spoiler visualizarAlecio Miari 07/09/2023
Pergunta Respondida
Este capítulo final desta saga brasileira não me pareceu escrito pelo mesmo autor e isso eu quero dizer como algo muito negagtivo. São tantos os pontos que não me agradaram que eu estou tentando pensar em uma forma de estruturar meus pensamentos.
Diálogos: Não lembro de terem sido tão artificiais nos livros anteriores. Cada personagem falava o nome do outro em cada frase quando estavam conversando e as próprias interações entre eles me soavam falsas. Parecia que era muito forçado cada sentimento que era expressado em palavras. Conforme eu avançava na leitura, me parecia uma história cada vez mais longe daquilo que foi contado no início da saga.
Mudança drástica de vilão: No livro anterior “A Ilha dos Mortos” já veio um final beeeeeem mais ou menos com a ascenção de Uriel ao poder de Ilhabela mudando totalmente a dinâmica da história, já que a grande vilã construída ao longo de 2 livros era Jezebel com seu poder paranormal, e este Uriel aparece do nada e derrota/ mata todo o clã do Ivan, construído ao longo de 4 livros. Aí quando começo a ler A Era dos Mortos, já tenho em mente que Ivan e Estela vão renascer e se vingar de Uriel. Mas não! Vem o filho dele, Otávio, e já o mata logo de cara mudando novamente o foco do vilão principal. Jezebel = 2 livros de desenvolvimento, Uriel = 1 livro de desenvolvimento (sendo bonzinho da minha parte), Otávio = 50 páginas.
Timeline: A gente já sabe que o pulo de tempo será enorme porque, de novo, “A Ilha dos Mortos” já deixava bem claro que Uriel ascendeu ao poder e governou por 30 anos com mãos de ferro enquanto todos os antigos aliados de Ivan se escondiam. E me soa estranho acontecer esta reviravolta depois de 4 livros, ainda mais que eu achei que o problema “Jezebel” foi muito bem explorado e resolvido ao longo de tantas páginas anteriores. Eu particularmente não gosto muito deste tipo de ação porque faz com que haja a necessidade de se criar uma nova narrativa, introduzindo vários elementos novos que vão encorpar aquele livro e isso se reflete em minha próxima reclamação:
Não se prenda à nenhum personagem: Parece haver um ciclo infinito de “aparece um personagem, o mesmo começa a ser construído, se inicia aquele afeto leitor-personagem e aí do nada ele morre.” Não se apegue à nenhum! Outro ponto baixo é que um cara FODIDO que sobreviveu 30 anos naquele cenário apocalíptico de repente é pego de surpresa em algo simples e morre. A probabilidade de sobrevivência é inversamente proporcional à quantidade de páginas que ele participou desde os livros passados. Nenhum dos herois que foram apresentados antes conseguem caminhar até o próximo volume.
A história acaba no meio e do nada: Sim, isso estava muito claro porque eu já sabia de existência dos Livros “A Era dos Mortos: Parte I” e “A Era dos Mortos: Parte II”. Mas não é algo que foi tentado concluir aquela narrativa específica, foi tipo o cachorro parando de bater no coyote porque deu o horário de trabalho deles. Quase não termina a frase antes de ir para o próximo (tá, exagero meu).
Agora o ponto central, a cereja do bolo, o ápice de toda a frustração que o livro nos traz são as crianças.
Crianças Superpoderosas: Ivan e Estela renascem para se vingar do cruel Uriel, ops, agora para se vingar de Otávio e até há uma tentativa de construir os personagens com as descrições de alguns treinamentos que são colocados para eles. Mas no dia 1, as crianças de 10 anos já estão correndo 5Km, ficando o dia todo sem comer e acertam todos os tiros no alvo – usando armas normais que dão coice no disparo. “🤬 #$%!& , tem zumbis espalhados por todos os cantos e isso é o que te incomoda?” Tá, mas o conceito Zumbi foi criado no livro 1 e desenvolvido e aprimorado desde então. O conceito criança é o mesmo na minha cabeça, não me foi apresentado nada de antemão, só alguns comentários de outros personagens de que “nunca viram crianças como aquelas”. Há cenas que estas crianças deixam hordas inteiras de zumbis para trás, cenas que vencem na corrida soldados adultos treinados e, com outra cereja no topo de tudo, a menina mata mais de 30 soldados armados, acelera um caminhão na balsa que mergulha no mar e nada até Ilhabela.
Achei isso tudo muito difícil de engolir.
Estas crianças sendo as reencarnações de Ivan e Estela e podendo fazer tudo e mais um pouco do que adultos fazem é bem forçado. Ainda me gera uma dúvida de o por quê deles voltarem para a Terra, especificamente de novo no Brasil, enquanto todos seus antigos aliados mortos são espíritos já vivendo em uma situação muito melhor. Fica muito claro isso quando Canino conversa com Isabel na hora de sua morte dizendo que eles vão ficar juntos e estará tudo bem.
Relendo a resenha que fiz sobre a “Ilha dos Mortos” vejo que minhas opiniões continuam seguindo a mesma linha, já que escrevi naquele momento que o Epílogo tinha cagado em tudo e que eu me questionava se leria “A Era dos Mortos”, pois tinha medo se estragaria a saga... pergunta respondida!