Junior Rodrigues 30/06/2023"Não sei o dia, os dias se tornaram irrelevantes."Com uma escrita bem cadenciada mesclando épocas diferentes, Susan Winman traz uma história intimista sobre pessoas comuns tentando levar sua vida da maneira que dá, mas com o passado vindo sorrateiro para trazer lembranças a todo momento, principalmente ao protagonista.
Como é um livro pequeno em páginas, mas que possui uma jornada diferente em termo de história, O Homem de Lata pode ser denso para quem não está acostumado com esse estilo de trama e colabora para isso, a tradução realizada que contém (pelo menos na versão que possuo) muitos pequenos erros que juntos incomodam conforme o passar das páginas.
Como gosto de histórias intimistas, essa conseguiu me pegar pela mão e me conduzir na vida de Ellis, assim pude conhecer seu passado e seu presente, seus arrependimentos, suas manias, seus anseios, seus amores e principalmente de como a nossa jornada é repleta de desvios, sendo que alguns deles não estão sobre nosso controle, mas interfere diretamente no que pretendemos ser e aqui acompanhamos tudo isso com Ellis.
Esse livro me trouxe à mente um filme baseado em história real, O Jogo da Imitação em que há uma trama semelhante na questão Ellis, Annie e Michael e o estilo minimalista de Raymond Carver e seus contos enxutos, mas sempre com algo a dizer nas entrelinhas e é exatamente isso que essa história possui: detalhes preciosos nas entrelinhas, porém cada leitor terá uma percepção diferente sobre isso, sendo exatamente essa a sagacidade de uma história.
Como não tenho muito conhecimento sobre o tema irei falar sobre o que achei do lado humano da obra. Assim como cada pessoa tem uma base estrutural desde seu nascimento e isso enraiza fazendo com que tenhamos personalidades e atitudes diferentes em uma mesma situação, aqui mostra personagens humanos que dentro de suas perspectivas, acertam e erram e acho que essa é a grande mensagem que o livro traz nas jornadas de Ellis e Michael principalmente, mas também na de personagens secundários que surgem.
Para finalizar, gostei de acompanhar essa intimista, minimalista, triste e singela história de amor e citando Shakespeare:"O que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida".
Recomendo!