Queria Estar Lendo 08/02/2021
Resenha: Archenemies
O segundo volume da trilogia iniciada em Renegados, da autora Marissa Meyer, é tudo o que seu antecessor já foi e muito mais. Archenemies é cheio de reviravoltas e revelações e uma das melhores sequências que já li.
Essa resenha pode conter alguns spoilers do volume anterior.
Nova tem equilibrado muito bem sua vida dupla como Insônia, uma prodígio em treinamento entre os Renegados, e Pesadelo, a Anarquista infiltrada para conseguir informações e potencialmente causar a ruína dos inimigos da sua gangue anti-heróis.
Adrian também tem lutado para manter as coisas balanceadas. Ele é filho dos maiores heróis dessa geração e também um prodígio de destaque, mas também é o Sentinela, um vigilante caçado por não seguir o código que seus pais tanto prezam.
Em meio às duplicidades e segredos de suas vidas, Adrian e Nova se aproximaram muito - mas os segredos pesam em suas escolhas e relacionamentos, afetando a proximidade e os sentimentos que tem nascido entre eles. Não apenas isso, mas os Renegados parecem ter descoberto uma arma capaz de neutralizar poderes - e colocá-las nas ruas pode significar o fim dos vilões e dos Anarquistas, o que força Nova a correr contra o tempo para encontrar uma maneira de pará-los.
Archenemies foi... Uau. É de praxe que eu sou cadelinha de tudo que a Marissa Meyer escreve; Renegados foi uma das minhas melhores leituras e ameaçava roubar o posto da série Crônicas Lunares de história favorita - com Archenemies, eu tenho quase certeza que isso já aconteceu.
A Marissa tem um domínio de ação, diálogo e desenvolvimento que torna seus livros impossíveis de largar. E o carisma que ela dá a cada personagem, herói ou vilão, afasta essa história em particular da coisa de "lado certo e lado errado".
Quando estamos no ponto de vista do Adrian, torcemos pelos heróis. Quando estamos no ponto de vista da Nova, entendemos que os Anarquistas não são tão ruins assim, pelo menos não em sua maioria. De volta ao Adrian, a ambiguidade das decisões dos heróis perturba, enquanto voltamos para Nova a fim de entender que o mundo é bastante cinza, e mesmo aqueles que ela jurou destruir podem fazer o bem por ela.
O livro intensifica bastante as relações entre personagens - não apenas a parte romântica com a Nova e o Adrian, mas também entre eles e os coadjuvantes e os coadjuvantes entre si. O leque rico de heróis e vilões e nem um nem outro torna esse livro tão divertido e carismático que é impossível largar até chegar ao fim.
"Eles estavam tão focados em seu código que não conseguiam apreciar o bem que podia ser realizado quando alguém fugia das regras."
Some isso a cenas de ação de tirar o fôlego e reviravoltas de te fazer gritar sonoros O QUÊ? e você tem uma sequência brilhante.
O arco da Nova foi bem pontuado por indecisão. Ela conviveu tempo suficiente com os prodígios e com os Renegados para encontrar humanidade neles; não é mais aquela garota amargurada e vingativa, mas alguém que entende que as pessoas são moldadas por suas decisões. E que algumas delas podem causar o mal, enquanto outras podem trazer o bem.
Suas hesitações quanto a estar fazendo o certo, acreditando cegamente no plano dos Anarquistas, desenvolvem a personagem ainda mais. Tanto Nova quanto suas identidades secretas, Insônia e Pesadelo, recebem muitas lapidadas do texto, e a garota que encontramos no fim está totalmente marcada por essas decisões. É um caminho sem volta agora, e eu morro de medo por isso.
Quanto ao Adrian, ele também vive seus problemas relacionados ao Sentinela; não apenas por ser odiado e temido quando usa a armadura que criou como também por ser assombrado pelas consequências de suas ações. Ele trabalha sozinho quando usa essa máscara, e isso significa que tudo que faz cai sobre ele e ele apenas. E algumas consequências são perturbadoras e pesadas demais para um adolescente.
"Acho que percebi que você merece ter bons sonhos de vez em quando. Mesmo que você nunca durma."
Eu sou completamente apaixonada por esses dois e por como eles são tão bem apresentados em suas camadas de cinza. Nova e Adrian são ótimos protagonistas por terem caminhos cheios de caos e ordem, lidando com a guerra e o crime e rivalidade, mas também por serem dois adolescentes se entendendo no mundo. Aqui, o casal ganha mais destaque e mais dor; você SOFRE muito porque enquanto Nova e Adrian podem dar certo, Pesadelo e Sentinela são inimigos mortais.
O leque de personagens secundários ganhou mais camadas de profundidade, em especial o time rival da Nova e do Adrian - também parte dos prodígios em treinamento - liderados pela Frostbite (não sei como ficou esse termo traduzido). Ela representa o que o poder subindo a cabeça pode fazer com uma pessoa; ela é o lado ruim de se ter um herói invencível que pode tanto salvar o mundo quanto destrui-lo num piscar de olhos.
Os Anarquistas, principalmente Ace Anarchy (também não sei como escolheram traduzir), tem mais espaço nos pontos de vista da Nova. Os Renegados, com o Adrian, ganham mais humanidade - seus pais, Hugh e Simon, e seus melhores amigos e colegas de luta, Ruby e Oscar e Danna, em especial. Eu amo tanto a dinâmica pais/filho dos super-heróis com o Adrian e o quanto o Hugh e o Simon estão dispostos a sacrificar por ele, ainda que exista aquele limite que seus poderes e responsabilidades não os permitam cruzar.
"E quando tivermos poder total, o que nos impede de nos tornarmos vilões?"
Eu queria passar o dia todo falando sobre como Archenemies pegou minhas expectativas, superou todas elas e ainda lançou o hype para as alturas com o último volume, Supernova - cujo título, aliás, ganha significado nesse segundo livro e só me deixou ainda mais HISTÉRICA com o que está por vir.
Archenemies tem tudo que uma sequência precisa para te manter presa à série e mais. Ela eleva todas as suas expectativas e torna a experiência de leitura uma montanha-russa com o melhor que tem a oferecer; o final é de cair o queixo e te deixar gritando numa frequência inaudível, então se prepare quando for confrontar.
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