Isotilia 23/07/2013Muito mais do que é contado nos livros de História Este livro narra as negociações diplomáticas portuguesas para reaver o Nordeste (então conquistado pelos Países Baixos). Ele mostra a importância de se estudar História do Brasil em paralelo com a História de Portugal. E também expande os horizontes para entendermos qual o contexto político dos países europeus.
Por exemplo, Portugal havia se libertado da Espanha e então retomado as negociações para reaver "o Brasil Holandês". Se você não souber que Portugal estava guerreando contra a Espanha em sua fronteira e ao mesmo tempo buscando aliados europeus para que sua independência fosse reconhecida, muita coisa da História do Brasil não fará sentido.
Primeiramente Portugal buscou a aliança política com a França e a Inglaterra para se defender da Espanha. Mas a França tinha interesses que o conflito hispano-portuguesse se perpetuasse, enfraquecendo a Espanha. Assim a França poderia invadir a Espanha e tomar alguns territórios do seu interesse. No mesmo período Cromwell e o Parlamento deram um golpe na Monarquia Inglesa (aliada de Portugal). Portugal ficou numa situação díficil e talvez se visse obrigado a ceder o Nordeste para os Países Baixos, em troca de uma aliança contra a Espanha.
Mas, nesse momento, os súditos portugueses entram em guerra contra os holandeses do Brasil, reconquistando uma boa parte do "Brasil Holandês". E devido a problemas internos, a armada batava enviada para reconquistar o Nordeste se mostra um verdadeiro fracasso.
Vale lembrar que Cromwell foi um dos iniciadores do capitalismo da era indústrial na Inglaterra. Ele primeiro viu a importância de exportar produtos manufaturados ingleses, ideia amplamente suportada pelo parlamento. Paralelamente surge uma guerra entre Países Baixos, Suécia e Inglaterra em prol da conquista da navegação no Mar do Norte.
Fica díficil para os Países Baixos sustentar duas frentes de batalha, uma no norte da Europa e outra em Portugal.
A frota marítima portuguesa estava em frangalhos. E Portugal tinha que se aliar há uma das duas potências navais da Europa: Países Baixos ou Inglaterra, para se defender contra um eventual bloqueio marítimo espanhol. Idealmente, ele deveria fazer aliança com as duas, para equilibrar o poder de ambas, mas circunstâncias levaram Portugal a cair nas mãos da Inglaterra.
Com isso, e com as ações da Companhia das Índias despencando para 3% do seu valor nominal, os Países Baixos já estavam conscientes que a melhor saída era devolver o Nordeste a Portugal e tentar fazer um acordo que lhe desse vantagens comerciais similares às obtidas pela sua concorrente Inglaterra.
E foi assim que o Nordeste foi reintegrado ao Brasil. Ao contrário do que me ensinaram na escola:
(1)'Não, a rebelião dos súditos portugueses aqui no Brasil, apesar de todo o sangue, mortes, bravura, etc, teve uma influência mínima no resultado final.'.
(2)'Não, a Portugal não caiu nas garras da Inglaterra, por burrice. Essa era a única solução possível para manter a independência territória portuguesa.' e
(3)'Não, Maurício de Nassau não era mal quisto nem pelos batavos, nem pelos brasileiros. Ele foi convidado a retornar ao governo brasileiro duas vezes. Foi ele que não quis, porque já tinham lhe oferecido oportunidades melhores dentro dos Países Baixos.'