Marcos Nandi 22/04/2023
O destino não está em suas mãos. Lide com isso!
O presente livro conta com duas narrativas de mulheres abusadas pelo sistema imposto por uma sociedade estruturada no patriarcado.
Aqui é uma estrutura ficcional, apesar de não ser tanto! Já que tudo que consta nas linhas deste livro, pode muito bem acontecer com pessoas reais, em especial, mulheres que são pressionadas pela sociedade a serem mães, a serem donas de casa etc.
Todos os conflitos do livro são muito reais e me lembram muito os livros da Elena Ferrante.
Achei sensacional!
Conto 1 - A idade da discrição: Que texto difícil, duro, cruel, mas sensacional. Um conto sobre a velhice e o "deixar partir", liberar o filho do seu ninho.
Temos a história de um casal de sessenta anos lidando com o fato do filho tomar suas próprias decisões e que vai de encontro contra os ensinamentos que lhe foi ensinado na infância.
A mãe é a mais afetada.
A mais ferida. E a que mais sofre frustração, inclusive, em relação a seu livro que está aquém das expectativas da crítica.
Que texto verdadeiro, a todo momento a gente entende os motivos da mãe, a decepção que a mesma sente por envelhecer e por ser aviltada.
Obviamente a Simone levanta questões importantes como o conflito de gerações (dentro da própria esquerda), a vontade de ascender profissionalmente a custa de seus ideais, e claro, a força da mulher como mulher per si, que a sociedade impõe uma maternidade de forma compulsória e que impõe também, o não aceite sobre a velhice e soprepuja qualquer talento que se tenha. Sensacional!
Conto 2 - A mulher desiludida: O conto/novela que dá título ao livro, vai dar conta de uma mulher que resolve se despir de sua solidão escrevendo um diário.
Uma mulher que se dedicou à vida e à criação de suas duas filhas e ao seu casamento longevo de 22 anos.
Até que ela descobre um relacionamento extraconjugal do marido.
Na solidão pelo crescimento de suas filhas e a traição de seu marido, a protagonista faz uma verdadeira escolha de Sófia. Aceitar a traição e "dividir" o marido com a amante? Ou começar tudo do zero?
O conto me lembrou muito da relação entre ela e o Sartre, sua dependência emocional e a abertura de uma relação de forma abrupta e não consensual.