Cordilheira

Cordilheira Daniel Galera




Resenhas - Cordilheira


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Arsenio Meira 08/11/2013

A sensação da Cordilheira

Esse excelente "Cordilheira" rendeu ao autor Daniel Galera o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional de 2008 e o terceiro lugar na categoria romance do Jabuti de 2009. No livro, Galera usa a temporada de um mês em Buenos Aires para desenvolver a história de uma jovem escritora, que, assim como ele, precisa viajar à capital argentina por compromissos profissionais.

Interseções que emprestam a vivência do escritor à personagem, em especial na construção do seu cotidiano de badalada autora contemporânea em meio a convites, negociações e participações em eventos. Esses relatos sobre os bastidores do mercado editorial revelam-se ainda mais curiosos pelo desinteresse da protagonista Anita van der Goltz Vianna em prosseguir com sua carreira literária, o que nos permite enxergar o circuito de feiras literárias pelo viés crítico de uma narradora que já não agüenta tanta mise-en-scène. Convidada para participar da Feira do Livro de Buenos Aires, ela aceita mais por ver na viagem a possibilidade de uma fuga, um recomeço.

Anita parte para a Argentina na intenção de se desvencilhar das dores de uma tragédia ocorrida em seu círculo íntimo e concretizar aquilo que a fez terminar o seu relacionamento, interrompido pelo desejo da narradora em engravidar. E não demora, ela encontra um pretendente. A história então envereda para uma trama romântica. Mas sem flores. Os contornos são sombrios.

Seu novo companheiro, José Holden, introduz Anita a um círculo de amizades formado por escritores obscuros que se revelam seguidores do guatemalteco Jupiter Irrisari, responsável por lançar, no início do século 20, a ideia de assumir a identidade dos seus personagens na vida.

Enquanto a história se desenvolve e a personagem desvenda o mistério em torno dos seus companheiros, Galera tece um emaranhado de referências literárias, mistura gêneros textuais, combina discursos de ficção com o da crítica e insere trechos de outras obras no romance. Esse recurso, além de enriquecer a história com elementos narrativos e aumentar as camadas ficcionais, também funciona como elemento catalizador dos questionamentos sobre o papel da literatura e sedimenta a fronteira entre o real e a ficção, possibilitando aos leitores vislumbrar caminhos paralelos em relação à idealização dos personagens em comparação com suas vidas.

Ainda que sirvam para revelar alguns dos interesses deste jovem autor que é considerado, com justiça, um dos expoentes da literatura contemporânea, essas reflexões metalinguísticas ganham mais relevância, pois parecem ficar a meio caminho na intenção de imersão dos leitores. Tal como Anita, Galera mantém distância dos seus personagens e pensamentos, apenas apresentando-os e relatando episódios, com o claro intuito de convidar ou obrigar o leitor a uma análise sobre a linguagem literária. A narrativa fica nos fatos, fragmentos de impressões e pensamentos soltos, é certo; mas é capaz de nos fazer sentir a insegurança e as dores da protagonista e a necessidade dos outros personagens em reafirmar suas obras em vida.

Mesmo com a própria protagonista, a relação do autor não guarda uma fronteira. Por se tratar de uma narradora mulher, o escritor consegue se fundir à personalidade de Anita, ele a constrói a partir de uma visão multifacetada. O recurso fica evidente até mesmo na observação da personagem sobre uma camisa azul e amarela, que ela associa a um time de futebol, mas não consegue identificá-la como o uniforme do Boca Juniors. Mulheres, hoje, estão antenadas em todo e qualquer assunto, mormente escritoras.

A metalinguagem, aqui, foi muitíssimo bem manuseada, através de uma prosa escorreita, límpida, lúcida. E a trama prende o leitor, sem necessidade de explosões, cambalhotas ou piruetas. Apenas a tentativa de alguém empreender a mais difícil viagem: a de olhar-se para dentro, reconhecer a si mesmo e, a partir disso, apreender o sentido vital do verbo conviver.
Mariana. 09/11/2013minha estante
Linda resenha, Arsenio! Também achei que ele soube fazer muito bem metaliteratura e, de quebra, desconstruir aquela ideia irresistível do leitor de enxergar vida real na ficção e vice-versa. Sem falar na ousadia de enveredar pelo universo feminino com a Anita, depois de obras com temas e personagens tão "o mundo do macho", rsrs. Beijos!


Arsenio Meira 09/11/2013minha estante
Oi Mariana! Muito Obrigado. E (pra variar) seu comentário somou e preencheu uma lacuna na minha resenha: conforme você anotou, após barbas, mãos de cavalo e etc e tals, o Galera soube dar voz e vida a sua personagem principal, no caso a Anita, justificando com o seu talento, a opção para enveredar nesse universo tão rico e indevassável.
Um beijão pra você!




William LGZ 27/04/2022

Uma excelente obra, entretanto, mal finalizada.
Esse foi um livro que me prendeu em demasiado durante sua leitura, porém senti que decaiu bastante na reta final. De qualquer modo, achei que valeu a pena por seus interessantes conceitos!

Da introdução até o clímax fiquei fascinado pelo estilo de escrita em primeira pessoa do autor e bastante instigado pela trama que estava sendo construída, cuja ideia central foi simplesmente genial, mas acabou que seu desfecho saiu brusco e bem distoante do resto. O final mesmo achei simplesmente inacreditável.

Contudo, por eu ter realmente adorado o que se seguiu anteriormente senti que permaneceria a classificação de "muito bom" independente da conclusão medíocre. E indico a experiência à todos pois gostaria de conhecer mais opiniões à seu respeito!
Núbia Cortinhas 27/04/2022minha estante
Ótima resenha! ??????


William LGZ 28/04/2022minha estante
Valeu ?, tô tentando sempre melhorar!




Debora 12/10/2021

Um romance cheio de tristezas
As personagens deste livro são jovens, solitárias, tristes. Tem desejos estranhos que não conseguem compartilhar. As descrições, lindas e repetitivas, são sombrias.
Parece a sinopse de um livro que eu poderia gostar. Mas não...
Não pq, primeiro, achei chato de ler. Segundo, porque não me levou a lugar nenhum. Terceiro, pq não me despertou sentimentos (bom, até que sim: certa raiva e incompreensão pela protagonista). E é isso. Vida que segue...
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Flavinha 23/08/2020

Um livro que me surpreendeu na forma como é escrito, em como é narrado, e como a personagem é forte. Daniel Galera sempre permiti que a leitura vá bem mais longe do que está sendo contado e nos traz reflexões sobre nossa própria vida. Vale muito a leitura.
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Bruno 16/07/2010

cronista de uma geração
Galera sabe explorar como poucos a perplexidade de uma geração que ainda não sabe direito o que fazer com uma liberdade tão gratuita quanto insuportável. Consegue também falar sobre arte de tal forma que, ao mesmo tempo em que a desmistifica, amplia seus horizontes:
"Dar sentido ao mundo é um ato criativo. Uma visão de mundo é uma narrativa", a narradora de "Cordilheira" afirma lá pelas tantas.

Tinha escrito outra coisa a partir daqui (uma pequena crítica ao final do livro e uma ressalva, considerando a fluidez da leitura, que é bastante agradável), mas uma releitura parcial desse livro me fez mudar de ideia, já que há mais coisas nesse livro do que uma primeira leitura havia me permitido observar.

Este é daqueles livros que crescem com o tempo - ou que crescem à medida que o leitor cresce (há livros que parecem perder tamanho à medida que o leitor cresce). O meu porém com relação ao final do livro se dissipou quando percebi o paralelismo que há entre a parte final do romance de Anita e a parte final da experiência vivida por essa personagem na Patagônia.

Mais do que ser cronista de uma geração (como havia me referido ao autor no título original desta resenha), Galera faz metaliteratura com propriedade (e algum sarcasmo).

Uma dica pra quem já leu o livro: leia a "Nota para os amantes de literatura", ao final de "Amanhã, na batalha, pensa em mim" do Javier Marías (se possível, leia o livro todo!). E leia com atenção a epígrafe de "Cordilheira".

Enfim, já dei nota 4 para esse livro, mas hoje esse mesmo livro me dá a oportunidade de lhe dar nota 5.
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Davi 07/09/2015

Bem ruim
A excelente prosa de Daniel Galera não se sustenta com um enredo convoluto. Bizarro, presunçoso e, até certo ponto, folhetinesco, o livro tem um dos finais mais anticlimácticos que já li, tão ruim que anula qualquer demonstração do talento do autor.
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João Luiz Ramos 03/06/2023

Um das minhas leituras favoritas de 2023
Esse livro é incrível. Sou muito suspeito pra falar de qualquer livro do Galera por aqui kkkkkkk.

Os dilemas da protagonista são bem sensíveis e a maneira que o Daniel Galera vai conduzindo a história até chegar ao final, em que a gente se pergunta se foi feliz ou não, é sublime. Fiz a leitura do livro durante o Carnaval e quase 4 meses depois ainda estou com o livro na cabeça. Incrível, 5 estrelas e favoritado.
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Mia 31/05/2021

Eu não gostei, em alguns pontos achei batante machista e às vezes simplório. A narrativa não me prendeu, achei a história fraca.
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Aguinaldo 10/02/2011

cordilheira
Neste "Cordilheira" Daniel Galera, jovem autor, emula uma voz feminina, certamente um exercício, um teste, para suas habilidades literárias. O texto é bem escrito, mas eu não fiquei totalmente convencido pelo romance (como uma história que se defenda sozinha e me leve a pensar na vida, ou que simplesmente me dê prazer). Paciência. Uma garota, escritora jovem, com amigos e amigas, tem um relacionamento afetivo com um sujeito ligeiramente mais velho. Na verdade ela quer ter um filho, mas este filho não é desejado pelo outro sujeito. Ela também está bloqueada, não consegue mais escrever após o sucesso de um primeiro romance. É dada a ela uma oportunidade de resolver os dois problemas ao ser convidada a lançar seu último livro na Argentina. A partir deste início bem explicadinho, linear, cheio de informações, o romance muda para Buenos Aires e seus mistérios (borginanos, claro) e surrealismos (cortazianos, claro). Ela se envolve com um sujeito e seu grupo de amigos. Trata-se de pessoas que levam a literatura de um jeito muito particular, não exatamente a sério: inventam um personagem, emulam sua vida até o fim baseados nesta personagem e produzem um livro onde o perfil, as memórias, a vida enfim desta personagem/identidade é contada. É de uma maluquice atroz, fazer o quê, mas metaforicamente claro que é reconhecível neste nosso mundo real, afinal de contas muita gente vive fantasias o tempo todo e abandona gradativamente as agruras do mundo real. A garota fica dividida entre seu desejo (mas que isto, decisão) de ter um filho e a constatação que o parceiro portenho que ela escolheu é totalmente tantã. O romance segue até um final que é mais ou menos previsível. Daniel Galera certamente conhece seu ofício e mantêm o livro nos eixos até o fim, navegando entre a ficção e a realidade, ora usando artifícios, ora descrevendo banalmente a imensidão dos Andes. Não é meu tipo preferido de livro (já que é mágico e irreal demais), mas a seu favor cabe dizer que ao lê-lo tentei lembrar de passagens do mesmo calibre (mas melhor resolvidas) de dois pesos-pesados que li recentente: Ian McEwan e Philip Roth. No fundo Daniel não faz feio. Cabe o registro final de que o romance é fruto de encomenda, pois faz parte de uma coleção chamda Amores Expressos (histórias de amor ambientadas em diversas cidades do mundo, diz a quarta-capa). No fundo todo romance é de encomenda, aprendi com o Carlos Heitor Cony, mas esta é outra história. [início 21/01/2009 - fim 22/01/2009]
"Cordilheira", Daniel Galera, editora Companhia das Letras (1a. edição) 2008, brochura 14x21, 174 págs. ISBN: 978-85-359-1326-2
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Patricia 18/10/2018

Decepcionante
Cordilheira tem um mote pouco original e o resultado não convence. Personagens inverossímeis, estrutura narrativa confusa e um final horrível.
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Chico Barney 06/01/2009

Bem legal. Gostei principalmente quando é revelado qual é a da turminha argentina, uma vibe meio Daniel Clowes.
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Felipe1503 05/02/2022

Cordilheira
Primeiro livro que leio de um grupo de leitura que entrei. No início gostei muito e fiquei envolvido na história. Depois fica chato.
Depois volta a ficar interessante novamente.
Depois fica duas vezes mais chato.
Por fim, você lê mais por curiosidade do que por prazer.
Daniel Galera as vezes enche o saco descrevendo cenas demais, mas a leitura dele é simples e contemporânea, portanto flui legal.
Tem umas partes machistas que me incomodaram, algumas pareciam enredo de filme porno.
Por fim... de zero a dez: cinco.
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Olivia 28/06/2010

Daniel Galera é um dos escritores que mais tem me chamado atenção nesses últimos tempos. A escrita do cara é ágil, vai direto ao ponto, realmente impressiona. Tendo lido o "Até o dia em que o cão morreu", fiquei realmente na expectativa por "Cordilheira", mas me decepcionei um pouco, não pela forma que foi escrito, mas pelo enredo mesmo. Não gostei, os personagens não me cativaram, principalmente a personagem principal, achei-a uma doida varrida querendo arrumar problema onde não tem. Eu só tinha isso na cabeça enquanto lia o livro: "volta logo pro Brasil e vai arrumar tua vida, sua louca". Li o livro o mais rápido possível, não por estar empolgada com a trama e sim porque queria me livrar logo dele, infelizmente. Não tiro os méritos do Galera, sou fã do cara e o motivo pelo qual não larguei o livro pela metade foi justamente por conta da maneira fuderosa que ele bota as coisas no papel, mas espero uma história mais envolvente da próxima vez.
David Atenas 10/02/2017minha estante
Escritor que vai "direto ao ponto" é o Bukowski. O Galera enrola, e enrola bastante, é só ver o superestimadíssimo "Barba Ensopada de Sangue".




Maga 03/07/2015

Depois do ótimo Mãos de Cavalo, comprei este Cordilheira com grandes expectativas. Mas pelo visto Daniel Galera resolveu só entregar este livro em troca pelo turismo que fez pela Argentina.

A história? Uma escritora que escreveu um livro (aclamado pela crítica) e que não quer mais escrever. O que ela quer, então? Ter um filho. Quantos anos ela tem? Vinte e poucos. Nossa, por que esse desespero? Porque o livro não tem para onde ir. Ou melhor, tem sim. Na falta de coisa melhor pra fazer, a escritora que quer ter um filho, em vez de fazer sexo ou uma inseminação artificial, vai parar... numa feira literária em Buenos Aires!

Espere aí, mas se ela não queria mas ser escritora, o que ela foi fazer lá? Oh, é claro, esqueci de mencionar que as pessoas ao redor dela, que também parecem não ter nada melhor pra fazer, gostam de se suicidar...

Enfim, ou há uma grande ironia aí que eu não fui capaz de captar e, neste caso, Daniel Galera está de parabéns, ou então, o que é mais provável, esse livro é muito fraco mesmo.
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