveria ter lido mais livros pequenos dele, antes de iniciar essa leitura), e por pura ignorância mesmo (eu reconheço!) do contexto sócio-histórico da Rússia nesta época.

Mas apesar de conhecer meus entraves e limitações, durante a leitura havia essa pergunta que girava constantemente na minha mente, a qual eu não conseguia calar: ?O que o Tolstói está tentando me dizer com esta história?? Uma pergunta que, quanto mais eu me aproximava do final, mais eu desistia de vê-la respondida.

Isso até chegar no epílogo, que surgiu diante de mim não apenas respondendo a minha pergunta principal, mas também a uma série de outras questões que me acompanharam ao longo desses quatro meses e vinte e quatro dias de leitura (com uma sensação semelhante àquele famoso meme do Titanic: Já faz 84 anos!).

Antes de falar sobre esse epílogo, eu preciso dizer que Tolstói nos apresenta uma diversidade de personagens onde, enquanto alguns nos despertam empatia, já outros, nos farão sentir uma intensa repulsa, especialmente aqueles que refletem os pensamentos e atitudes da alta sociedade da época, e que não nos pouparão incômodos com seus comportamentos excessivamente fúteis e vazios.

Porém, entre esse ?amor e ódio?, esta história complexa e desenvolvida com uma presteza de detalhes que apenas um escritor-artista é capaz de conceber, ora estamos diante do ambiente de guerra e das suas inevitáveis fatalidades, ora estamos acompanhando a vida dos seus personagens, sentindo como o efeito da guerra os atinge e vai definindo seus destinos.

Confesso que por muitos momentos eu me sentia irremediavelmente entediada, em especial nas partes da guerra. E isso não acontecia por motivos dos detalhes das descrições, mas sim pela narrativa que assumia um tom muito diferente, de uma arrogância e frivolidade, tornando perceptível a diferença dos efeitos da guerra para aqueles que comandam, daqueles que estão diante da linha de frente.

Em outros momentos, o que muito me entediou, foram os constantes histerismos e futilidades das mulheres mais jovens, e da inconstância de atitudes por parte dos homens no que se refere aos compromissos que assumiam com essas jovens. Claro que existe um contexto de época, mas Tolstói potencializa cada característica para nos provocar, nos instigar?e de fato, reagimos!

Mas quanto a isso, o que aprendi com Tolstói em ?A morte de Ivan Ilitch? é que seus personagens são viscerais, e isso quer dizer que vão nos proporcionar incômodos porque suas atitudes mundanas nos levarão ao limite da paciência. Porém, não é disso que o nosso dia a dia é feito? De pessoas reais repletas de defeitos e mesquinharias que muitas vezes testam os nossos limites?

Apesar de toda a dose de realismo que compõe este trabalho tão minucioso e impecável, eu confesso que já não via a hora de chegar ao final. Mas quando veio o epílogo, consturando e explicando tudo, eu já não queria que acabasse tão cedo!

Abandonando a face do historiador, para nos apresentar um novo Tolstói, vestido como um exímio pensador e filósofo, as suas reflexões finais foram a cereja do bolo, mais parecendo um ?Memória do Subsolo? (do Dostoiévski) ao contrário: onde primeiro ele (Tolstói) nos conta a história, para depois nos levar a uma reflexão mais profunda da vida e do ser humano.

Nesta parte, era como se Tolstói tivesse ouvido meus pensamentos, vindo ao meu socorro para responder às minhas constantes dúvidas e questões, me ajudando (inclusive!) a compreender aquela minha questão inicial: ?O que o Tolstói está tentando me dizer com esta história??

Ser um escritor que se debruça a narrar fatos históricos, não é nada fácil, e no epílogo, Tolstói nos dá uma aula que vai desde o papel do historiador, até as motivações que fazem com que os eventos históricos aconteçam.

Tenho que dizer que é bela e empolgante a forma como Tolstói vai tecendo as suas reflexões sobre a influência que o historiador tem ao fazer História (enquanto ciência), o que muito me lembrou das reflexões do livro ?Os Intelectuais e a Sociedade?, de Thomas Sowell.

Porém, um evento histórico precisa ser contado, e foi aí que eu compreendi que Tolstói não queria que eu entendesse a história através do seu ponto de vista. Mas o que ele queria mesmo era me apresentar os fatos ocorridos, e me lembrar que não existe neutralidade em momentos como esse. Que não há como explicar porque as guerras e rebeliões realmente acontecem, mas que é possível falar de tudo o que influencia a sua ocorrência. De que a liberdade é relativa, resultando na nossa irremediável obediência aos acontecimentos que permeiam o determinismo histórico (que ele tanto acreditava).

Tolstói mergulha com tanta autoridade na essência do ser, nos tirando de onde estamos, para refletirmos sobre a sua visão fatalista da História, que não há como não sentir fascínio pela forma como ele construiu todo esse romance até chegar no epílogo, e nos explicar ponto por ponto do que ele havia narrado até aqui. E eu tenho que dizer que eu o acho um verdadeiro danadinho, porque chegar no epílogo nos faz ter vontade de reler toda a história, apenas para rever tudo com esse novo olhar que surge após esse momento de tão profunda reflexão.

Tolstói é um gênio, e o que ele fez neste romance é algo que vai muito além de narrar fatos históricos. Ele permeia a essência por trás de cada personagem histórico que a compõe, e nos mostra tanto a sua importância quanto a sua irrelevância, quando percebemos que eles não definem com exatidão o povo para quem eles governavam e tomavam decisões que inclusive afetaram profundamente muitas vidas neste espaço de tempo em que essas pessoas existiram.

Aliás, essa relação do tempo e do contar uma história, é algo que Tolstói faz neste epílogo, nos colocando diante não apenas do que ele trouxe neste romance, mas indo muito além, nos fazendo pensar em como a nossa própria vida se dá na atualidade.

Não posso dizer que esta foi uma leitura prazerosa, porque confesso que ela realmente não foi. Mas é certo que ao final, e em especial após este epílogo, eu não posso deixar de declarar toda a minha admiração por uma obra que certamente mudou a minha forma de ver a vida, tanto quanto de ler histórias, sejam elas de ficção, ou de romances históricos como esse.
AndrAa58 26/12/2023minha estante
????? mais uma vez bato palmas para a sua resenha. Adorei!


Pri.Kerche 26/12/2023minha estante
Adorei a resenha!


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
Andrea querida, muito obrigada mesmo pelas palavras sempre tão gentis! ?


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
Pri, muito obrigada de coração! Tolstói merece o meu empenho, mas um livro desses?merece mais ainda! ??


Willian284 26/12/2023minha estante
Amei a resenha! E ficou bem clara mesmo essa rocha de Tolstoi com os historiadores e seus respectivos vieses. Neste ponto sugiro que você veja o livro "A guerra não tem rosto de mulher" da Svetlana (vencedora de Nobel, não à toa). O mesmo notei sobre seu comentário de não se interessar muito pela parte das batalhas, também explorado por ela.
Quanto à futilidade das moças da época, o que se esperar? Ficavam o dia todo trancadas sem contato com o mundo externo. Quando saíam, tudo era supervisionado. Aí é phoda de desenvolver qualquer senso crítico. Não que hoje seja melhor, pois as mina ainda pira num cara imprestável (#teamAnatole?).
Você não citou o prólogo (não sei se é lá uma fã dessas coisas), mas o Rubens dá um contexto por alto da história, e ajuda a entender alguns pontos.


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
William, agradeço pelas palavras mas agradeço mesmo pelas dicas!! Eu vou procurar já esse livro. Vai ser mais interessante agora me aprofundar depois de ter lido e enquanto ainda o romance está ?fresco? na memória! Obrigada mesmo por isso!!!!
William eu acho que você colocou bem isso da questão da época, mas que é meio irritantezinho? é! ? Agora? em defesa ao meu favorito nessa história: eu aou #TeamAndrei ?. Mas gostei muito da transformação que o Tolstói dá para a Natacha. Dá pra ver que era a queridinha sele inclusive.
Agora? você falou do prólogo? confesso que não lembro de ter lido, mas vou seguir sua dica e ler. Eu tenho deixado algumas dessas apresentações iniciais de lado, porque algumas se estendem muito e acaba oferecendo informações demais. Mas agora eu vou dar uma olhada!
Obrigada mesmo pelas dicas. Quero me aprofundar mais e preencher algumas lacunas desse contexto histórico que desconheço. Mas foi uma leitura incrível e que me fez entender bem mais a escrita do Tolstòi.


Flávia Menezes 26/12/2023minha estante
Obs.: William li o prólogo escrito pelo Rubens e tem razão: é parte fundamental! Muito explicativo e ainda mostra muito da arte da escrita do Tolstói que vai totalmente na contramão dos padrões literários. Um gênio esse Tolstói!!!


Fabio.Nunes 27/12/2023minha estante
Parabéns Flávia. Pergunta: vc recomenda lermos o epílogo antes de iniciar a leitura?


Flávia Menezes 27/12/2023minha estante
Obrigada, Fábio!
Então, eu recomendo ler o prológo. Porque o epílogo começa com um salto no tempo dos personagens. É que diferente do Dostô, o Tolstói ele não explica nada. Mas pra você vai ser tranquilo. Eu sofri mesmo, por não ter lido muita coisa do Tolstói e ter me entendiado com essa narrativa de temperaturas mais ?mornas? que ele tem. Mas depois eu entendi que foi pra se manter o mais neutro possível. O que você não terá problemas. Ao contrário! Acho que você vai gostar muito desse livro!


italomalveira 27/12/2023minha estante
Pelo que eu entendi foi meio que amor e ódio kkkk


Flávia Menezes 27/12/2023minha estante
Disse tudo, Italo!!! Foi exatamente assim! Bem amor e ódio! ?




DIRCE 27/08/2016

Uma obra na qual superlativos são meros eufemismos
Concluí a leitura da obra tão, por mim, temida – Guerra e Paz. Mal sabia eu que estava me privando de uma leitura de uma abrangência surpreendente. Mas eu usei a palavra leitura? Que inapropriado! Sim, pois como já disse em comentários anteriores a narrativa de Tolstói é nada mais nada menos que cinematográfica e revolucionária, uma vez que, já no século XIX, ele fez uso da “tecnologia 3D” o que me tirou da condição de mera leitora. Sequer uma espectadora, fui. Guerra e Paz trata-se de uma obra de cunho histórico , com o aparente intuito de contradizer a visão dos historiadores franceses acerca da Campanha Russa , de mostrar seu inconformismo diante das atrocidades que são os Conflitos Armados, de desmerecer ( não sem razão) os louros que cobriu Napoleão Bonaparte e de questionar a importância deste na Guerra e também do imperador Nicolau I . Para alcançar seu objetivo Tolstói mescla personagens reais com fictícios ( e não são poucos) com genialidade, de forma que, sem que eu percebesse, fui levada a “participar ativamente” da trama. Vivenciei momentos de horrores: vi soldados desaparecerem nos lagos congelados, soldados sendo fuzilados, e o fim trágicos de crianças como o menino Pétia. Quis dar uma sacudida na frívola e narcisista Natacha, desejo que se esvaiu acompanhando sua transformação. O curioso é que a transformação não se restringe à Natacha: a maioria das personagens sofrem transformações no decorrer do romance e a mais notória é a transformação ocorrida no Pierre – na juventude foi um tanto quanto doidivano, mas a medida que o tempo passa se transforma em um questionador e , a menos que eu tenha entendido erradinho, em um possível revolucionário - não só em pensamento mas também em ações. Penso que a posicionamento do Pierre diante da necessidade do povo russo influenciou sobremaneira o jovem Nikólienka (filho do Andrei) a ponto de eu perceber uma mensagem subliminar: o jovem seguiria as pegadas de Pierre ?. Por falar em Andrei, ele também foi um dos que sofreram transformações significativas - não ficou imune às desilusões com a política o que o levou a optar pelo exército , lá, desconfia das estratégias e, em sua constante busca, foi parar na frente das batalhas.
Outro sentimento que tomou conta de mim foi a compaixão pelas mulheres: não pensavam por si mesmas – as opiniões dos seus maridos passam a ser as suas-, vivem exclusivamente para o marido e filhos , abrem mão de um simples esboço de vaidade .
Bem, uma obra de 2.482 ( estou considerando apenas as que encerram o romance) teria muito a discorrer , só que não é minha intenção ser mais prolixa neste meu comentário, mas preciso fazer um registro : o título Guerra e Paz . A Paz estaria na “calmaria” existente nos frívolos salões ou quando Tolstói se fixa nas famílias Karaguin, Mikailovna, Bolkonski, Bezukhov, Rostov ( com ênfase nas três últimas)? Recuso-me a crer nessa hipótese. Uma obra tão abrangente...Atrevo-me a dizer que existe nessa obra um “ensinamento”sobre a ética tanto na Guerra como na Paz. Uma ética intrínseca à existência não só do século XIX como a dos nossos dias.
Finalizo dizendo que a leitura de Guerra e Paz também teve seus senões: as excessivas frases francesas ditas pelos russos que ocupavam enormes rodapés muito me desagradaram ( mea culpa – quem me mandou ficar restrita a uma tupiniquim que mal fala o português?), e também as reflexões filosóficas constantes na segunda parte do epílogo (também não me eximo da culpa) , que provocou um certo fastio. Entretanto, contudo, todavia, não obstante, etc, etc, qualquer superlativo atribuído a essa obra não passará de mero eufemismo.
Quero mais, muito mais Tolstói .






Nanci 29/08/2016minha estante
Legal, Dirce. Vamos ler mais Tolstói.


DIRCE 29/08/2016minha estante
Sim, sim.


Athena24601 29/08/2016minha estante
Ótima resenha! :) Tolstói realmente é um dos maiores romancistas de todos os tempos.


DIRCE 30/08/2016minha estante
Obrigada, Athena.
Quanto a Tolstói concordo plenamente com você.


Ana Karina 31/08/2016minha estante
Que bom, Dirce!
Estou lendo Ana Karenina e estou gostando bastante. Quem sabe me animo para Guerra e paz.


DIRCE 31/08/2016minha estante
Quem lhe deu o nome tinha lido Ana Karenina, A, Karina? Sabia que minha filha ia se chamar Karina por causa do romance, mas mudei de ideia no momento que meu marido saía para registrá-la? Claro que você não sabia (risos)


Ana Karina 31/08/2016minha estante
Dirce, a minha mãe me deu o nome , mas não foi inspirado na Ana Karenina de Tólstoi não. Que interessante sobre sua filha! O meu também era para ser carolina.


Keila Cavalcante 02/09/2016minha estante
Dirce, parabéns! bela resenha! Ainda não me sinto uma leitora preparada para conhecer Tolstói, mas depois de sua resenha fiquei muito inspirada.


DIRCE 06/09/2016minha estante
Que bom, Keila.
É muito envolvente. Tomara você goste.


NaV 03/08/2017minha estante
Sou fã de Tolstói, aliás, fã de (quase) todos os Russos da literatura, tenho até uma parte da estante dedicada apenas a esses. No que diz respeito à Guerra e Paz, li aos 14 anos, para um trabalho em sala de aula. Existem livros que mudam nossas vidas, não? Ou será que existem livros que não mudam? Um ano depois li Os Miseráveis, e foi assim que percebi as mãos da vida em volta do meu pescoço, viver é sufocar. Só tenho agradecimentos a essa incrível professora que fez de mim uma amante dos livros, mas não recomendaria tais obras, assim tão cedo. A melancolia e a desilusão (com a humanidade, talvez) tiram toda a idiotice (sim, idiotice) tão necessária entre a infância e a adolescência.




Carolina.Gomes 14/12/2021

O tratado de Tolstói
Comecei a leitura desse clássico, em setembro e, até o final do primeiro volume, estava completamente apaixonada.

A justaposição de personagens fictícios e históricos, a evolução das personagens? tudo parecia perfeito.

O ritmo de leitura caiu um pouco, quando começaram os detalhamentos das cenas de guerra. Mas continuei empolgada com a narrativa, aguardando pelo desfecho da história.

Chegando perto do final, fui me dando conta que as personagens eram todas coadjuvantes e o verdadeiro protagonista de Guerra e Paz, é Tolstói, cujo propósito único me pareceu o de provar sua teoria sobre o livre arbítrio.

O epílogo dividido em duas partes me deixou exausta. Eu já não tinha a menor conexão com a obra e, confesso, nenhum interesse sobre as divagações filosóficas do autor.

Achei q seria um favorito da vida, mas não. Concluo, hoje, com sentimento de alívio e dever cumprido.

Não deixou saudade.
Eliza.Beth 14/12/2021minha estante
Eitaaaa ?
Mas acho que sempre é válida essas experiências, até mesmo para nos conhecermos enquanto leitores.
Um dia quero ter tbm esse sentimento ao ler essa obra clássica! Um sentimento super válido.


Carolina.Gomes 14/12/2021minha estante
Valeu a pena, sim! Só o final foi frustrante ?


Joao 14/12/2021minha estante
Parabéns pela leitura e pela resenha, Carolina! Ainda pretendo ler esse clássico. Só não sei quando hehehe


Carolina.Gomes 14/12/2021minha estante
Resenha/desabafo, John


Isadora1232 14/12/2021minha estante
Adorei tua resenha, Carolina! Imagino que seja uma jornada exaustiva hehe ainda bem que, no final, valeu a pena!
Preciso ler, mas sinceramente não tenho tanta pressa pra isso não ?


Thamiris.Treigher 15/12/2021minha estante
Amo suas resenhas!


Carolina.Gomes 15/12/2021minha estante
Thami, fico feliz! Procuro exprimir como me sinto p q vcs queiram ler tb? ou não kkk




Rolo 17/09/2009

Muvucas e Sussas
Um carinha não quer ir à guerra por estar
"xonadinho" e por isso Napoleão (sempre ele! Uh, baixinho invocado!) invade Moscou. A mocinha casa-se com outro (Que merda!).

Lógico que eu não li todos os volumes, mas minha esposa sim...
Milena Karla - Mika 17/07/2012minha estante
Nossa, esculhambou o livro hein? Baixinho invocado kkkkkkk


Joyce 19/02/2013minha estante
o.O descreveu bem. kkkk


Ninguem 18/08/2013minha estante
Quem não tem algo inteligente a dizer deveria calar-se.


Érika 01/01/2014minha estante
Cara, não tem nada a ver com isso que você disse não. "Por isso" Napoleão invade Moscou, ah vá! São duas estórias paralelas... Fica evidente que você "não leu todos os volumes", nem precisava dizer. Me pergunto se você leu algum.


Eduardo 02/09/2014minha estante
Se não leu, por que diabos está resenhando?


Gabriel1994 03/11/2016minha estante
Só pra chamar atenção


Salomão N. 19/03/2017minha estante
Eita. '-'




Nati 12/07/2019

"There is no greatness where there is not simplicity, goodness, and truth."
Eu estou me sentindo absolutamente vitoriosa de ter chegado ao Livro 2 do Tomo II (aproximadamente 30%, 400 páginas de leitura). Aliás, de ter persistido até chegar nesse ponto. Porém, daqui eu não consigo mais continuar lendo...eu sei que essa história tem muitos apaixonados, mas eu simplesmente não consegui me conectar com a história e com os personagens. Aliás, meu maior problema com esse livro foram exatamente eles - não consigo me importar com eles! A maioria é babaca ou abestalhado e tudo o que eles provocam em mim é irritação. O ritmo é absolutamente lento, e nada acontece durante páginas e páginas, e quando acontece, ou são longas (e na minha opnião, extremamente desnecessárias) cenas de guerra e estratégias e campo de batalha intermináveis, ou o dia a dia dos personagens dentro da alta sociedade russa. O fato de uma boa parte dos diálogos ser em francês e precisar ficar abrindo mil notas de rodapé também me atrapalhou e cansou muito. Em vários momentos, eu não tinha vontade nem de olhar pra capa do livro no Kindle, quem dirá abrir para ler.

Pretendo terminar de ver as minisséries e o filme com Audrey Hepburn (por que eu amo ela demais!), e saber mais ou menos como se encaminha a história, mas definitivamente não voltarei mais ao livro. Infelizmente, não funcionou pra mim.
Jessé 04/11/2019minha estante
Eu li 700 páginas e não estava mais aguentando. Eu adorei Anna Karienina desse autor, por isso fui com tanta sede pra ler guerra e paz, mas definitivamente achei esse livro um saco


Nati 04/11/2019minha estante
Você ainda aguentou mais que eu kkk Tenho curiosidade de ler Anna Karenina, mas depois de Guerra e Paz me deu receio.


Jessé 04/11/2019minha estante
Kkkkkkkkk eu sei que é clássico e bla bla bla. Mas é um primeiro livro inteiro de estratégia de guerras, e fofocas da sociedade russa. Eu já li vários livros sobre bonaparte, então sinceramente pouca me importa o Tostoi falando sobre isso.

Eu esperava algo no nível de Os Miseraveis, e não essa lenga lenga. Anna Karienina eu achei muito melhor. A história é bem mais direta, e não tem esse monte de diálogo francês pra interromper a leitura toda hora.


Nati 04/11/2019minha estante
Sim, tô lendo Le Mis agora e amando, apesar de todas as digressões. Mas Guerra e Paz não deu pra aturar. Anna Karenina parece ser mais interessante, vou dar uma chance!
Olha, essa história de "ai, mas é clássico" me irrita, por que se eu não gosto, pode vir direto do céu e eu vou continuar não gostando. Aconteceu com O Grande Gatsby e A Época da Inocência, que eu detestei e Jane Eyre que eu adorei a personagem e odiei o final. Livro tem que cativar e te manter interessado, seja ele clássico ou atual.


Thaianne 05/11/2019minha estante
Acho que "Os Miseráveis" acabou produzindo descontentamento com "Guerra e Paz" numa medida maior do que eu esperava kkk... Ele foi o primeiro calhamaço clássico que eu li e, por causa disso, fui mais uma das que esperou de "Guerra e Paz" um livro com grandiosidade similar. Mas saí também meio decepcionada. Até li o volume I relativamente rápido e consegui me entreter com a parte "novelinha" da história. A parte dos personagens históricos, no entanto, foi difícil, e como eles ganham força no volume II, a leitura se tornou muito arrastada. O recalque dele com a maneira que temos de representar a história para mim também foi mal desenvolvido e até repetitivo, e do nível de reflexão filosófico do Victor Hugo, achei que ele passou longe... Mas pelos comentários de vocês, acho que vou dar uma chance a Anna Karenina


Thaianne 05/11/2019minha estante
Acho que "Os Miseráveis" acabou produzindo descontentamento com "Guerra e Paz" numa medida maior do que eu esperava kkk... Ele foi o primeiro calhamaço clássico que eu li e, por causa disso, fui mais uma das que esperou de "Guerra e Paz" um livro com grandiosidade similar. Mas saí também meio decepcionada. Até li o volume I relativamente rápido e consegui me entreter com a parte "novelinha" da história. A parte dos personagens históricos, no entanto, foi difícil, e como eles ganham força no volume II, a leitura se tornou muito arrastada. O recalque dele com a maneira que temos de representar a história para mim também foi mal desenvolvido e até repetitivo, e do nível de reflexão filosófico do Victor Hugo, achei que ele passou longe... Mas pelos comentários de vocês, acho que vou dar uma chance a Anna Karenina


Thaianne 05/11/2019minha estante
Acho que "Os Miseráveis" acabou produzindo descontentamento com "Guerra e Paz" numa medida maior do que eu esperava kkk... Ele foi o primeiro calhamaço clássico que eu li e, por causa disso, fui mais uma das que esperou de "Guerra e Paz" um livro com grandiosidade similar. Mas saí também meio decepcionada. Até li o volume I relativamente rápido e consegui me entreter com a parte "novelinha" da história. A parte dos personagens históricos, no entanto, foi difícil, e como eles ganham força no volume II, a leitura se tornou muito arrastada. O recalque dele com a maneira que temos de representar a história para mim também foi mal desenvolvido e até repetitivo, e do nível de reflexão filosófico do Victor Hugo, achei que ele passou longe... Mas pelos comentários de vocês, acho que vou dar uma chance a Anna Karenina




Lili 28/09/2019

Guerra e Paz
"Se não há liberdade, não existe o ser humano"

A palavra que me vem à mente para descrever este livro é "magistral". Como descrever um livro tão audacioso, que se propôs a falar sobre tantos assuntos, a analisar as guerras napoleônicas por um outro ponto de vista que não o endeusamento de Napoleão, que retratou a sociedade russa do começo do século 19 com tantos detalhes e que filosofou à exaustão sobre a existência e o livre arbítrio humanos? Tolstói foi muito corajoso ao escrever Guerra e Paz, por vários motivos. O primeiro é a visão diferenciada de Napoleão, sempre retratado como tão genial e que parece não ter impressionando Tolstói tanto assim. Foi interessante pensar que (pelo menos do ponto de vista de Tolstói) em diversas ocasiões Napoleão não tinha a menor ideia do que estava fazendo e que tanto algumas de suas vitórias como várias de suas derrotas foram fruto de uma força desconhecida e com mais do que apenas uma pitada de acaso. Tolstói questiona se devemos creditar tanto poder a líderes como Napoleão, pois segundo ele as coisas acontecem não por causa da vontade deste ou daquele soberano, mas porque tinham de acontecer (por uma força invisível vinda das massas populares ou por algum motivo desconhecido) e esses líderes apenas seguiram o curso natural da história.

O segundo motivo é o número de personagens. Foram criadas várias tramas entrelaçadas e os núcleos se influenciam mutuamente durante todo o romance. Muitos personagens mudam muito ao longo dos acontecimentos, tendo sido influenciados pelos revezes da vida e principalmente pelas agruras da guerra. Tolstói descreve os acontecimentos com uma certa leveza e toques de humor, de maneira que acontecem muitas cenas dramáticas sem que o livro seja, em si, dramático. É muito interessante entender um pouco dos costumes russos e ter uma ideia de como era uma sociedade russa no começo do século 19, além de ter um vislumbre do país que um século depois veria esse mundo virar de cabeça para baixo com a Revolução Russa de 1917.

O terceiro motivo é a filosofia de Tolstói sobre o que rege o curso da história da humanidade. O autor discorreu sobre suas teorias por capítulos e mais capítulos, levantando questionamentos ao leitor sobre a visão que temos de fatos históricos e porque o poder é atribuído a indivíduos, quando isso não parece (pelo menos para ele) fazer o menor sentido. A história parece ter sido mudada continuamente por personalidades com intelecto privilegiado, mas isso não pode ter raiz no fato de ela ser escrita por intelectuais? Se de alguma forma as impressões registradas para a posteridade tivessem sido aquelas predominantes entre os mujiques russos, por exemplo, a nossa visão não seria completamente diversa da que temos? Muito interessante tentar ver os acontecimentos por um outro prisma e enxergar não somente as intenções dos grandes líderes, mas também a maneira como as pessoas comuns da época agiram, reagiram e também causaram tais acontecimentos à época.

Li o livro aos poucos, alternando com outras leituras, e levei seis meses para concluir. Valeu cada segundo. Recomendo a todos.
Gabriela 29/09/2019minha estante
Já leu Anna Karenina?


Lili 29/09/2019minha estante
Já sim, Gabi =)


Gabriela 29/09/2019minha estante
Na questão de mostrar a sociedade russa, você acha que Tolstói conseguiu melhorar de "Guerra e Paz" para "Anna Karenina", ou ambos estão no mesmo nível? Ou a qualidade caiu em "Anna Karenina"?


Lili 29/09/2019minha estante
Acho que melhorou, e muito! Em grande parte do tempo, o objetivo de Guerra e Paz é falar sobre a guerra, suas consequências, seus motivos, a maneira como ela se desenvolve, etc. Em AK o foco é inteiro na leitura da sociedade russa.


Gabriela 29/09/2019minha estante
Bom saber. Tenho vontade de começar a ler Tolstói pelo AK e só depois, bem depois, ir para o G&P. Obrigada.


Lili 29/09/2019minha estante
De nada! Acho que essa ordem é melhor mesmo. Eu li assim e gostei =)




Anne 15/04/2021

SUPER ESTIMADO!!!
LIVRO CHATO PRA CARALHO,NÃO MERECE O SUCESSO QUE TEM!!! MUITO CHATOOOOOOOO QUIS MORRER ENQUANTO LIA,PÉSSIMOO!!
Monique 15/04/2021minha estante
Opinião sincera de leitores é muito válida ?


Thaynara63 28/04/2021minha estante
Eita


Anne 09/05/2021minha estante
Li esse livro ano retrasado,odiei. Começo agora a reeleitura


Monique 09/05/2021minha estante
Perseverante, até hoje tenho "trauma" dos clássicos do tempo do colégio, não consigo ler Clarice e Machado de Assis.


Amanda 14/05/2021minha estante
Também achei chato, obrigada por expor sua opinião, estava pensando que eu fosse uma aberração haha


Raphael232 17/03/2022minha estante
Você não gostar e ele n merecer o sucesso são coisas diferentes, esse livro eh de longe um dos melhores da historia




Jardim de histórias 26/10/2023

Um monumento! Um livro pra ser lido antes de morrer.
Um romance histórico robusto, feito para todos. Um brilhante trabalho de inquirição histórica realizado por Tolstoi. A riqueza da escrita é tamanha, que não é difícil se ambientar e se sentir na Rússia do século XIX, principalmente no período pré-invasão, quando Napoleão ordenou a invasão da Rússia. Esse clima de incerteza aristocrático, é perfeitamente retratado em uma trama repleta de personagens fascinantes e inesquecíveis, que auxiliam na criação do maior diamante da história literária, colocando para sempre este livro icônico no topo dos grandes clássicos da literatura mundial. Tolstoi, acertou de forma espetacular ao descrever o comportamento humano no anteceder e durante o período de guerra. Podemos facilmente perceber, os traços dramáticos, às paixões, a dor física e sentimental que cada personagem proporciona e auxiliam a compor quase que de forma ilustrativa em nosso imaginário. Alguns críticos literários da Rússia, na época, enxergaram a obra de Tolstoi, como uma passada de pano aos ideais anti-eslavófilos, ao descrever a cultura francesa no ambiente aristocrático russo. O que, na verdade, a obra, retrata o oposto. Graças a um brilhante trabalho de pesquisa, que, na verdade, retratou o vazio aristocrático russo, conforme a visão de Tolstoi, e a tentativa de preencher esse vazio aristocrático e suas impressões do modernismo ocidental. Trazendo linearmente o desequilíbrio social entre senhores e servos, totalmente normalizado na época, que gerou tamanha angústia e indignação, sendo um retrato da futilidade, insensibilidade e indiferença do olhar burguês referente a escravização dos servos. Tornando esse comportamento, um abismo social, que distância de forma catastrófica os camponeses (mujiques) da aristocracia, sendo essa, parte fundamental do fio condutor que futuramente irá compor ideologicamente a revolução de 1917. Onde, esse comportamento, foi associado a exploração da burguesia contra os servos. Mas, isso é assunto para outra resenha. Referente a associação da cultura francesa em território russo, o que é muito retratado no livro, para melhor entendimento, será necessário voltar em 1717, no início século VIII, durante o império de Pedro o Grande, que em suas viagens a França, iniciou-se, o período de reforma modernista, com uma grande introjeção da cultura francesa nos costumes russos. No ciclo aristocrático, o francês, era tido como a língua principal, devido à sensação de sofisticação e requintes de nobreza, essa ideia persistiu durante o império de Catarina II. Catarina, estimulava a contratação de preceptores franceses para facilitar a supremacia francesa nas gerações futuras. Somente em meados do século XIX, com o movimento Eslavófilo, organizado por intelectuais que eram contrárias as influências ocidentais que suplantaram os valores tradicionais, que começou ideologicamente o combate contra esse comportamento. O livro tem uma certa fluidez, porém, necessariamente denso, que requer total concentração e dedicação. Conhecimento de história, principalmente a que se refere a guerras napoleônicas, auxiliará muito na compreensão histórica da obra, que utiliza como pano de fundo a contraofensiva mais extraordinária da história das guerras. Outro ponto, para quem conhece mais a fundo a história de Tolstoi, tanto por meio de biografias ou por acompanhar suas riquezas literárias, percebe de forma bem diluída, um pouco das características do autor na criação dos personagens, tudo isso, muito bem elaborado, tornando essa influência, muito bem entrelaçada com às características extremamente criativas dos personagens. Outra característica importante, são a riqueza de detalhes contidas na obra, acrescentando e muito na robustez da história. Simplesmente um livro primoroso que ficará eternizado em nossa memória literária, um verdadeiro instrumento histórico, apaixonante e eterno!
N.I.X. 26/10/2023minha estante
Sou louca pra ler


Jardim de histórias 26/10/2023minha estante
Sensacional! Não se arrependerá!


Jardim de histórias 26/10/2023minha estante
Muito profundo e denso


Adriana 27/10/2023minha estante
Tão bom quanto o filme?


Jardim de histórias 27/10/2023minha estante
Sim, verdade!!!!




JanaAna90 11/05/2021

Um título? Amor Infinito? ?
Não serei breve para falar de um amor, lindo puro e verdadeiro que nasceu de uma leitora quando encontrou o seu autor preferido em outros livros, mas que nesse em especial compreendeu todo o amor e a razão da existência desse sentimento.
Adiei várias vezes a leitura desse livro (confesso), não por ser extenso, porque tenho um fascínio por livros longos, mas por ler nas resenhas e críticas à complexidade da obra. Tive medo de deixar de amá-lo, de não compreender sua obra, de não ir tão fundo na proposta do livro e, finalmente, de ler sobre a guerra (que muitos diziam ser maçante).
De repente, resolvi encarar meus temores e me joguei de cabeça, iniciei a obra lendo e relendo trechos, tentando gravar cada personagem e sua história, tentei entender sobre a guerra e sobre a paz. O que posso dizer? Que o livro, como todos dizem, é maravilhoso, amei a leitura.
Tolstói trás não só a história da Rússia, da guerra, de Napoleão, mas nos mostra as dúvidas e angústias vividas por um povo nos momentos de guerra; nos mostra as inquietações, as inconstâncias, as futilidades da alma humana.
A guerra não só se apresenta como um retrato político dos conflitos por poder, mas do vazio no qual vivemos, desconhecidos do que se passa nas decisões governamentais, da vida fútil, da despreocupação com os menos favorecidos (esses nem existem, para muitos).
Nos momentos de paz externa nos deparamos com as inquietações de uma vida sem sentido, das angústias do ser e suas inconstâncias, onde o luxo, a vida social é o retrato de uma sociedade doente.
Também nos deparamos, com as possibilidades, seja na guerra ou paz, de podermos sorrir, acreditar em si e no outro, de que podemos ter esperanças, podemos vencer a morte com vida. Enfim, de que o ser humano vive na busca incansável de ser melhor, de melhorar-se e melhorar o mundo a sua volta.
E o que dizer dos personagens? Em cada um deles, em vários momentos me via, chorei com eles, sofri, ri, me apaixonei, me encantei, tive esperança, fé.
Agora ao final, o que fica é a saudade do que vivi, as lições que aprendi, os amores que senti e, a alegria de saber que Tolstói mais uma vez me surpreendeu e meu amor por ele cresceu, se é que isso é possível. Rsrs
Opa! Mas essa aventura ainda não acabou. Ainda tenho o livro 2 para ver como tudo acaba.
E você? Ainda não leu? Leia. Não tem o livro? Compre. Com certeza, é um livro excepcional. ???
Robby 11/05/2021minha estante
Jana, arrasou na resenha do volume 1! ? Super te entendo. De vez em qdo ainda sonho com os personagens. E confesso que sou perdidamente apaixonada pelo Pierre ?? Se prepara para perder o fôlego no volume 2. Sem spoilers! Boa leitura! ??


JanaAna90 12/05/2021minha estante
Ainda não consegui ir para o próximo, ontem passei as horas livres pensando e me deliciando com o que li e, com o próximo livro na mão mas não consegui ler. Loucura, nunca me senti tão presa a um livro, como esse. Espero conseguir abrir e começar o próximo hoje. Rsrs
Obrigada Robby, feliz por não está sozinha nesse universo mágico, senão ia achar que estava sonhando. Hahaha


Robby 12/05/2021minha estante
É muito bom ter alguém com quem conversar ? Vc conhece a série da BBC? Só teve 1 temporada e não conta a história inteira, mas eu gostei muito. Na verdade, me empolguei em ler o livro por causa da série. Mas inicia o segundo volume, ainda vem muita coisa por aí... não fique perdida vendo o cometa passar... ??


JanaAna90 12/05/2021minha estante
Não conheço essa série não, mas já vou procurar pra ver. Rsrs
Estarei iniciando sim. Quero saber o final dessa história.
Grata pelas dicas. ?


dialogonoslivros 17/05/2021minha estante
Jana, você resumiu o meu sentimento ao ler esse livro. Sinto que poderia passar dias e dias falando sobre ele, talvez anos lendo e relendo que meu amor só aumentaria!




Carol 12/05/2015

De Pétia a Napoleão
Dois livros depois e ainda tenho Guerra e Paz impregnado mim. Mais que um livro, ele era um objetivo a alcançar há anos.

De imediato me apaixonei pela análise que Tólstoi faz da aristocracia russa. Toda fala, convite e olhar é calculado e nada passa sem o julgamento impiedoso dos interlocutores. Chegava a ser cruel ver Pedro, o mais ingênuo dos protagonistas, perdido em meio a salões de festa sem conseguir ser tão calculista e, por isso mesmo, sempre passando por ridículo.

Foi então que a guerra chegou e pôs em conflito não apenas França e Rússia, mas também Tolstói e eu. As longas e incessantes descrições de batalhas, estratégias e soldados de ambos os exércitos inicialmente apenas me deixaram confusa, pois não costumo ler literatura de guerra e tenho alguma dificuldade para imaginar os movimentos de batalha. Infelizmente, logo o confuso tornou-se insuportável e me vi evitando ler o livro durante um mês para não ter que me deparar com mais um momento de Napoleão ou Kutuzov ordenando seja lá o que fosse.

A análise histórica do livro é muito interessante, apesar de o autor afirmar sua perspectiva fatalista mais vezes do que o necessário. Tolstói retirou a ênfase tão dada ao raciocínio e às estratégias dos grandes generais no curso da guerra e exaltou a importância daqueles elementos indefiníveis que escapam às análises dos historiadores, como o moral das tropas.

Para mim, o maior trunfo do livro está nos personagens cujas vidas são acompanhadas ao longo do livro. Apesar de considerar uma falha os personagens masculinos terem descrições de seus mundos internos muito mais interessantes que as das personagens femininas, foi importante seguir cada uma de suas histórias para entender um pouco mais as transformações pelas quais passam diferentes tipos de indivíduos no contexto de uma guerra. Do sisudo príncipe André ao juvenil Pétia, nenhum personagem ficou imune ao furacão representado pela passagem de Napoleão na Rússia. A guerra tirou pessoas de seus lares, alterou percepções de mortalidade, glória e sentido da vida e uniu caminhos que de outra maneira jamais teriam se cruzado.

O livro merece ser lido por tratar de temas diversos de forma interessante, ter uma escrita maravilhosa e ser um raro e complexo retrato de (parte de) um povo em um determinado tempo. Se você tiver mais paciência do que eu para extensas passagens em campos de batalha, é grande a chance de o interessante tornar-se maravilhoso e sua experiência com Guerra e Paz ser tão agradável e memorável quanto um jantar na casa dos Rostov.
Priscila 12/05/2015minha estante
Ainda vou ler a resenha


larissa dowdney 24/07/2015minha estante
Sensacional essa resenha!


Carol 08/08/2015minha estante
Obrigada, Larissa! :))


Joelma.Rodrigues 16/08/2015minha estante
Muito bom!! me ajudou bastante!


Thaianne 05/11/2019minha estante
Olha, se eu tivesse escrito uma resenha, não conseguiria me expressar melhor... Ver que era um capítulo de Napoleão/Kutúzov/Divagações repetitivas sobre o motor da história que já haviam sido apresentadas insistentemente antes quase me dava um desespero kkk... E senti o mesmo pelas personagens femininas. Em algumas, inclusive, eu tinha muito mais interesse que em alguns personagens masculinos que tiveram muito mais espaço no romance. Reconheço os méritos da obra, mas confesso que foi uma decepção parcial.




Micky 06/07/2020

Desafiante
O colosso que abriga em sua imensidão guerras, romances, discussões filosóficas, políticas e históricas, mestre Tolstoi não estava pra brincadeira, Stephen King meu autor favorito, tbm indicou em seu sobre a escrita, é intimidante, mas de certo uma das maiores obras da literatura, tantos personagens, tantos nomes complicados kkk, mas personagens muito bem construídos, e gostei muito da considerada feia Maria, mas era de uma beleza interior magnífica! No passado li a morte de Ivan ilitch e gostei, futuramente eu lerei uma enorme coletânea de contos do autor... Até lá, Tolstoi.
mat 06/07/2020minha estante
Anna Kariênina é ótimo Também


Micky 06/07/2020minha estante
Um dia lerei também!


Stephanie.Sarah 06/07/2020minha estante
Sou louca pra ler. Um dia crio coragem...rs


Micky 07/07/2020minha estante
Leia quando tiver tudo tranquilo rs na paz rs




Hildeberto 12/07/2023

O filme do Snoopy estava certo
Concordo com o filme do Snoopy: "Guerra e Paz", de Léon Tolstói é um dos, senão o, melhor romance já escrito.

Não é uma leitura fácil, nem rápida - e eis a sua beleza. Tolstói escreveu algo sobre um grandioso acontecimento histórico - as Guerras Napoleônicas - ao mesmo tempo que mergulhou nas profundezas das almas de suas personagens e que contemplou verdades eternas, porém indecifráveis.

Cada personagem, cada situação, cada fato parecem reais, vivos: são pessoas que já conhecemos, situações que já passamos, fatos que já presenciamos.

Tolstói foi além: conseguiu mostrar de forma poética o que une nossas histórias individuais à história maior. Porém, o mais belo do autor é sua sutileza: em nenhum momento ele exalta o feito dos grandes homens; Napoleão foi menos elogiado do que um soldado; para ele, maior e melhor do que conquistar nações é ser uma pessoa boa; a vida em si é o que importa.
Deisi 12/07/2023minha estante
Então tu assistiu né ?


Hildeberto 12/07/2023minha estante
Com certeza kkkk


Deisi 12/07/2023minha estante
Também assistir. E tenho aqueles quadrinhos que saiu pela LPM em capa dura. Esses livros eu tenho ciúmes ??? não dou, não empresto e não vendo kkkk


Bianca.Drewnowski 16/07/2023minha estante
Também pretendo ler por causa do Snoopy ?




Lisa 21/01/2024

Mestre das palavras
Prokliatie voprossi foi uma expressão russa popular na Rússia do século XIX, significando "Malditas questões" e se refere as questões últimas, ou seja, as grandes perguntas que atormentam o ser. Como poucos, Tolstói se dedicou desde jovem a tentar compreender e buscar respostas para elas. Podemos ver ao longo de toda a sua prosa sua fome por saber, "A Morte de Ivan Ilitch" sendo, talvez, o exemplo mais nítido e compacto disso. Assim sendo, Guerra e Paz não foge à regra, levantando durante toda a história questionamentos sobre o sentido da vida, do homem na terra com o tão querido, por mim, Príncipe Andrei. Com o não saber eterno do atrapalhado Pierre em como agir, em discernir o moral e entender o mundo.

Uma característica marcante do Tolstói é sua busca e gosto pelo conhecimento. Aqui vemos toda sua capacidade de pesquisa em ação, Guerra e Paz não nasceu como inicialmente seu autor pretendia. Tolstói queria narrar sobre o movimento dos Decembristas em 1825, mas incapaz de ser enxuto, quanto mais estudava, mais tinha a dizer, retrocedeu a 1812 somente para concluir que maior recuo seria preciso, e é 1805 que decide iniciar sua história. Que o nosso condinho estranho é prolixo disso o sabemos, que o faz bem, o sabemos ainda melhor. Mas em nenhuma outra obra, teve tanto a dizer como nessa.

Dividida em 4 tomos e 2 volumes a obra se inicia com os eventos que levaram a derrota colossal do Império russo pelas mãos das tropas napoleônicas, a famosa batalha de Austerlitz. Nesse começo, é possível notar porque Tolstói é O Tolstói. Sua prosa leve, que flui como música encanta, a facilidade com que insere personagens (500 personagens) e a habilidade de descrição são de assombrar. Mas acima de tudo, seu humor cínico é o que mais me conquista sempre.

Tolstói foi um grande crítico da alta sociedade, de suas ambições e superficialidades, mas para fazê-lo não ofende, briga, ou discursa, ao invés nos insere no dia a dia da nata, descortina seus atos, revela e insinua a função daqueles comportamentos e nos deixa enxergar com a clareza cristalina do espelho d'água que criou, toda a incongruência desse mundo. Pierre é o maior responsável por isso nesse início. "Agora, o que quer que ele falasse, tudo se revelava charmant", ele que a dias atrás era o bastardo gordo e que se antes inadequado e tolerado, ao amanhecer herdeiro, torna-se belo e apropriado.

Nenhum autor que conheço, critica seus personagens como Tolstoi, nenhum passa pano para os mesmos também. Se Helene é belíssima, com "o sorriso de uma mulher bela em tudo", Maria em seu extremo possuía aquele "rosto feio e lamentável"; Anatolie belíssimo com seus "olhos grandes e lindos" mas que "mal chegava a pensar" de tão oco; Hippolyte, coitado, além de "uma feiura chocante" tinha "o rosto ensombrecido por um idiotismo". Confesso que essas descrições, que o autor não nos deixa esquecer, me diverte até os dias de hoje.

No Volume II, a experiência que tive mudou e muito. Se na primeira parte estamos descobrindo que rumo o livro tomará, conhecendo os personagens e seus desenlaces, enquanto acompanhamos as aulas de história bélica, na segunda, vamos nos fatigando ao sentir não chegar a lugar algum. Os soliloquios do autor se exarcebam em frequências absurdas, sua opiniões ácidas e críticas a ciência e a respeitabilidade da história vão nos cansando a medida que o romance é jogado para escanteio.

É um fato que sou apaixonada pelo condinho, mas não sofre de amores cegos. Me vi concordando com a ruma de críticas que o romance recebeu por todos os lados, de seus colegas como o Turgueniev e Flaubert, a Bielinski e Botkin até especialistas e heróis de guerra. Apesar da vasta pesquisa, Tolstói é inexato, deturpa e altera fatos históricos, não por não compreender, ou por licença artística, mas sim, por puro proselitismo, por ideologia própria. Em sua própria concepção de certo e errado, falsifica detalhes históricos para fundamentar sua visão. Confesso que essa foi a minha maior decepção.

Nessa sede, deixa de desenvolver os arcos criados, deixando personagens mal aproveitados, acontecimentos importantes mencionados quase como notinhas de rodapé pelo caminho. Tolstói escreveu uma revisão histórica tendenciosa e enviesada, a escondendo ao criar arcos de personagens, chamando-o de Romance.
Por fim, como diz Botkin, o elemento intelectual é fraco, a filosofia é trivial e superficial, a negação é um amontoado de sutilezas místicas, "mas, afora isso, o dote artístico do autor é inquestionável." No fim, o
Tolstói sempre será O Tolstói, esse gigante da literatura, mestre dançarino da palavras, deleite de nossos olhos.
Fabio 26/01/2024minha estante
LIsa, que resenha imecavél!
Adorei!
Um da delicia poder ler sua resenha e relembrar um pouco dessa historia, que pra mim é minha favorita da vida!!!!


Lisa 26/01/2024minha estante
Ó sempre lisonjeada com seus elogios. Obrigado, Fabio. Quem bom que gostou mesmo com as críticas que teci ja que esse é o seu favorito. ??


Fabio 26/01/2024minha estante
Todas as críticas agregam, inclusive as negativas, e você foi bem ponderada ao relatar o que não gostou. Adorei a resenha!


Vagner.Trovo 11/03/2024minha estante
Olá, parabéns pela esplanação, e pela coragem de criticar. Parece que Tostoi é tão bajulado, que é proibido fazer uma leitura como essa desse livro. Concordo totalmente com seu ponto de vista. Também me incomodou não apresentar o que aconteceu com personagens relevantes como Anna Mikhailovna e Boris, Berg e Vera, Hippolyte e tantos outros.




Tiago675 09/02/2018

Minha história preferida de sempre
Em 2012 coloquei "Guerra e Paz" como meta de leitura, porém à época só encontrei um PDF com erros de português e de edição. Esqueci por quatro anos. Então, em 2016, vi a série da BBC "War and Peace" e fiquei maravilhado; que série! Que personagens! Que história! Foi ali, nos episódios finais, que tomei a decisão de ler este livro a qualquer preço, no entanto percebi que não era uma decisão fácil: não havia boas edições em português e a Cosac Naify esgotara sua belíssima edição, a qual custava, na internet, quase 900 reais. Esperei. Em 2017 a Cia das Letras resolve reeditar a única edição traduzida diretamente do russo e esta que tenho em mãos; custou uma pequena fortuna? Sim, mas valeu cada centavo. A tradução é linda e moderna, o papel de qualidade; há mapas e um pequeno glossário com as personagens históricas da época. A história gira em torno das famílias Rostóv, Bolkónski, Kuráguin e Bezhúkov. Cada uma delas entrelaçadas pelo destino e pelas Guerras Napoleônicas. Assim como em Downton Abbey, esta série, sob a perspectiva da elite russa, mostra o "fim do mundo" do Antigo Regime e o nascimento do mundo burguês, liberal e republicano; ali, Napoleão, ao contrário do que pensamos, é um monstro. Suas guerras e batalhas são desnudadas para o pavor do leitor, este que não verá nada de heroico na carnifica daqueles tempos. Tal como as batalhas são lindamente representadas, são também lindamente representadas a vida real da aristocracia russa, seus problemas e a sua humanidade. É a História pura, como nós a vivemos. O mundo desaba? Sim, mas muitas personagens estão presas ao amor, às intrigas e ao prazer mundano. Com poucas exceções, não há mal ou bem absoluto. Até Pierra, minha personagem preferida, engana o leitor com sua mudança e recaída... como nós, como nossas mudanças. Amo este livro porque amo a Rússia, amo Napoleão e amo aquele tempo; porém, acima de tudo, amo este livro porque ele é o retrato mais real de uma época: como diz em um determinado trecho, todos nós fugimos da vida. E eu me vi refugiado entre as páginas deste primeiro tomo desta obra délicieuse, como dizem os afrancesados russos do livro.
TgOliveira 09/02/2018minha estante
Gostei da resenha. Ainda estou acabendo o primeiro livro, mas estou adorando. Lendo sem pressa. Acho que as descrições são excelentes, primorosas nos detalhes, mas sem deixar a leitura mais lenta.


TgOliveira 09/02/2018minha estante
Gostei da resenha. Ainda estou acabando o primeiro livro, mas já estou adorando. Lendo sem pressa. Acho que as descrições são excelentes, primorosas nos detalhes, mas sem deixar a leitura mais lenta.


Tiago675 10/02/2018minha estante
Exatamente! A tradução e o estilo de Tolstói fazem a leitura ser muito agradável e leve.


Maria 10/10/2021minha estante
Amei a resenha! :D Comecei a ler no Kindle, numa edição semelhante àquela que você encontrou em PDF. Então dei-me conta de que um livro como Guerra e Paz merecia um certo e$forço. E...tcharam...aventurei-me nos sebos on line até conseguir uma edição da Cosac Naify. :P Está valendo cada centavo! Que livro magnífico! Amo muito tudo isso! :P




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