Órfãos do Eldorado

Órfãos do Eldorado Milton Hatoum




Resenhas - Órfãos do Eldorado


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Margô 11/06/2023

A caça à Dinaura.
Que vida atormentada a de Armindo...puxa vida!
A narrativa de " Órfãos de Eldorado" faz jus ao título. Ninguém parece estar sendo assistido por uma família neste romance de Milton Hatoum. Ninguém.
Armindo, o protagonista, cresceu sem amor de família, viveu com a culpa de ter sido o responsável pela morte da mãe, e morreu pobre e desiludido por não encontrar o amor da sua vida. Dinaura...
Isso se passa no Amazonas, em um espaço entre Manaus e um Vila Bela. Um homem rico, viúvo, apaixonado pela esposa falecida, e eu tem no filho Armindo o seu bode expiatório.

Daí o rapaz cresce , entre amarguras e humilhações, e acaba se apaixonando por moça misteriosa de nome Dinaura.
Outra personagem que merece ser lembrada é Florita. Uma outra figura, indígena e envolvida em mistérios.
A moça some dos olhos de Armindo, e ele mais pobre do que Jó, sai à procura dessa moça.

Enfim, não sei se eles se viram quando ele foi atrás dela lá no El Dorado, ou se fica por conta da imaginação de quem ler...eu ainda acho que ele a achou...e aí? Quem leu, diz o quê?
Livro bom, mas longe de ser um espetáculo...curioso, mistério, e muita cultura indígena envolvida.
Simples Assim.
Ah, foi produzido um filme homônimo, com a participação de Dira Paes. Fica a dica.
erika 11/06/2023minha estante
Li esse livro há vários anos e vi o filme também. Concordo com você, está longe de ser um dos melhores do Hatoum. O final de fato é pra deixar minhocas na nossa cabeça...


Margô 11/06/2023minha estante
Fico aliviada, em encontrar outra opinião que coincide com a minha...rssss. Li Dois irmãos. Me impactou... Você já leu?


erika 15/06/2023minha estante
Dois irmãos é o meu favorito do Hatoum :-)


Margô 16/06/2023minha estante
Siiiim. O meu também ?!!!




Arsenio Meira 06/03/2014

O regente da Água
Milton Hatoum é, sem favor algum, um dos mais talentosos escritores brasileiros da atualidade. "Dois Irmãos" e "Cinzas do Norte" são dois romances que reinventaram o segmento regionalista na literatura brasileira. "Órfãos do Eldorado" é uma novela (um conto longo que se esqueceu de ser conto ou um romance curto, repelido pelas convenções do catálogo literário). Hatoum continua as obras anteriores, se considerarmos que ele desvenda a vida e a história e os modos da região Norte, um pedaço do país riquíssimo de toda boa riqueza (leia-se cultura), mas pouco conhecido pelos próprios brasileiros, incluindo-se neste rol o subscritor destas linhas.

É ali, num cenário rodeado de água por todos os lados, que se desenrola a vida de Arminto Cordovil, ao qual somente pode ser acrescido o epíteto de “filho de Amando Cordovil”. A novela nos dá o abraço de Amando, o pai, no filho Arminto, como o despertar do sexo de Arminto na rede de Florita, como a noite de amor místico com Dinaura, como o rosto de Angelina, mãe morta na foto recortada. Mas a unicidade da narrativa combina história e mito, ficção e fábula, lenda e verdade. Por isso, Dinaura se confunde com uma criatura mágica do rio ou com outra mulher, Estrela – céu espelhado no rio. E Amando, benquisto por todos (menos pelo filho), tem o coração vil de seu sobrenome. Manaus, claro, é a cidade terrena, miserável, e a outra, submersa e encantada.

Perdido entre a exigência de seguir os negócios da família e os prazeres da quase irrestrita liberdade, Arminto usa os espaços de sua vida vazia para contar lendas e mitos amazônicos, contos de botos que engravidam virgens e mulheres que largam o mundo para viver numa cidade encantada, no fundo do rio. E a narrativa funde essas instâncias: a real, onde Arminto luta contra a figura do pai, que o subjuga em todos os sentidos, onde ele desenvolve sua relação ambígua com Florita, mulher que o criou, onde ele escuta conselhos do advogado Estiliano; e aquela outra, quase que sobrenatural, onde ele se perde na obsessão por uma órfã misteriosa.

Comparado a "Cinzas do Norte" ou a "Dois Irmãos", obras anteriores de Hatoum, impressionantes por sua delicadeza, Órfãos do Eldorado não parece diminuído um milímetro sequer. A opção pelo formato bem mais conciso, penso, permitiu ao autor desenvolver toda a sua habitual sutileza sem o desperdício habitual e involuntário inerente quando um escritor narra, narra, narra e termina por agastar palavras e sensações. O resultado é uma prosa convincente, sedutora, emocionada. Bem escrito, o enredo apóia-se na nostalgia que permeia o olhar de Hatoum sobre sua região, sobre as lembranças de um tempo/lugar muito peculiar. O personagem principal não chega a criar demasiada empatia, posto que o elemento mais pulsante da história é a Água. É ela que fornece modo de vida à família Cordovil, que permite a fusão dos imigrantes estrangeiros e dos índios, é na água que Arminto deposita histórias de infância, esperanças e desassossegos de amor.

Tudo sempre ocorre tendo a água por testemunha. Mas a água é fugidia, assim como as chances que Arminto deixa passar. E se Arminto não se deu conta, Hatoum não deixa passar nada: ele une a fluidez natural, mansa, da sua prosa, seu estilo com uma capacidade de dialogar inexpugnável, partindo de um microcosmo, com os sentimentos mais universais, eis a Literatura que se perfaz e nos concebe momentos especiais, só nossos, de mais ninguém.
Arsenio Meira 06/03/2014minha estante
Nanci: preciso tomar coragem, afastar tudo e ler Proust. E o Hatoum é tudo isso que você tão bem descreveu. Que outros leitores possam desfrutar desse sabor de prosa inesquecível. Há sempre perda e memória em seus romances. Perde-se e busca-se através das lembrança uma possível constituição que nada mais do que tentar viver em meio ás ruínas.
beijos


Pedrinho 17/03/2014minha estante
Uma resenha convidativa à leitura desta obra, sem dúvida.


rskhalil 31/03/2021minha estante
Excelente, Arsenio. Suas resenhas são excepcionais, parabéns




Mariana Young 02/02/2009

Rico
O livro traz uma riquesa muito interessante sobre a Amazonia, e pouco tradicional.

Fala-se dos costumes, do abandono, dos olhares sem saída.

O final não gostei tanto, mas o resto do livro é realmente belo e rico. Vale a pena ler!

Eu nunca tinha lido nada do Milton Hatoum e amei.

Jafé 23/12/2012minha estante
Indico a leitura de "Dois Irmãos" e "Cinzas do Norte" que, para mim, são os melhores do autor




lettersbyme0 17/08/2022

bom
Confesso pra vocês que pretendo reler esse livro porque só li ele para apresentar um seminário, e meus sentimentos com os livros são completamente diferentes quando leio por livre e espontânea vontade. Mas é um ótimo livro, a história é bastante desenvolvida só não me cativou muito sabe.
Ray 17/10/2022minha estante
Como fez?




Deb 29/05/2022

Não se tornou um queridinho do Milton mas vale a leitura
A pesquisa para a escrita foi de muita qualidade. Amo o pano de fundo histórico/econômico da Amazônia que embalam o romance.
Madox 29/05/2022minha estante
Eu gostei por ser muito bem ambientado. Me deu bastante saudades de Manaus




Claudia Sanzone 11/06/2009

Resumo da obra (os quatro primeiros livros) do escritor está em:
http://clausanzoner.blogspot.com/2009/05/milton-hatoum-em-desordem-cronologica.html
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Ladyce 03/01/2010

Perseguindo o sonho
Órfãos do Eldorado, uma novela de 100 páginas pode quase ser chamada de um discurso sobre a decadência. Decadência dos sonhos, das fortunas, da economia. A decadência como objeto de observação e fascinação dos turistas, a decadência da política local, das mores sociais. Até mesmo a decadência do sonho, da esperança, que não encontram um eco na realidade amazônica retratada aqui.

Não que Milton Hatoum tenha deixado de lado a ficção. Não é esta a minha observação. Mas sua ficção está ainda mais fluida neste livro do que em anteriores. Esta é uma ficção, tecida através de memórias anteriores às do personagem principal, e fatos históricos mencionados que cobrem mais de um século. A fluidez da narrativa dá um leve toque de sonho, de irrealidade porque vamos e voltamos a um passado sem forma, a uma passado interpretado pela criança que foi Arminto Cordovil: a visão que ele tem de seu pai e de sua infância e adolescência.

Esta maneira amorfa e característica da fluidez de pensamentos — que já encontrei anteriormente neste autor nos dois outros livros que li: Dois Irmãos e Cinzas do Norte –, deixa a narrativa aberta. Ela se rebela às datas históricas, às informações precisas.
Não que Milton Hatoum trabalhe com o realismo mágico. Mas as idas e vindas de seus personagens com lembranças e projeções no futuro mantêm uma nebulosidade proposital mostrando traços familiares com fantasias noturnas e sonhos reveladores.

A história pode ser descrita em poucas palavras: Arminto se apaixona por Dinaura uma moça local, que não fala, evasiva, com quem ele tem uma noite de amor inesquecível, e a quem ele jamais volta a ver. Recebi este livro, emprestado por uma amiga, excelente leitora, com a observação de que esta era uma bela história de amor.

Mas discordo redondamente. A história da perseguição de Arminto por Dinaura, sua obsessão do início ao fim da novela, para mim, é a personificação da constante procura pelo Eldorado, que ilude a todos que se estabeleceram e que se estabelecem, ainda hoje, na Amazônia. A procura de Dinaura é a grande aventura, repleta de elementos fantásticos, do mundo, do amor, de tudo que jamais será tal como a terra prometida. Ela, assim como o Brasil, como a Amazônia, é uma moça local, e é natural então que se encontre rodeada pelos caminhos encontrados na ilha encantada das histórias das cunhatãs.

Este é um discurso alegórico sobre a esperança cega de algo melhor, e a decadência que se estabelece quando se procura obsessivamente uma realidade, um sonho, inexistente.

04/08/2008
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Carlozandre 21/01/2010

O Eldorado de Hatoum
Muito antes do cinema, a literatura já se construía com cenas, e a primeira delas na novela Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum é arrebatadora: uma índia pára na frente do rio, arenga lamentações em língua indígena, falando que se apaixonou por um belo homem que mora no fundo das águas e pretende se juntar a ele. Como hipnotizados, os que a observam só se dão conta do que se passa após a índia haver nadado um bom pedaço de rio, longe demais para ser salva.

Essa é a cena chave de Órfãos do Eldorado, já que seu protagonista, Arminto, herdeiro de uma empresa de navegação vivendo às vésperas da I Guerra Mundial em Manaus, vai repetir ao longo da narrativa, e em vários níveis, o gesto da índia, uma entrega cega e apaixonada a algo que poderia representar encantamento se não fosse ruína. O livro é parte de uma coleção na qual escritores de diferentes nacionalidades relêem em narrativas modernas mitos clássicos da literatura: a canadense Margaret Atwood reescreveu a Odisséia pelo ponto de vista de Penélope, David Grosman deu sua visão para a história bíblica de Sansão, por exemplo. Ah, sim, e o escritor russo Victor Pelevin releu o mito de Teseu, o labirinto e o Minotauro em um romance que já comentamos aqui.

Hatoum usa o “Eldorado” do título para fazer referência ao mito amazônico da Cidade Encantada, um lugar utópico no fundo do rio para onde determinadas pessoas tentam ir, encantadas pela força mágica das águas. No livro, essa cidade é representada pela jovem órfã Dinaura, que magnetiza as atenções de Arminto com olhos oblíquos. A mulher e o rio são signos equivalentes em Órfãos de Eldorado, e não é à toa que Arminto, fascinado pela primeira, descuide do segundo, representado pelo negócio que herdou do pai.

Após a primeira cena, o livro desacelera um pouco ao abordar a relação de Arminto com seu pai ainda vivo. O mal-estar instalado entre eles, embora bem conduzido, remete a situações semelhantes do anterior Cinzas do Norte. Algo que, entretanto, não dura muito. A novela é curta, concisa, e logo Dinaura aparece na trama (simbolicamente no velório do pai do protagonista, morto sem que ambos tivessem oportunidade de se reconciliar) para encantar o leitor como encantou o personagem.
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Fledson.# 17/11/2010

Vestibular
Um dos três livros que foram mencionados como leitura obrigatória para o vestibular da UNIR, então, eu li (;
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É um livro regional, que expressa um pouco da cultura amazônica envolvendo um conto bem interessante.
É meio complicado de entender a linguagem regional, mas não é nda do outro mundo também. -rs
É legalzinho. Mas não é o tipo de livro ao qual estou acostumado a ler.
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JAQUELINE.ARGOLO 31/01/2024

Mistérios
Narrativa, lenda... Entre momentos de sucesso e fracasso existe uma história de amor e mistérios, com um Brasil ainda pouco conhecido de plano de fundo.
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Kenia 10/07/2018

Milton deve ser reconhecido como um grande autor da literatura brasileira dessa época. Neste livro ele retrata a cultura regional, uma outra época e seus personagens são complexos. Arminto é o tipo de personagem e personalidade que me irrita e me lembrou outras irritabilidades de antigos clássicos.
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Haunyed 22/08/2018

Baita leitura
Hatoum nesta pequena novela é bem aquilo que queremos de um drama em manaus. As lendas, mitologia, os sabores do nosso norte, um outro brasil, mas ainda sim tão brasil quanto poderia ser. A velha história do confronto pai-filho. O nosso narrador foge tanto da figura do pai que em alguns momentos segue sendo a sombra do mesmo. Uma obsessão por um amor não resolvido, e poder da auto destruição. Tudo isso marinado e bem temperado no regionalismo amazônico, rico e saudoso.
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Heloisa 29/07/2019

Eldourado
Ao ler essa obra de Milton Hatoum não imaginei chegar ao final tão sem fôlego. Nos primeiros instantes não conseguia racionalizar qualquer expressão sobre a história. A mente mergulhou nas águas dos rios da Amazônia e busquei algum caminho para o Eldorado.
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Um pouco mais de cem páginas e tantos temas para refletir, no entanto o mais ensurdecedor foi sem dúvida o desejo do eldorado por um órfão.
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A história de amor de Arminto por Dinaura, e a busca por essa mulher de mistérios se mistura pelas várias camadas da história, onde vai sendo revelado os elementos míticos de uma cidade.
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Além da busca apaixonada de Arminto por Dinaura, o livro apresenta suas relações familiares conturbadas e elementos históricos como as duas guerras mundiais, a exploração da borracha e a grande seca de 1915.
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Que livro incrível!
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Livro de apoio: A família na economia da borracha. De Cristina Donza Cancela. 1.edição. Editora Estudos Amazônicos.
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Clara 11/08/2020

(...) quando alguém morre ou desaparece, a palavra escrita é o único alento.
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Ivy 31/01/2021

Órfãos do Eldorado
Há algum tempo que eu tenho a vontade de ler Milton Hatoum, principalmente Os dois irmãos (que virou minissérie da Globo líder de audiência tanto da crítica quanto dos telespectadores). Lembro de ter lido o famoso Relatos de um certo Oriente na epoca da faculdade mas, não lembro muito bem... Eu curti Órfãos do Eldorado, porém, no início achei muito corrido, gostaria de ter visto um maior desenvolvimento dos personagens (principalmente do pai Amando), do meio pro final a coisa engrena e tem um desfecho bem interessante, adorei a experiência de ter lido um autor manauara e desejo agora ler Os dois irmãos
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